Charlie viu sua vida parar aos poucos após sua separação, viu sua única filha o deixar cada vez mais para trás mesmo sabendo que a menina nunca de fato quis aquilo, e para ele Bella era sua única motivação de vida.
Isso até uma pequena família de ru...
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Era diferente, para o xerife, de fato era engraçado como ele conhecia cada canto daquela cidade em que ele nasceu, cresceu, conheceu o amor e teve seu único fruto ─ sua filha Isabella ─ se separou e por poucos segundos se perdeu e então se estabeleceu novamente, ele tinha tudo que precisava ali.
Bom era isso que ele achava, até não achar mais, ele sempre teve seus amigos do lado, seus companheiros de profissão, os atendentes dos restaurantes e lanchonetes as quais frequentemente almoçava e jantava, e por poucos dias no mês sua filha, sua única família.
Para então não a ter mais, Isabella era como ele, e Charlie sabia disso, já que se via nela sempre. Muito tímida, sem jeito com as coisas e as pessoas, calada e muitas vezes perdida, sentia muitas vezes não ser bem-vinda nos lugares.
E isso por mais doloroso que fosse era sobre ele e a filha, pois tudo que sua ex esposa mais temia aconteceu e não podia fazer nada pra mudar isso, e apesar de ama-la incondicionalmente não poderia forçá-la a permanecer na sua vida, e por isso deixava Bella tão livre para decidir onde ir e vir, se queria vê-lo ou não.
E mesmo que doesse admitir que sua filha sequer sentia ou demonstrava sentir sua falta ele a entendia pois era igual a ela.
E ali onde ele era o respeitando xerife daquela pequena cidade chuvosa, se sentia sozinho mesmo sabendo fingir bem.
── Ei xerife, soube dos novos moradores? ── foi tirado dos seus devaneios por Honda uma senhora bastante enxerida que ele adorava se manter longe.
── Soube sim, mas não fui muito atrás de saber seus nomes ou de onde vieram ── o homem respondeu de forma educada enquanto mordia seu hambúrguer recém posto na mesa.
── Mas eu sim, sou bastante curiosa Charlie e você sabe ── ela se vira no banco que ficava em frente ao balcão e sorri de forma que mostrava o quanto estava animada por espalhar mais fofocas. ── são três pessoas, todos de cabelo cor de fogo, a mãe que se chama Melissa se não me engano, Penélope é a filha mais velha igualzinha a mãe acredita? ── Sua fala faz com que Charlie a olhe com a testa enrugada ── e tem mais um pirralho que esse eu não me lembro direito o nome, acho que é Timóteo, Antônio ou algo assim, só sei que vi ele com um lagarto enorme no ombro dentro do carro no estacionamento do mercado enquanto eu ia pra casa, quase morri do coração quando vi aquele bicho ── resmungou dramaticamente fazendo o homem bufar e disfarçar uma risada, essa que um dos clientes não fez questão.
── Acredito que você esteja exagerado, provavelmente é aqueles bichos pequenos e nem assusta ninguém, você que é muito sensível Honda ── a atendente Cora diz de forma gentil, pois se conheciam bem, como todos naquela cidade.
── Tá bom, quando um passar mal por causa daquele animal peconhento não digam que não avisei ── resmunga e se vira no banco para tomar seu café que parecia já estar frio naquele momento.
