Apenas dor

99 10 2
                                    

Estou caída no chão, toda machucada e fraca após tudo que passei. Meus pulsos estão marcados das amarras apertadas, e cada tentativa de me levantar é uma dor imensa.

A porta range ao abrir, e meu coração dispara em pânico. "Por favor, me deixem em paz", rogo com a voz trêmula, sem saber quem está do outro lado. Mas então, a voz familiar de Marília me alcança.

Ela entra no cômodo, seus olhos se arregalam ao ver minha condição. Sua expressão se transforma em uma mistura de preocupação e tristeza enquanto seus olhos encontram os meus. "Maiara", sussurra, sua voz embargada pela emoção.

As lágrimas inundam meus olhos ao vê-la ali, tão próxima vendo meu estado.

"Marília...", minha voz sai trêmula entre soluços, "eles... me machucaram muito."

"Perdão, Maiara", diz ela com a voz embargada, "eu sinto muito, eu deveria ter... te protegido." Ela tenta me levantar.

"Por favor, Marília, não... encoste em mim." Minha voz sai em um sussurro fraco.

"Eu deveria ter te falado a verdade!" Ela fala repetindo várias vezes para si mesma.

Marília respira fundo, seus olhos marejados de lágrimas. "Eu... menti, Maiara", confessa ela com a voz trêmula. "Eu te amo. Eu menti para te proteger."

Eu começo a chorar ainda mais, e então ela me coloca na cama sentada.

"Murilo... ele me ameaçou... Ele disse que se eu não me afastasse de você, ele faria algo terrível. Eu estava com medo, Mai. Tive medo de perdê-la... E acabei fazendo com que ele te machucasse."

Eu então a olho sem reação e decido apenas me levantar para tomar banho, queria tirar tudo de ruim que estava em minha pele.

"Eu te ajudo a tomar banho." Ela diz chateada

Marília então me conduz até o banheiro com cuidado.

Ela entra na banheira comigo, me segurando. Sinto suas mãos delicadas me lavando, mas a dor é tão forte que não consigo parar de soluçar. Marília me abraça, e quando me viro pra abraçá-la, nossos olhares se encontram. Um silêncio pesado fica entre nós enquanto ela me olha, os olhos cheios de lágrimas vendo as marcas da violência no meu corpo.

Minha respiração trava quando vejo a expressão triste no rosto dela. E quando olho no espelho atrás, vejo a marca roxa embaixo do meu olho. Sem uma palavra, Marília me abraça forte...

Quando finalmente saímos da banheira, ela me cobre com uma toalha macia, me protegendo do frio que ainda me atinge. Com cuidado, ela me guia até o quarto, onde uma roupa limpa me espera. Então ela sai pra ligar pra alguém.

VERSÃO MARÍLIA

Depois que Murilo ligou, comecei a chorar, sentindo-me culpada por permitir que algo tão terrível acontecesse com Maiara. Ver claramente o que estavam fazendo com ela me devastou por dentro. Decidi agir e fui até a casa dela, onde a encontrei deitada sem nenhuma roupa.

Ao entrar no banheiro para ajudá-la a tomar banho, me deparei com a cruel realidade da situação de Maiara. As marcas de violência estavam por toda parte, e meu coração se partiu ao vê-la naquele estado.

Depois de cuidar de Maiara, senti uma onda de raiva crescer dentro de mim. Olhei para ela, ainda frágil, mas lutando bravamente contra o que tinha acontecido. Foi então que prometi a mim mesma, com uma voz firme:

"Murilo e aquele homem vão se arrepender tanto do que fizeram. Eu prometo."

Peguei meu celular e, liguei para algumas pessoas marcando um encontro no outro dia.

Entre Dois Corações Onde histórias criam vida. Descubra agora