Capítulo 36 - Notório

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A aranha teve mais de quinhentos filhotes, Nanda teve de aumentar a estufa para comportar as crianças que em pouco tempo se tornaram adultos. Tanto as aranhas, quanto os lobos auxiliavam na expansão no bunker, usavam suas habilidades para tornar o trabalho mais ágil e rápido. Paulo intensificou o treinamento e entramos em contato com as outras comunidades para convoca-las para a guerra. Apenas os animais de Deus não aceitaram, argumentaram que os pastores estão no Olimpo lutando para evitar a guerra e portando não fazia sentido se envolver. Não insistimos, sempre foi difícil lidar com a mente oblíqua dessa comunidade. Os veganos foram mais sutis, se declararam opositores ao Olimpo mas pediram que não os obrigassemos a entrar em guerra. Outras pequenas comunidades que não tinha conhecimento se movimentaram a nosso favor, nos enviando matéria prima para fabricação de armas e armaduras, alimentos e soldados. Aprendemos diferes artes marciais, e Nanda desenvolveu armaduras que ressaltassem o poder de cada um. Caveira tem os punhos de titânio e uma longa e pesada espada de dois gumes extremamente afiada. A armadura da Naara permite que o fogo se espalhe a tornando uma tocha humana e suas mãos são canhões potentes. A Puma tem molas nos pés que a faz saltar ainda mais alto. Felix, Mahogany e a Nanda tem armaduras que captam tanto a minha eletricidade quanto o fogo de Naara. Até os animais foram equipados com armaduras de titânio.

Eu, Naara, Caveira, Mandy e Paulo ficamos cada um com um lobo. E Nanda, Mahogany, Felix, Jess e Puma ficaram com as aranhas. O treinamento ficou mais específico, para unirmos nossas habilidades as habilidades dos animais. Claramente trabalhar com as aranhas é mais fácil, pois elas falam, tem o cérebro mais próximo do humano, logo tem um nível relevante de consciência, além de serem maiores em estatura, lançarem teias pegajosas e cuspirem ácido. Os lobos são apenas cachorros grandes que podem ficar sob as patas traseiras.

Apesar de contrariada, aceitei que meu destino seria lutar ao lado de um lobo. O caminho até a estufa para escolher meu parceiro peludo foi longo e pensativo, afinal, quais as características tornaria um lobo adequado para a guerra? Devo procurar um que já esteja acostumado com brigas, que se sinta o alfa e ter de lidar com seu ego inflado, ou dar uma oportunidade para o que é passivo e que talvez seja passivo de mais?

Assim que dobrei o corredor, observei a interação dos lobos através do vidro da estufa. A maioria estava reunido em volta da Mandy porque de alguma forma acreditavam que ela é o Alfa, e estavam se preparando para lutar juntos. Mas tinha um separado, com os olhos presos no chão, sentado no canto, com os ombros curvados para frente, e a cabeça baixa, Claramente foi ignorado pela matilha. É um lobo jovem, não é tão forte quanto os demais, mas é veloz, já o vi correndo certa vezes, quando Nanda caiu da escada e ele saltou para ajudá-la. Talvez seja isso que eu precise, não força e bravura, mas agilidade e bondade.

Caminhei até ele lentamente e quando notonou minha presença endireitou a coluna e me olhou de baixo para cima, como um cão sem dono. Não tínhamos como nos comunicar, mas naquela troca de olhares já sabíamos que a parceria havia se fechado.

-Vem - eu chamei me afastando.

Ele se levantou e caminhou atrás de mim, disfilando diante dos olhares confusos dos demais. Mandy se aproximou e de forma discreta Sussurrou.

-Esse não é o melhor lobo da matilha - disse ela - seria mais conveniente aquele ali.

Ela apontou para um lobo muito maior, com o peito estufado.

-Eu não quero o melhor da matilha - respondi me afastando - quero o que for melhor para mim.

Mandy ficou em silêncio, se suspeitava que eu estava enlouquecendo, certamente teve suas suspeitas confirmadas.

