Despertar de Conflitos

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Acordei com Murilo, o segurança fiel de Marília, chamando-me. Já eram 5h40 da manhã, e rapidamente me aprontei, vestindo um short jeans e uma blusa branca. Com um coque despretensioso no cabelo e chinelo nos pés, sabia que o castigo do dia não seria no escritório.

Cheguei ao café da manhã faltando cinco minutos, conseguindo apenas tomar uma vitamina de morango, minha favorita, e escovar os dentes. Às 6h00 em ponto, subi para o escritório de Marília, onde já a encontrei ao lado do computador . Ao bater na porta e entrar, Marília parecia não ter notado minha presença. "Nossa, como minha madrasta está linda", pensei. "O corpo dela é realmente escultural, muito gost..." Mas logo me forcei a pensar diferente. "Não sei por que estou pensando nisso. Marília não é de se dar respeito. Ela não teve nenhum respeito por mim ou minha mãe. Eu a odeio."

Quando finalmente Marília notou minha presença, seu olhar foi de deboche, algo que eu odiava, mas não podia confrontar.

"Bom dia, Mai." -( Marília sabe que eu odeio quando ela me chama assim.) "Espero que tenha descansado, porque hoje você vai aprender a realmente amadurecer. Seu pai acha que apenas ajudar no escritório vai te ajudar , mas você não sabe o que é passar por dificuldades, ser humilhada para poder comer. Mas agora vai saber."

Sem conseguir me conter diante de suas palavras, murmurei baixo:

"Quem é você para falar de dificuldades? Na primeira oportunidade, se casou com alguém 25 anos mais velho apenas por dinheiro sua puta."

Marília ouviu meu murmúrio e retrucou:

"Olha aqui, querida, eu amo seu pai. Desde a primeira vez que o vi, soube que casaria com ele. Não é da sua conta quantos anos eu tenho ou a idade da pessoa com quem me casei. Nos próximos meses, estou responsável por você, infelizmente. Ou felizmente, porque você vai aprender a virar gente. Você vai ter que me respeitar. Por seu desaforo, o castigo vai ser pior. Saia da minha frente, porque o que você iria fazer não é nem o que eu vou te passar agora."

Foi a primeira vez que realmente senti medo dela.

"Bem, Mai, você vai ter sua rotina de estudos e aqui no escritório, mas agora vai ter que trabalhar. Não como filhinha de papai, mas como uma de minhas empregadas. Quero que arrume meu quarto, lave meu banheiro, minhas roupas, arrume meu escritório, traga meu café da manhã, almoço, janta. Nos finais de semana, quando temos menos empregadas, vai ajudá-las também. Além disso, vou as  proibir  de arrumarem seu quarto, lavarem suas roupas. Apenas o almoço vou deixar elas fazerem. Se pensar em me desobedecer, vai ficar trancada no quarto das empregadas por uma semana, apenas comendo, bebendo e estudando. Não pense em me desobedecer, Mai. Seu pai me colocou no comando, então tudo que falo será uma ordem."

Pensei em implorar para voltar à minha rotina normal, mas, ao invés disso, apenas concordei, eu tinha um ego enorme para abaixar a cabeça.

Então saí do escritório.

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Logo, quando fui fazer o café da manhã dela, as coisas não correram como esperado.

"Está tudo queimado! Você não consegue fazer nem um simples café da manhã direito?" - Marília

"Desculpe, Marília. Vou fazer outro agora mesmo." - Respondi, tentando conter minha irritação.

Engoli em seco, tentando conter minha irritação. Após refazer o café da manhã, servi-o com cuidado enquanto Marília observava cada movimento com um olhar crítico.

"Espero que dessa vez esteja comestível. Você realmente precisa aprender a fazer as coisas direito." - Marília

Engoli em seco novamente, mas decidi não responder. Após terminar o café da manhã, fui designada a lavar o banheiro. Enquanto esfregava as superfícies, Marília entrou no cômodo com seu habitual ar de superioridade.

"Será que é tão difícil deixar esse banheiro limpo, Maiara? Parece que você não consegue fazer nada direito." - Marília

"Estou fazendo o meu melhor, Marília. Se tiver alguma instrução específica, ficarei feliz em seguir." - Respondi, tentando manter a calma.

Marília apenas bufou, desdenhosa, antes de sair do banheiro deixando-me sozinha com meus pensamentos. Respirando fundo, continuei minha tarefa, determinada a mostrar que eu era capaz de superar qualquer desafio que ela me impusesse.


(VISÃO DA MARÍLIA)

Lá estava eu, acordando às 5h00 da manhã como sempre. Tomei um banho rápido e me aprontei, dedicando um tempo extra para uma maquiagem pesada. As olheiras eram evidentes, resultado das longas horas passadas trabalhando em meu escritório. Às 6h00 da manhã, notei Maiara me observando de um jeito esquisito. Decidi ignorar e seguir em frente, mas o desafio em seu olhar não passou despercebido.
Maiara sempre foi obstinada, nunca abaixando a cabeça para ninguém. Mas eu também não podia me dar ao luxo de ceder diante dela. Eu queria uma relação amigável,não de mãe e filha, mas de uma boa madrasta e uma boa enteada, talvez amigas.
No entanto, ela fazia questão de me humilhar, trazendo sempre à tona meu passado como GP, o único modo que consegui de alimentar minha família.
Como ela descobriu, ainda me intriga.
Depois de dar a ela seu castigo e suportar aquele café da manhã horrível, ficou claro que
Maiara não tinha a menor ideia de como fazer as coisas direito. Fui para o meu escritório e, após algumas horas, decidi verificar o que ela estava fazendo.
Ao entrar no meu quarto, deparei-me com ela lavando o banheiro. Fiquei observando por um tempo, incapaz de evitar notar como ela cresceu.
Depois, para provocá-la um pouco, disse que ela não sabia fazer nada, antes de retornar ao meu escritório para cuidar das minhas próprias tarefas.Depois de algumas horas, decidi que o resto do dia ela passaria estudando.
Mais tarde, por volta da meia-noite, resolvi chamar Murilo, meu segurança de confiança, para "conversar" pelo resto da noite....

_ _ _continua

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