Capítulo 02

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O sangue ainda escorria da testa de Ali, latejando de dor. As lágrimas brotavam em seus olhos, mas ele as conteve com força.

— Você não está sozinho, Ali. — Nazli disse com a voz embargada pela emoção. — Estou aqui com você, e todos os seus amigos também.

As palavras de Nazli acalmaram o coração dele.

— Obrigado, Nazli. — Ele disse com a voz ainda trêmula. Ali não era bom em demonstrar sentimentos pelos outros.

— Agora, vamos limpar essa ferida e conversar com o Doutor Adil. Ele saberá como lidar com essa situação.

Ela pegou um pedaço de pano limpo do bolso e o pressionou contra a ferida de Ali. Ele estremeceu de dor, mas logo se acalmou sob o toque suave de Nazli.

Ao chegarem ao consultório, Nazli narrou o que havia acontecido para Doutor Adil, que escutava com atenção e preocupação.

— Essa situação é muito séria, Nazli. — Doutor Adil disse, ponderando sobre os eventos que se desenrolaram. — Ferman não demonstrava apreço pelo Ali no início, isso era evidente, mas com o tempo, eles se tornaram amigos, com Ferman assumindo um papel de mentor para o Ali.

— Nunca vi ele tratar Ali dessa maneira antes. — Ele continuou, a perplexidade evidente em seu tom. — Algo o perturba profundamente, algo que o levou a agir de forma tão hostil.

— O que podemos fazer? — Perguntou Ali, ansioso.

Doutor Adil colocou a mão sobre o ombro de Ali, um gesto paternal que transmitia apoio e compreensão.

— Primeiro, meu filho, vamos cuidar da sua ferida. Depois, preciso conversar com Ferman a sós, entender o que o motivou a agir dessa maneira.

— Tudo bem, pai. — Ali respondeu, sua voz ainda carregada de tristeza, mas com a esperança de que Doutor Adil resolvesse a situação.

Adil não era o pai biológico de Ali, mas o vínculo que os unia era mais forte que a genética. Desde que Adil o adotou quando era apenas um menino, após o abandono do seu pai biológico que o culpava pela morte do seu irmão, Adil o acolheu como filho, criando um laço de amor e respeito que o acompanharia para sempre.

Ali assentiu, ainda abalado pelas palavras de Ferman, mas com a esperança de que Doutor Adil, com sua sabedoria e compaixão, conseguisse restaurar a harmonia entre eles.

Enquanto Doutor Adil cuidava da ferida de Ali, Nazli permaneceu ao seu lado, oferecendo apoio e conforto. Naquele momento, Ali se sentiu amparado pela amizade e pelo amor de seus amigos, um sentimento que o fortalecia e lhe dava a esperança de que juntos superam qualquer obstáculo que se apresentasse em seu caminho.

[...]

Após cuidar da ferida de seu filho, Adil ordenou que Nazli e ele fossem cuidar dos outros pacientes e chamou Ferman para uma conversa em seu escritório.

Assim que entrou na sala, Ferman questionou:

— Dr. Adil, precisa de algo?

O médico, ciente do que pretendia abordar, convidou-o a sentar-se:

— Sente-se, Ferman, por favor.

— Agora me diga, o que o levou a tratar Ali daquela forma?

Ferman suspirou profundamente antes de responder:

— Ele me irritou um pouco quando entrou na sala de cirurgia... Eu estava operando uma criança. Poderia ter acontecido algo grave.

Desviando o olhar, incapaz de encarar Dr. Adil nos olhos, Ferman sentia o peso da culpa e da vergonha.

— Ferman, você precisa ter mais cuidado com suas ações e palavras em relação ao Ali. Não podemos tolerar seus erros, mas é preciso entender que o cérebro dele funciona de maneira diferente. Você sabia que ele teve uma crise? — questionou Dr. Adil.

A expressão de Ferman se contorceu em uma mistura de surpresa e culpa.

— Crise? Que tipo de crise? — perguntou ele, com a voz carregada de preocupação.

Adil descreveu a cena que Nazli presenciou, com Ali se machucando ao bater a cabeça na parede e chorando copiosamente. Ao ouvir as palavras do médico, o coração de Ferman se apertou.

— Eu não sabia... — murmurou ele, com a voz baixa e cheia de remorso. — Eu nunca quis que ele se machucasse.

Ele colocou a mão sobre o ombro de Ferman:

— Sei que não, Ferman. Mas você precisa ter mais cuidado com suas palavras e ações. Ali é um jovem especial, com um talento incrível. Ele precisa do nosso apoio e compreensão.

Ferman assentiu, absorvendo as palavras do médico. Ele se sentia horrível pelo que havia feito.

— Vou pedir desculpas ao Ali. — disse ele, com a voz firme. — Vou explicar que não foi minha intenção magoá-lo.

— Isso é bom, Ferman. Mas não basta apenas pedir desculpas. Você precisa mostrar a ele que realmente se arrepende.

Ferman assentiu novamente, determinado a fazer as coisas da maneira certa. Ele saiu do escritório do Dr. Adil com um peso no coração, mas também com a esperança de que poderia consertar o erro que havia cometido.

O que ninguém sabia era que Ferman também possuía alguém especial em sua vida. A pessoa mais importante para ele, por isso ele estava tão nervoso e havia acabado descontando na pessoa errada, era hora de pedir desculpas.

Ali e Ferman: Uma Jornada Inesperada (ferAli)On viuen les histories. Descobreix ara