Capítulo 15°_ " Dúvidas ".

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Pov Cheryl...

Não sabia em que momento eu havia deixado de sonhar e finalmente entrei na zona confusa e nebulosa que antecede a consciência. Meus olhos mantiveram-se fechados. Estava me permitindo sentir a realidade outra vez, talvez um pouco mudada pelo sonho que ainda lampejava dentro da minha cabeça.

- Eu te amo. - Ela disse, e então um milhão de borboletas começaram a voar dentro do meu estômago.

Fiquei muito quieta, saboreando a sensação de bater asas, querendo mais do que acreditar na veracidade daquelas palavras. A alegria começava a me preencher totalmente, mas então tudo ficou estranho de repente, porque em seus olhos eu pude ver um traço de confusão e dúvida. Engoli o sorriso enquanto a encarava, minha cabeça estava pesando agora algumas toneladas.

Ela me encarava de volta, parecendo querer manter-se estável e sustentar suas palavras, mas seus olhos simplesmente não eram convincentes.

- Você tem certeza?

Ouvi uma voz formular em algo e bom som a pergunta que me machucava, e me surpreendi ao constatar que aquela era a minha própria voz, emitida sem que eu sequer movesse os lábios. Mesmo assim, esperei por sua resposta. Por um momento. Por alguns segundos. Por muitos segundos. Ela não respondeu, e ao invés disso, continuou me encarando com olhos incertos.

Senti uma dor aguda ao constatar que agora, além da dúvida, havia um inconfundível traço de pena naquele verde perfeito. Nós duas ficamos em silêncio. Ela sem saber como dizer a verdade - que havia se enganado, que não era amor que ela sentia - e eu tentando lidar com a dor insuportável no peito por ter a rápida e quase inexistente esperança arrancada de mim em um piscar de olhos. A dor era muito forte. Insuportável.

Então, eu acordei...

Agora, de olhos fechados, me inspirava profundamente, sentindo a angústia dilacerante deixando minha alma aos poucos. Tinha sido apenas um pesadelo, e embora isso não quisesse necessariamente dizer que aquilo era apenas minha imaginação, eu podia me sentir um pouco mais viva. De repente, fui atingida em cheio pela dúvida sobre quando exatamente meu sonho e minha realidade se separavam.

Eu estava acordada, mas desde quando estava sonhando com Toni ? Há poucos minutos? Desde que havia deixado meu apartamento? Desde a noite em que havia voltado para a rua? Talvez ela tenha surgido apenas em meus sonhos, e então nosso reencontro não foi real. Talvez agora eu tenha que voltar para minha antiga vida, na qual dia após dia eu reunia forças simplesmente para continuar vivendo um pouco mais.

Com um pouco mais de medo do que eu queria admitir, abri lentamente os olhos, aos poucos me acostumando com a pouca claridade do lugar e com a disposição dos objetos e móveis à minha volta. Era o mesmo quarto presente no sonho que eu havia tido com Toni, onde ela havia me achado, eu havia resolvido confessar a ela meus sentimentos, nós dormimos juntas, ela me levou para morar em sua casa e, finalmente, havia se declarado também.

Então, talvez, tudo tenha mesmo acontecido.

Minha mão pesava livremente ao lado direito do meu corpo, o que me fazia pensar que talvez eu estivesse no limite da cama, a centímetros de cair dela. Olhei para baixo e constatei que estava certa. Virei-me devagar para o lado oposto e dei de cara com Toni, ainda inconsciente, tão próxima a mim que apenas minha metade da cama era ocupada por nós duas, sua cabeça em meu próprio travesseiro, o dela completamente esquecido no enorme espaço desocupado do colchão. Nossos narizes não se tocavam por uma distância mínima.

Ela dormia tranquilamente, seu exercício de expiração e inspiração era perfeito, profundo e hipnótico. Sua expressão era serena, um de seus braços relaxado em cima da minha barriga. Encarei-a por algum tempo, não querendo pensar no que já estava pensando.

My Sweet Prostitute { Toni G!P }Where stories live. Discover now