XXXI

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Oliver não conseguia esconder sua insatisfação com a presença de Caillas à mesa redonda no castelo dos Volois. Para ele, estar próximo a um olimpiano despertava sentimentos de nojo e ódio, especialmente em meio a uma guerra causada por eles. Seus olhares fixos em Caillas deixavam clara sua hostilidade, enquanto ele pegava no cabo de Matadora. A mesa estava ocupada por Felipo, Paul, Brantley, Togun, Hivif e Tobye, enquanto criadas serviam cerveja e vinho, e eles discutiam sobre as notícias desanimadoras trazidas pelos caçadores.

— Durante a viagem, conseguimos afundar alguns barcos, mas há centenas deles vindo para a Terra — explicou Togun, levando a caneca de cerveja aos lábios — É provável que desembarquem no porto olimpiano devido à aliança, mas suspeitamos que pretendem cercar todas as margens para invadir os demais reinos.

— Enquanto Zeno ataca por terra, os demônios vêm pelo mar — completou Felipo, com ar pensativo — Estamos encurralados...

— Ainda não explicaram de forma convincente por que estão aqui e como descobriram a aliança — disse Brantley, com firmeza.

— Fizemos uma expedição para as terras além do mar — explicou Caillas, enquanto Oliver não desviava os olhos dele — e Zahir se sacrificou para obter informações de um desses abaddons. Sabemos toda a história, o envolvimento da Catedral e a aliança de Zeno. Acredito que não preciso me aprofundar nisso, sacerdote — sua voz transbordava raiva — Você deve estar ciente de tudo.

— O que a Catedral tem a ver com isso, Brantley? — provocou Oliver, querendo explicações que Caillas considerava desnecessárias.

— Após o término da guerra dos deuses, a Catedral tentou expulsar os demônios, que obviamente se recusaram. Então, um acordo foi feito: eles deixariam a Terra em troca de recursos e carne humana para se fortalecerem e estabelecerem-se nas terras além do mar — explicou o sacerdote, com tristeza — Os primeiros escritores, sob as ordens do Sumo-Sacerdote, alteraram a história conforme ele desejava, apagando a existência dos abaddons, pois surgiram de uma cruzada entre humanos e demônios ainda na grande guerra.

— Por isso a ordem dos caçadores foi criada — disse Togun, despreocupado — Sua verdadeira função nunca foi realmente proteger o reino, mas enviar criminosos para serem comidos pelos demônios.

— Mas se esse acordo existe, como Zeno conseguiu recrutá-los? — questionou Paul, chocado.

— Todos vocês conhecem ou já leram as escrituras de nosso Senhor — explicou Brantley — Um príncipe escolhido foi prometido por ele para extinguir as trevas quando estas retornassem. Por quê? Porque existe a profecia da ressurreição do Senhor das Trevas, e os abaddons acreditam que esse momento é agora! — ele fez uma pausa, apertando o pingente que continha a estrela de cinco pontas.

— Zeno encontrou-se com eles e fez a proposta de deixá-los viver em Olímpia, aguardando essa ressurreição, em troca de poder para conquistar toda a Terra. — Completou Hivif.

— Nesse caso, é compreensível a revolta dos caçadores — disse Oliver, mudando de humor pela primeira vez — Eu faria o mesmo!

— Não somos tão diferentes, então, príncipe — provocou Caillas, com um sorriso debochado.

— Não me compare a você, que possui sangue de vermes.

— Parecem estar se esquecendo de que somos aliados aqui — interveio bruscamente Felipo — Mesmo sendo príncipe de Linsk, você ainda está abaixo de mim, Oliver, então, obedeça — Oliver ficou enfurecido, mas acatou — Como podemos derrotá-los? — ele perguntou, dirigindo-se aos caçadores.

Togun riu.

— Essa pergunta não faz sentido, meu caro rei — ele olhou sério — Para lutar contra demônios, basta armar-se e pedir proteção aos deuses.

Olímpia - A Queda dos Reinos (Livro 1) FINALIZADOWhere stories live. Discover now