Levei o lobo para o lado de fora do bunker, lancei a armaduras sobre seus ombros, prendi a parte inferior na cintura como um cinto. Enfiei o capacete na cabeça dele que se balançou feito o cachorro que é. Prendi a coleira no pescoço que serve de rédia. Saltei sob o lobo e me ajeitei na sela presa a armadura, agarrei a rédia e inclinei meu corpo para frente, imediatamente ele entendeu minha intenção, ficou sob as quatro patas e saltou sob a vegetação. Ele correu tão rápido que eu tive de usar o GPS para ver para onde estávamos indo, meus olhos não acompanhavam a paisagem. De repente ele parou, jogou o corpo para trás me lançando para cima. Eu dei um giro no ar e cai sobre os pés diante de uma clareira. Desci o corpo e apoiei os joelhos no chão procurando estabilizar minha respiração, meu coração empurrava meu peito em desespero e por pouco não saltou goela acima. Apoiei as duas mãos no chão e puxei o ar com força sentindo uma pressão na nuca e ouvindo um zunido agudo no fundo da cabeça. Senti cheiro de carne fresca, mas não era animal, parecia mais doce. Levantei a cabeça e ao longe avistei o acampamento canibal, estavam escalpelando um corpo miúdo que ainda gemia. Mahogany disse certa vez, que os canibais preferem carne de criança por ser mais adocicada, e eles matam lentamente para a carne ficar macia. Aquilo me enojou a tal ponto que vomitei ali mesmo. Me arrastei para trás da árvore e me questionei o que deveria fazer. De repente os gemidos pararam, nada mais poderia ser feito, ouvi os estalos da gordura em contato com o fogo e dos ossos serem partidos. Saltei do chão e corri sem direção na mata, de repente senti meu corpo ser lançado para cima, cai sob a sela e o lobo me levou de volta para o bunker. Estava furiosa, desci as escadas bufando, procurei a Mahogany e gritei sob seu rosto.

-O lixo do seu povo está chegando bem perto e estão matando crianças.

-E a culpa é minha? - Mahogany perguntou confusa.

-Sim porque você também é canibal.

-Não sou mais - disse ela se afastando com as mãos diante do peito - não como carne humana desde que vim para cá. Tenho tanta vontade de matá-los quanto você.

-É mesmo? Então prova.

Ela me deu as costas, puxou a aranha dela pela pata dianteira e se dirigiu para fora do bunker. Eu a segui com meu lobo, em seguida Mandy levou a Alcateia.

-É uma boa hora para o treinamento - disse Paulo sob seu Lobo - Os canibais não são pessoas boas e certamente sempre serão um problema, vamos usá-los para treinamento. E nessa batalha quem lidera é a Mahogany, acham justo?

Todos concordaram. Mahogany escalou sua aranha gigantesca e sentou-se na sela da armadura presa nas costas do metamorfo.

-Manda os lobos cercarem o acampamento - disse Mahogany para Mandy.

Mandy soltou alguns ruídos e os lobos correram para a vegetação, exceto o meu que ficou sentado me observando, ele estava ansioso para se unir aos outros lobos, parecia algo banal, apenas correr, mas para ele era emocionante, não era mais um excluído. Saltei sob suas costas e me inclinei para frente, só então ele correu. Chegamos primeiro, tivemos de esperar alguns minutos até que nos alcançassem e em fim os lobos cercaram o acampamento canibal que estava se preparando para sair. O lider que estava protegido empurrou seus amigos e sorriu ao ver Mahogany, de certo imaginou que ela voltara para unir forças a eles.

-Oi querida - disse o homem - Fico feliz que tenha voltado.

Ao canto um adolescente extremamente magro rói o fêmur outrora decepado.

-Não me chame de querida - disse ela - eu tenho nome.

Mahogany puxou a pistola da cintura.

-Opa - disse o homem se afastando - para que toda essa violência?

Ela saltou da aranha e puxou o gatilho, a bala destruiu a patela da perna esquerda e o homem caiu sob a terra aos berros.

-Matem todos - disse Mahogany - mas deixem esse para mim.

Enquanto o homem agoniazava no chão, o restante da comunidade foi destroçada, queimada, eletrocutada, esfaqueada, e baleada. Mahogany lavou a roupa suja e mandou todos os seus agressores da vida toda para o inferno de todas as formas que conseguiu. Assim que o sol se escondeu, o acampamento estava pintado de vermelho e os que caçavam crianças para escalpelar agora estavam espalhados pelo chão em pedaços. Mahogany caminhou lentamente até o homem que ainda gemia no chão.

-Por favor - ele suplicou - me deixa viver.

-Eu matei todos, você não tem mais um império - disse Mahogany - para que você quer viver?

-Porquê eu tenho medo.

-De que?

-De morrer.

-Que pena - disse Mahogany mirando o centro da testa do homem - Eu não tenho pena de você.

Um único disparo e os canibais foram extintos, um silêncio terrível pairou sob nós, como se um demônio que gritava há séculos fosse calado. Não haveria mais caças humanas, gemidos, canibalismo, estupros, não fora do Olimpo. A primeira parte dessa guerra foi vencida, agora só falta a pior delas, o Olimpo.

"Você veio me enfrentarVocê está preparado pra guerra?Todo mundo está olhandoO que você está esperando?Minha coroa aguardaEu tomarei meu lugarMostrando minhas presasTudo o que for precisoEu estou a caminhoEu sou notória"

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"Você veio me enfrentar
Você está preparado pra guerra?
Todo mundo está olhando
O que você está esperando?
Minha coroa aguarda
Eu tomarei meu lugar
Mostrando minhas presas
Tudo o que for preciso
Eu estou a caminho
Eu sou notória"

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⏰ Last updated: Apr 16 ⏰

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