Alvorada da Magia

Olhos vermelhos

Finalmente, depois de eu encarar entediado um mago diretor velho preencher vários papeis que para mim nada significavam, a porta dupla se abriu de supetão. Virei para trás para olhar.

— Sr. Firewheel, já falei sobre bater entes de entrar, certo? Educação básica. — Senhor Falcon grunhiu.

A figura de um garoto alto, esbelto, de olhos avermelhados e lábios rosados deu de ombros como se não se importasse com a crítica. Seu cabelo louro caia em  cachinhos sobre sua testa, ele possuía essa aparência quase angelical, mas seus olhos perfurantes e rebeldes faria qualquer pessoa que o achasse assim mudar de ideia na mesma hora.

"Pontos de Moral" lembrei da sra. Mulberry falando. Então isso era exatamente ao que se parecia.

— É esse dai? — Ele me indicou sem se dar o trabalho de mesmo me olhar.

— Senhor Daniel Owle, este é Haven Firewheel, seu novo guia e tutor. — indicou o Senhor Falcon, com desinteresse, parecia que a entrada do garoto o fez perder toda a empatia.

Levantei imediatamente e o dei mais uma olhada, sua postura era relaxada e seu senho estava franzido, logo notei que em seu manto não havia nenhuma cor, completamente preto, até mesmo o brazão, que pelo que eu vi deveria se manter dourado, estava escurecido. O que isso significava?

Estendi a minha mão.

— Prazer.

Ele encarou minha mão com escárnio e a ignorou completamente.

— Vamos. — Disse de forma curta e rude. Olhei para o diretor que já estava de volta aos seus deveres, queria saber o que tanto ele assinava ali.

— Qualquer problema estarei aqui, Senhor Owle.

— Obrigada, Diretor Falcon — respondi apressadamente, pois o meu suposto guia já estava indo em direção a porta dupla sem esperar que seu convidado estivesse pronto.

— Você está andando muito rápido... — Comentei desnorteado. Ele só andava em linha reta, não se dava ao trabalho de comentar nem mesmo uma parede diferente.

— Estou te levando ao dormitório.

— Não vai me mostrar a escola? — Perguntei quase que correndo. Seus passos eram largos e apressados. Ele definitivamente não queria estar fazendo aquilo.

— Do que adiantaria? Você esqueceria o caminho da cantina no instante que virasse o corredor — Ríspido, ele respondeu e então, depois de andarmos por um corredor grande, notei várias portas duplas, cada uma delas possuíam bandeiras com as cores de Classes, eu já sabia que não iria para nenhuma delas por hora, então esperei encontrar uma porta dupla com uma bandeira preta talvez, mas passamos direto por aquele corredor dos dormitórios e não vi o suposto dormitório Elementalista.

— Onde está o dormitório? — Perguntei tentando me encontrar, vendo que já estávamos dobrando em um outro corredor enorme.

— Para de ser irritante.

— Só fiz uma pergunta... — E então ele parou. No fim do corredor havia uma porta menor, não grande como aquelas dos dormitórios anteriores, com bandeiras grandes e coisa assim, uma menor, sem nenhuma bandeira ou indicativo, na verdade parecia bem comum. Fiquei um pouco decepcionado.

— Vai ficar admirando ou vai entrar logo, Owle? — Ele bravejou e abriu a porta. O segui apressado.

Era comum, uma área aberta, com sofás e uma lareira acesa, havia apenas alguns poucos alunos relaxando ali, lendo histórias em quadrinhos ou jogando em video games portáteis. No lado direito eu pude ver uma escada, que levava a uma parte de cima onde eu pude ver portas, imaginei que fossem os aposentos.