14. Um momento

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(Escute a música no local indicado)

(Cinco minutos antes)

__ Boa noite a todos, estamos chegando ao fim da noite, e nós gostaríamos de agradecer a participação de todos os presentes. - Assisto ainda entediada, os anfitriões da noite agradecerem a nossa presença e de canto de olho ainda posso ver André, sentado não muito longe de nós.

_ A presença de todos aqui nos ajudará a mudar milhares de vidas refugiadas no Sudão, que necessitam não só de suprimentos e abrigo, mas principalmente de segurança. Vocês fazem a diferença, e em nome deles eu deixo aqui o nosso "muito obrigado". - A senhora Hokifords toma para si a palavra, e eu fico impressionada com o quão boa atriz ela é, de onde estou posso ater ver seus olhos marejados. A mesma mulher que a minutos atrás estava tratando um dos garçons como lixo, apenas por servi-la do lado errado da mesa.

_ Mas antes do fim, a banda tocará mais uma música. E se até agora você não encontrou coragem para convidar aquele alguém especial para dançar, essa é sua última chance, então aproveite.- O senhor Hokiford estende a mão para sua esposa e em seguida os dois descem para a pista de dança, onde outros casais estão se reunindo. E quem os vê, até acredita que são realmente um casal feliz e apaixonado. Mais uma mentira...

Vejo todos os casais se dirigirem para a pista de dança e até mesmo quem eu pensei que não teria coragem para dançar, conseguiu um par. Sorrio quando meu pai estende a mão para minha mãe, que aceita prontamente, mas antes que eles se afastem, ela se vira para mim, provavelmente se sentindo culpada por ter me trazido contra a minha vontade. De todos os filhos que eles tem, eles trouxeram a única que além de não ter ninguém, não está disposta a conhecer alguém novo, ao menos não agora e definitivamente não aqui.

_ Filha, você vai ficar bem? - Minha mãe me pergunta e eu sorrio para ela.

_ Pode ir despreocupada. Vocês mal dançaram por minha causa, para que eu não ficasse sozinha. Vão se divertir. - Falo com eles e vejo meu pai pegar o celular.

_ Estou ligando para o Alfred vir lhe fazer companhia. - Meu pai diz e eu o paro. Eu definitivamente não preciso de babá.

_ Não precisa, vão lá dançar. Eu vou ficar bem.

_ Tem certeza? - Minha mãe pergunta mais uma vez.

_ Vão logo.

Eles finalmente se afastam e quando penso que terei um pouco de paz, olho para o lado e vejo ele vir novamente em minha direção. Seu sorriso me diz que ele não me dará paz. Seus passos confiantes provocam arrepios em mim. Mas antes que o medo me tome, eu me ponho de pé, sorrio amplamente para ele, que agora está a menos de um metro de mim, e me olha surpreso.

_ Espero que tenha tido uma noite agradável. - Digo a ela. - Se me der licença, eu vou chamar um amigo para dançar. - Passo por ele e sigo a passos confiantes para longe.

Não olho para trás...

Tudo que vejo é ele. Seu olhar confuso e admirado, e é sorrindo em sua direção, que eu vou.

"Vai dar merda, vai dar merda. Vai dar merda, vai dar merda, vai! Vai dar merda, vaaaaa! Vai dar merda, vai dar merda." - Meu subconsciente canta enquanto eu ando o que me faz sorrir, e assim que eu estou em frente a André, eu também o vejo sorrir e balançar a cabeça em negação.

_ Você me concede essa dança? - Pergunto enquanto lhe estendendo a mão, e ele ainda parece desacreditado, mas continua sorrindo, o que é um grande incentivo.

_ Isso é sério? - Ele pergunta.

_ Você é o único homem aqui com quem eu me sinto confortável em dançar. Então sim, é muito sério. - Confesso.

_ Nesse caso. É claro que eu aceito dançar com você. - André se levanta segura minha mão e em seguida enlaça nosso braços, me guiando para a pista de dança, onde os outros casais se encontram e onde a banda toca algo valsante mas genérico. E talvez seja o destino tentado me pregar uma peça, ou talvez eu esteja imaginando coisas e criando esperança onde claramente não existe. Mas assim que pisamos no salão, o cantor volta para o palco e uma das minhas músicas favoritas de filme começa a tocar presenteando esse momento.

🍎🍎🍎

(Escute a música aqui. - "Tão perto - Filme Encantada")

André desenlaça nossos braços e em seguida segura uma de minhas mãos, enquanto deposita sua outra mão em minha cintura. Eu apoio minha mão em seu ombro, agradecida por ter escolhido saltos de 20 cm, já que meus um 1,63m de altura são facilmente oprimidos por seus 1,90m.

Com um sorriso ele me conduz pelo salão em uma valsa calma e ritmada e juntos nós valsamos seguindo o fluxo de casais que rodam pelo salão.

_ Eu simplesmente amo essa música. - Falo enquanto dançamos e ele me gira, o que me faz sorrir.

_ Eu não conheço. - André me puxa de volta para si e nós continuamos a dançar só que agora eu estou de costas para ele.

_ É a valsa dançada por um casal de um filme que gosto muito. Eles dançam um pouco antes do fim do filme, quando tudo o que eles mais querem é a companhia um do outro, mas as circunstâncias e as escolhas que eles fizeram não permitem que eles fiquem juntos.

_ Parece triste. - André me diz antes de me girar mais uma vez e dessa vez, quando ele me trás de volta para si, nós estamos muito perto. Perto o suficiente para o meu coração patético acelerar e bater freneticamente.

_ Na verdade, o filme é até bem divertido. Tudo o que eles vivem ao longo da historia só nos dá ainda mais certeza de que eles tem tudo para dar certo. Mesmo vivendo em mundos totalmente opostos. - Falo agradecida por minha voz não falhar nenhuma vez e nem pisar no pé dele.

O ápice da música começa e André me gira pelo salão, em seguida, me rodopia mais uma vez antes de me traser de volta para si.

Ele me tira do chão, e juntos rodopiamos, o que me faz gargalhar e assim que ele me põe no chão e estamos novamente muito, muito próximos, eu sinto aquela já conhecida falta de ar me tomar. Mas não de um jeito ruim. Na verdade o que eu sinto é algo novo, impolgante.... Único.

Nós continuamos a dançar em silêncio, apenas aproveitando a companhia um do outro e estar assim com ele, me faz desejar mais. Me faz querer ter alguém para valsar, alguém que seja meu, assim como eu sou dele. Alguém que lá no fundo eu queria que fosse o André, mesmo que ele não seja meu.

_ E o que acontece com o casal do filme. - André me pergunta enquanto dançamos e sua respiração parece tão irregular quanto a minha.

_ É uma comédia romântica, e como em todo o clichê, tudo se resolve no fim.

_ Mas o que tem de errado com os clichês? - Ele me pergunta.

_ Nada. E talvez seja a constância que faça com que eu goste tanto de filmes com o fim previsível.

_ Então eles ficam juntos no fim.

_ Sim.

_ Isso é bom. - André me gira uma ultima vez e em seguida me segura em seus braços, me inclinado como nos finais dos filmes. Seu rosto próximo ao meu, nossos olhos totalmente perdidos um no outro e então....

🍎🍎🍎

ANDRÉ

(Dez minutos depois)

*Ligação on*

_ André, está tudo bem. Aconteceu alguma coisa.

_ Érica, eu estou com problemas.



TentaçãoWhere stories live. Discover now