55 | Verso.

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" Eu gravei cada olhar e delimitei cada traço teu, com a esperança de que um dia meu coração voltasse a te buscar".

" Eu gravei cada olhar e delimitei cada traço teu, com a esperança de que um dia meu coração voltasse a te buscar"

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Para tudo existe um verso. Eu disse, para tudo, existe um verso.

Absolutamente tudo.

O outro lado da moeda, o verso de uma folha de papel, a outra parte de uma história...

Tudo nessa vida tem duas versões.

Mas o que fazer quando você sente que a vida levou o melhor de você? Como se as suas duas versões, suas duas faces, seus dois lados, já foram expostos e não existe um outro por ser um meio perfeito, sem erros e traçado igualmente.

Não ter mais nada o que você possa fazer para reverter.

É assim que tenho me sentido dentro da minha própria mente, submersa na saudade enquanto tento não me afogar com o hoje. Me sinto apenas com o nariz de fora, os lábios entreabertos buscando por fôlego, os braços abertos e largados enquanto meu corpo boia sem destino pelo mar em tempestade.

A pressão em meu tronco e pernas, me puxando para o fundo, me obrigando a desistir, pausar tudo e dar um fim à toda essa heresia.

O Sol, nascendo no início da manhã. A chuva cessando e a maresia surgindo. Um clarão que me cega, um par de olhos castanhos meio esverdeados, com as pupilas dilatadas como as de um peixe, me olhando com atenção.

Uma voz que me arrepia e me traz para a realidade.

- Linda? - a voz de Pablo ecoa em meus ouvidos tampados pela água

Apoio às mãos na porcelana gélida e dou impulso para subir meu corpo. Solto minha respiração e passo a mão em meu rosto e em meu cabelo, tirando a água que me impede de enxergar.

Abro os olhos e me deparo com meu namorado sentado próximo à banheira, uma toalha branca em seu ombro descoberto. Só agora olhando com atenção em seu rosto, noto seu semblante preocupado.

Sem falar nada, pego a toalha em seu ombro e ele se levanta, ficando de costas para mim. Não estou conseguindo ficar nua em sua frente e ele percebeu. Sei que isso está doendo nele da mesma forma que está doendo em mim.

Me levanto da banheira e enrolo a toalha em meu corpo, olho para o espelho e vejo que ele está mexendo nas próprias mãos, provavelmente tentando não olhar para meu corpo.

Com a toalha devidamente presa em meu corpo, uso minhas mãos para tirar o excesso de água em meu cabelo e por fim, saio da banheira.

Seco meus pés em um tapete e tomando cuidado para não escorregar, me aproximo dele. Nossos olhares se encontram no enorme espelho e um sorriso fraco escapa de meus lábios.

Não importa a situação, meu peito e meu coração clama de amor por ele e isso se mostra em meu sorriso sempre que o olho.

Impossível não sorrir por amar o Pablo.

𝐄𝐋 𝐅𝐔𝐄𝐑𝐙𝐀  - 𝐏𝐚𝐛𝐥𝐨 𝐆𝐚𝐯𝐢Onde histórias criam vida. Descubra agora