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TODO MUNDO QUER ALGUMA COISA

— Você já está pronta, Amb... Rose? — minha mãe pergunta enquanto eu lavo minha tigela de cereal.

Olho-a por sobre os ombros e faço uma carranca. Quando ela irá aprender a me chamar apenas de Rose?

— Estou pronta desde as seis da manhã, mãe. Você me conhece. — respondo. — Você sabe a que horas me buscar, certo? Não se esqueça de pegar aquela minha calça na costureira, eu preciso dela com urgência. A torradeira quebrou, só para lembrá-la.

Minha mãe ri e revira os olhos.

— Sim, senhora general. — ela sempre diz isso. — Você é muito mandona, sabia? Igualzinha ao seu pai. Que ele descanse em paz.

— Mãe! Por que você sempre se refere ao meu pai como se ele tivesse morrido? Que eu saiba ele está bem vivinho na Flórida. — digo, guardando a tigela lavada no armário da cozinha.

Eve, minha mãe ressentida, suspira.

— Para mim ele morreu no dia em que me deixou. — ela veste o blazer cinza-queimado que usa diariamente no escritório de advocacia onde trabalha. — E aquela nova mulher dele é uma megera. Tenho certeza de que ele só se casou com ela por causa dos peitos. Por Deus, até o Elvis sabe que aquilo é silicone.

Elvis, nosso peixe beta azul, nada despreocupadamente no aquário.

— Ela não é uma megera, mãe. — suspiro. É perda de tempo tentar convencê-la, eu sei. Se eu estivesse no lugar dela, provavelmente pensaria a mesma coisa.

— Bom saber que a minha própria filha prefere a madrasta siliconada a mim. — ela faz uma cara de mágoa fingida que me faz rir.

— Será que a minha querida mãe sentimental poderia me levar de uma vez para a aula? Não quero chegar atrasada no meu primeiro dia no 12th grade.

Ela sorri para mim e pega sua bolsa.

— Você está tão crescida. Não sei o que vai ser de mim quando você também for para a faculdade. Você e Audrey são minhas preciosidades.

Audrey.

Só de ouvir o nome da minha estimada irmã mais velha, sinto náuseas. Audrey é brilhante, e existem provas maciças disso espalhadas por toda a casa. Logo na entrada sou surpreendida por um quadro enorme dela exibindo sua incrível medalha de ouro na natação quando tinha apenas 11 anos. Basta dar dois passos e já é possível avistar o exuberante troféu estadual de Ginástica Olímpica. Subindo as escadas, exatos oito quadros enaltecem minha irmã em suas sensacionais conquistas ao longo dos anos. Ao lado da porta do quarto dela, e bem de frente para a porta do meu, encontra-se o mais humilhante de todos os porta-retratos para mim:

Audrey vestida divinamente com um modelo de tirar o fôlego da melhor loja de roupas de gala de San Diego. Ela exibe um sorriso largo e sua maravilhosa coroa reluz no alto de seus cabelos castanhos brilhosos e deslumbrantes. Isso mesmo. Audrey foi rainha do baile. E não só uma vez. Três vezes.

Ela foi rainha no último ano de middle school e, quando já estava no high school, foi rainha no primeiro (não era um baile de formatura, era apenas um baile de calouros, mas obviamente ela venceu mesmo assim) e no último ano.

Estou oficialmente no 12th grade, meu último ano antes da faculdade, e nunca fui rainha do baile. Nunca ganhei nenhum troféu. A única medalha que eu tenho é de prata, porque o Matt acertou aquela última questão de logaritmo na Olimpíada de Matemática e ficou com o ouro.

12th Grade and UsOnde histórias criam vida. Descubra agora