16.

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Tenho certeza que nunca, em toda a minha vida, meu coração bateu com tanta força e rapidez, eu tenho a sensação de que posso morrer a qualquer instante, ter um infarto fulminante e simplesmente morrer. Eu sinto como se estivesse prestes a apertar o botão vermelho de uma bomba escondida em um prédio cheio de pessoas. Mas não estou prestes a cometer uma chacina, muito pelo contrário, essa situação é muito pior. Estou prestes a beijar meu melhor amigo.

Nossos olhares se fixam um no outro por séculos. Ele está supondo que eu volte atrás, mas tenho certeza de que ele vai recuar primeiro. Talvez seja infantil da minha parte, mas Tom já conseguiu exatamente o que queria com aqueles itens que colocou na lista e fez com que eu seguisse a risca. Dessa vez, eu quero ganhar. Mas o subestimei de novo. Seus olhos castanhos se escurecem, e, de repente, transmitem calor.
Um calor e um brilho de autoconfiança, como se estivesse certo de que não vou até o final.
Identifico essa certeza no tom desdenhoso que usa quando finalmente fala.

—Tudo bem, vamos ver como você se sai, então.

Hesito.

Puta que pariu. Ele não pode estar falando sério.

Não me sinto atraída por Tom e não queria beijá-lo. Fim de papo.

Só que... bem, na verdade, não parece o fim de nada. Meu corpo está em chamas, e minhas mãos estão tremendo, não de nervoso, mas de ansiedade. Quando imagino sua boca contra a minha, meu coração dispara mais rápido do que uma faixa de hip-hop.

Qual é o meu problema?

Tom se aproxima. Nossas coxas estão se tocando agora, e devo estar alucinando, porque acabo de ver uma veia pulsando no meio de seu pescoço.

Ele não pode querer isso... pode?

As palmas das minhas mãos ficam úmidas, mas evito limpá-las na calça porque não quero que perceba como estou nervosa. Tenho total consciência do calor que irradia da sua coxa coberta pela calça jeans, o cheiro fraco do perfume amadeirado, a ligeira curva em sua boca enquanto aguarda o meu próximo passo...

—Vamos lá. — provoca. — Não temos a noite toda. — Agora estou arrepiada. Que se dane. É só um beijo, não é? Nem sequer tenho que gostar disso.

Toca minha bochecha. Minha respiração se acelera.

Desliza o polegar sobre a minha mandíbula, bem devagar, esperando para ver se vou interrompê-lo, e quando não o faço, aproxima lentamente a boca da minha.

Parece que estou prestes a morrer e que não tem porcaria nenhuma capaz de me salvar.

Ele segura meu pescoço com mais força... e me mata.

Ou me beija. Não sei qual dos dois, pois tenho certeza de que a sensação seria a mesma. Sentir os lábios dele nos meus é sentir tudo. É viver e morrer e renascer, tudo ao mesmo tempo.

Ondas pulsantes de calor se espalham dentro de mim, começando pela boca e baixando por meu corpo. Ele tem o gosto do chiclete de hortelã que passou a noite mascando, e o sabor mentolado toma conta de minhas papilas gustativas. Meus lábios se abrem por vontade própria, mas com timidez, como se estivesse explorando e descobrindo o que devo fazer, e Tom tira o máximo proveito disso, deslizando a língua para dentro. Quando nossas línguas se envolvem, ele deixa escapar um ruído grave e rouco no fundo da garganta, e o som erótico vibra através do meu corpo.

Imediatamente, sou tomada por uma onda de pânico que me impele a interromper o beijo.

Inspiro de forma entrecortada.

—E aí? Como foi? — Estou tentando soar indiferente pelo que aconteceu, mas a leve oscilação em minha voz me trai.

Os olhos de Tom estão em chamas.

training wheels - Tom KaulitzOnde histórias criam vida. Descubra agora