இ 02 | Correr Para Sobreviver

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O povo do Reino do Sul estava em festa. Nos últimos dias não se falava em outra coisa, senão sobre o Rei do Norte que faria uma visita ao Sul.

E foi exatamente pela conversa alta e muita movimentação do lado de fora que o pequeno fêmea despertou naquela manhã. Seu rosto naturalmente rosado e rechonchudo estava amassado e inchado por conta do sono recente, seus cabelos tão brancos quanto a neve estavam uma completa bagunça que seria facilmente confundido como um ninho por um passarinho, pronto para uso. Ele piscava ainda sonolento, mas o bico de descontentamento permanecia em seus lábios rosados.

— Aish, esse povo não sabe que a hora do sono é sagrada? — ele murmurou mal humorado e o motivo para isso nem era por ser acordado cedo, mas sim porque fora dormir tarde da noite enquanto se aventurava com Kooko – a sua coruja das neves –, na divisa do reino e, consequentemente, dormiu muito pouco.

Não era preciso ser um adivinho para saber que toda aquela comoção era porque o rei macho de algum lugar repousaria no Sul por algum tempo. E como o macho era sortudo, ele se tornou o principal alvo dos pais desesperados e das fêmeas ambiciosas. Todos queriam enlaçar um bom partido, bem, todos menos Jimin.

Acontece que, nos últimos dias, só se falava desse visitante em potencial que o fêmea simplesmente parou de prestar atenção no que todos ao seu redor diziam. Ele não queria casar com um macho que o transformaria em seu criado em tempo integral e que o encheria de filhotes. Não. Os machos estavam mudando as suas próprias condutas no quesito "companheiro".

Se fosse para se casar com um macho que faria pouco caso de si, ele preferia passar o resto de sua vida sozinho, apenas se aventurando com Kooko floresta adentro.

Cansado de escutar as mesmas baboseiras de sempre, ele pulou para fora do seu pequeno ninho, fez as suas necessidades e higiene pessoal. Logo tirou o pijama de seda de seu corpo e abotoou a fileira de botões frontais do seu corset cinza que estava sobre a sua camisa de tecido branco e fino, a sua calça especial feita de couro delineava bem as suas generosas curvas. Nos pés, ele calçou as suas botas de cano curto. Por cima de sua roupa, ele vestiu sua típica capa preta que arrastava no chão de tão longa.

Por último, ele se sentou de frente para a sua penteadeira e penteou os cabelos, amarrando uma parte com uma fita e deixou alguns fios soltos na frente do rosto. Borrifou um pouco de perfume no seu colo e pulsos, então admirou rapidamente o seu próprio reflexo antes de sair do quarto.

A grande cabana do Sul estava realmente agitada, ninguém prestou atenção em si como acontecia todos os dias. Os voluntários que cuidavam da cabana de seus pais, corriam de um lado para o outro dos corredores, seja carregando objetos grandes ou indo ajeitar algo que já estava no local certo. Todos estavam ocupados, sem exceção, e isso incluía até mesmo a sua família nada pequena.

Park Jimin era o filho caçula de uma prole de doze irmãos, todos machos, deixando-o como o único fêmea de sua família – fora a sua mãe. Os seis machos mais velhos já estavam casados e viviam a sua própria vida mas estavam sempre pela grande cabana com os seus filhotes e fêmeas. Os outros machos que ainda viviam ali, planejavam cortejar alguma fêmea específica na temporada deste ano, o que deixou Jimin um pouco triste já que ele não teria mais ninguém em casa para encher o saco quando estivesse entediado.

Viver rodeado de tantos machos grandes e com a estranha necessidade de mostrar ser bom em tudo, fez o fêmea mais novo adotar os costumes brutos e nada educados de seus irmãos. Jimin odiava usar etiqueta, ele nunca podia gargalhar alto, pegar a carne com a mão e sentar com as pernas abertas, ele sempre tinha que ser perfeito ou a sua orelha era puxada sem delicadeza alguma pela sua mãe.

Mas não pense que sua mãe é cruel, não. Ela apenas o educa para ser um bom príncipe e encontrar o companheiro perfeito. Ela não quer que o seu filhote sofra em um casamento sem amor, por isso, nunca o obrigou a entrar em um relacionamento, no entanto, sempre empurrava bons machos para perto do fêmea; mas havia um problema, Jimin costumava assustá-los com o seu modo "doido" de agir.

Paraíso Particular | JIKOOKWo Geschichten leben. Entdecke jetzt