Capítulo 19

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੭࣪  O19
Jennie

FIQUEI ALI, EM PÉ NO MEIO DA CALÇADA, ENQUANTO TAEHYUNG DESAPARECEU RUA AFORA

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FIQUEI ALI, EM PÉ NO MEIO DA CALÇADA, ENQUANTO TAEHYUNG DESAPARECEU RUA AFORA. Engoli em seco quando percebi o coração batendo mais rápido e olhei para o chão. Tinha uma folha bem ao lado do sapato de Blair. Era avermelhada, com as pequenas membranas desenhando-se em seu interior como um esqueleto crescendo sob a pele cheia de cores.

Desviei o olhar quando pensei na tonalidade, na mistura que produziria esse resultado.

— Vem comigo pegar o xampu e depois almoçamos?

Concordei, como eu poderia recusar? Não só porque Taehyung tinha me obrigado, mas porque era impossível ignorar o interesse escondido nos olhos de Blair, sempre tão transparente, mesmo quando ela se esforçava para não ser. Então voltei com ela até a seção de perfumaria e depois fomos até um lugar próximo dali, onde preparavam uma boa variedade de saladas e sempre serviam peixe fresco.

— Pelo que estou vendo, a convivência com Taehyung vai bem.

Dei a volta na mesa para me sentar em frente a Blair.

— Acho que sim, mas hoje não foi o seu melhor dia.

Ela me olhou com interesse quando o garçom saiu depois que fizemos nosso pedido. Notei o movimento rítmico de suas pernas debaixo da mesa e sabia que ela estava nervosa, sem saber como quebrar o gelo, o que me fez sentir pior ainda.

— Você ainda… sente algo?

Ela não precisou completar para eu entender o que ela queria dizer.

— Não. — “Porque agora eu não sinto mais nada”, quis completar, mas fiz as palavras descerem garganta abaixo, impedindo-as de sair. Parecia tão distante aquele tempo em que eu passava o dia inteiro com Blair, brincando de ser adultas quando ainda éramos pirralhas, falando dele o tempo todo, de Taehyung, do quanto eu o amava, de como ele era especial, de que o meu pedido quando apaguei as velas no meu aniversário de 17 anos tinha sido poder beijá-lo algum dia e saber o que eu sentiria nesse momento.

Respirei fundo, incomodada e com a boca seca. E depois tentei ser normal durante aqueles três quartos de hora que ainda faltavam; ou o mais próximo possível que eu conseguisse chegar desse conceito. — E o trabalho, como vai?

Ela sorriu, animada e feliz por ter algo para falar.

— Bem, bem, apesar de ser muito mais difícil do que eu imaginava. As crianças não param quietas um minuto, juro que na primeira semana fiquei com dores musculares. E os pais... bem, alguns deveriam fazer um cursinho básico de educação antes de começarem a procriar.

Esbocei um sorriso estremecido que quase me doeu.

— É o que você sempre quis fazer.

— Sim, é verdade. E você? Vai para a faculdade?

— Parece que sim. — Encolhi os ombros.

Tinha sido o meu sonho tempos atrás, mas naquele momento me parecia muito vago, um fardo. Eu não queria ir. Não queria ficar sozinha em Brisbane. Não queria ter que conhecer gente nova, uma vez que eu não conseguia me relacionar nem com quem tinha me visto crescer. Não queria pintar nem estudar nada que tivesse a ver com tudo aquilo. Eu não queria, mas Oliver...

Meu irmão tinha deixado de ser o cara que vivia grudado em uma prancha de surfe e que andava descalço o tempo todo e tinha virado o cara que usava um terno que odiava para trabalhar como diretor administrativo de uma importante agência de viagens. Sempre fora ótimo com números, e um dos sócios da empresa, que conhecia meu pai, ofereceu o emprego para ele duas semanas depois do acidente. Lembro de que Oliver disse a ele: “Você não vai se arrepender”, e meu irmão era um homem de palavra, do tipo que sempre cumpre aquilo a que se propõe, como economizar até o último dólar para eu poder ir para a universidade.

E, por mais que eu odiasse a ideia, não queria desapontá-lo, não queria causar ainda mais dor e mais problemas a ele, mas não sabia como deixar de me sentir assim, tão triste, tão vazia...

— Taehyung parece muito direto — disse Blair.

— Ele é. — E eu estava brava com ele.

— E também parece que ele se preocupa com você.

Baixei o olhar para o meu prato e me concentrei no verde intenso da alface, tão vibrante, no vermelho do tomate e no âmbar das sementes, no amarelo dos grãos de milho e no roxo escuro, quase preto, das uvas passas. Tomei fôlego. Era bonito. Tudo era bonito: o mundo, as cores, a vida. Era assim que eu via antes. Se olhasse ao meu redor, só encontrava coisas que queria transformar; pintar minha própria versão de uma salada, de um amanhecer em frente ao mar, ou daquele pequeno bosque em frente à minha antiga casa que, quando vi a expressão de Taehyung enquanto o contemplava, tive vontade de passar o resto da vida com um pincel na mão.


𖹭

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Tudo o que nunca fomos  𑁯 𝐉𝐍𝐊 + 𝐊𝐓𝐇Donde viven las historias. Descúbrelo ahora