RAFAELLA
Medo. Essa é a melhor palavra para descrever tudo o que estou sentindo desde que acordei. Apesar de todas as dores físicas, a que mais dói e me assusta é não ter ideia de onde a minha filha está. Me lembro de tê-la deixado com uma mulher no banheiro do supermercado, porém não a conhecia, não sei onde mora, nem mesmo se ela ficou com a minha filha. O medo me atinge em cheio e nesse momento me leva a pensar em muitas possibilidades e nenhuma delas me parece boa. Não quero nem imaginar o que pode ter acontecido com minha filha. Eu preciso encontrá-la.
- Com licença! - uma mulher alta, de jaleco, entra em meu quarto e se aproxima de mim. Acho que ela deve ser a médica. - Boa noite! Sou a doutora Marcela e estou cuidando do seu caso desde que chegou aqui. Estou feliz por ter acordado. Como você está se sentindo? - percebi que ela gosta de falar.
- Estou com muita dor de cabeça. Há quanto tempo eu estou aqui? O que aconteceu? - pergunto querendo saber mais sobre como vim parar aqui, pois minha última lembrança foi ter deixado Sofia com uma mulher e os minutos de terror que passei nas mãos de José e seu capanga. Depois disso não lembro de absolutamente nada.
- Você ficou em coma, teve um traumatismo craniano, a pancada foi muito forte. Estava muito fraca, abaixo do peso, com anemia. Se lembra do que aconteceu no dia?
- Sim, um pouco. Mas você não respondeu minha pergunta, há quanto tempo eu estou aqui? - Perguntei novamente, pois, além dela não ter dito, era também uma forma de desviar o assunto. Eu não posso falar com ninguém sobre o que aconteceu naquele dia.
- Você está aqui exatamente há um mês. - ela diz de maneira natural e tranquila me fazendo travar.
- Como? - Não pode ser. Eu deixei a minha filha sozinha por um mês! Meu Deus! Agora eu estou com muito mais medo do que pode ter acontecido com ela.
- Há um mês que você está aqui. Olha, sei que agora está tudo muito confuso, mas preciso te fazer algumas perguntas, mesmo porque quero continuar cuidando de você. Qual é o seu nome? - fiquei um tempo olhando para ela em silêncio, decidindo se falava ou não. Não sei se posso confiar nela, mas resolvo seguir meu coração e dizer a verdade logo.
- Rafaella.
- Quantos anos você tem?
- Vinte e cinco.
- Qual o nome da sua filha?
- Sofia... Espera aí, como você sabe que eu tenho uma filha? - pergunto com medo.
Será que ela tem alguma coisa a ver com o José?
- Não sei se você acredita em destino, mas você deixou a sua filha com a minha melhor amiga.
O que? Isso é um sonho? Não acredito que vou ver a minha filha novamente.
- É sério? Você sabe onde está a minha filha? Ela tá bem? - pergunto ansiosa.
- Sim. Ela está muito bem. Com muitas saudades suas, mas está ótima. Minha amiga cuidou muito bem dela. Na verdade, elas se cuidaram bem. - ela diz e sorri. Respiro mais aliviada com essa notícia.
- Eu quero a minha filha. Liga para a sua amiga. Pede para ela trazer a Sofia aqui. - eu preciso ver meu bebê e agradecer essa mulher.
- Calma, Rafaella. Você verá sua filha, mas não agora. Você chegou aqui quase morta, seu quadro era muito grave e ainda vai precisar passar por alguns exames. Além disso, o horário de visitas já acabou. Mas não se preocupe, amanhã mesmo você verá a sua filha. Ela está bem, pode confiar em mim.
*****
Na noite de ontem, acabei fazendo vários exames como a doutora Marcela tinha me explicado. Eu já estava me sentindo melhor, porém com um pouco de dificuldade para mexer a perna esquerda e por conta disso terei que fazer fisioterapia por um tempo. Aquele canalha do José quase acabou comigo mesmo, acho que por milagre divino estou viva e me sinto mais aliviada em saber que minha menina está em boas mãos, sendo bem cuidada. Estou morrendo de saudades da minha pequena e não vejo a hora de poder vê-la novamente. A doutora me disse que hoje eu veria Sofia e desde essa hora a ansiedade me domina, não consegui nem dormir direito pensando que logo vou reencontrar meu bebê.- Bom dia! Como está se sentindo hoje? - Fui tirada dos pensamentos quando a doutora bateu na porta que estava entreaberta e logo adentrou o meu quarto.
- Bom dia, doutora. Estou muito ansiosa. Quero ver minha filha logo.
- Calma, minha amiga já está a caminho com ela.
- Desculpa a pergunta e não me leve a mal, mas você não vai embora não? Ficou de plantão ontem e hoje ainda tá aqui.
- Meu expediente realmente acabou. Mas estou esperando a minha amiga chegar.
- Ah sim, entendo.
- Mas você ainda me verá por um bom tempo viu, sua fisioterapia precisa começar o mais rápido possível se quisermos obter êxito. - falou dando um sorriso de lado.
Sinceramente, não sei se farei as fisioterapias. Não posso dar mole. Se o José me achar, as coisas podem ficar bem piores. Mas a doutora não precisa saber que eu não vou fazer. Portanto, mantenho essa ideia apenas em minha mente.
- Imagino. - respondo. Ficamos conversando por um tempo, até que a porta foi aberta, e a minha pessoa favorita no mundo entrou no quarto correndo e gritando. Como eu senti falta dessa voz.
- Mamãe! Mamãe! Você salou! - Doutora Marcela ajuda Sofia a subir em minha cama. Abraço minha filha e a encho de beijos.
- Que saudade meu amor! A mamãe te ama muito. Eu senti tanto a sua falta. - me emocionei ao ver a minha filha, e ela realmente parecia estar bem.
- Eu também senti! Te amo, mamãe. Muitão! - ela me abraça de novo, mas acaba apertando em um lugar que ainda estava dolorido. Faço uma careta pela dor.
- Sofia, cuidado. Sua mãe ainda está com dodói. - desvio o meu olhar de Sofia em direção aquela voz e logo ele se cruza com o olhar daquela mulher do banheiro.
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Meu Pequeno Problema
FanfictionGizelly não acredita no amor, nem do que ele é capaz de fazer, até o destino resolver colocar em seu mundo uma menininha linda de quatro anos de idade, que lhe mostra que o amor pode surgir quando menos se espera. Aviso: Gizelly G!P (se não gostam...