Capítulo 09

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RAFAELLA 

Depois que Sofia expôs a todos que Manoela estava namorando, não demorou muito para que os pais deles chegassem na casa de Eusébio. Decidiram fazer uma Reunião de família. Eu até tentei ir para a casa de Gizelly com Sofia, mas não deixaram. Agora estão todos esperando a Manu chegar com o namorado. Para que, eu não sei. Acho besteira.

- Eu te avisei que às vezes eles são meio loucos. Você vai ver daqui a pouco. - Vitória sussurra.

- Eu acho isso um exagero. A menina tem o direito de namorar quem ela quiser.  - confesso no mesmo tom.

- Você se acostuma. - ela dá uma piscadinha e logo se senta ao lado do marido.

- Eu quero deixar bem claro que não sou contra o namoro dela, desde que minha filha esteja feliz! - Senhor Bicalho diz chamando a atenção de todos.

- Pai, é o Júlio! - Gizelly diz como se fosse a pior coisa do mundo. Não estou entendendo esse drama todo.

- E daí? - seu Roberto tirou as palavras de minha boca.

- Pai, esse cara não vale nada. Ele não sossega com uma mulher só. Esse é o problema. Ele não pode ficar com a minha irmã. - Gizelly diz como se o rapaz tivesse cometido um crime.

- Eu concordo com a Gi. Esse cara não para com mulher nenhuma, nossa irmã será só mais uma nas mãos dele. - Eusébio completa. Os dois tem muito ciúme da irmã. É como se eles quisessem a proteger de tudo.

- Olha só quem está falando. Você também não sossegava, Eusébio. Aliás, vocês dois. Logo, não tem moral pra cobrar nada. - Dona Márcia  diz enquanto brinca com Sofia.

- É isso mesmo, sogrinha. Só sossegou quando eu cheguei na vida dele. - Vitória mal termina de falar quando a porta é aberta, passando por ela Manu, o tal namorado e a Doutora amiga de Gizelly.

- Que reunião é essa aqui? - Manoela chegou perguntando.

- Boa noite! - a doutora e o irmão cumprimentam a todos e Sofia corre até Manu.

- Titia! - a baixinha a pega no colo e a abraça. 

- Como você tá minha princesa? Pelo visto não segurou essa língua né danadinha? - diz fazendo cócegas na minha filha.

- Pala Titia! - ela pede e ganha um beijo na bochecha da menor.

- Dá pra vocês explicarem o que está rolando? Marcela, por que permitiu o safado do seu irmão seduzir minha irmã? -  Gizelly pergunta de forma séria apontando o dedo em direção a amiga, mas intercalando o olhar entre os três.

- Bom família, como a Estrela já disse, estou namorando com o Júlio. E Gizelly, ele não me seduziu. Já tínhamos nos esbarrado algumas vezes no hospital, então apenas nos demos uma chance para nos conhecermos melhor. Marcela só fez a ponte porque eu pedi, inclusive pedi para que não falasse nada também até eu contar, porque eu conheço muito bem meus irmãozinhos. Então não a culpa por favor.

- Se você está feliz, eu fico feliz, filha! - Senhor Bicalho, diz sorridente.

- Obrigada pai.

- Vocês formam um casal lindo! - foi a vez de dona Márcia declarar.

- Obrigada! - os pombinhos disseram juntos. Manu coloca Sofia no chão e minha filha vem para perto de mim. A peguei no colo. 

- Porra Júlio! Tinha que ser logo com a minha irmã? E você Marcela, como pode me esconder isso?

- Gizelly, Sofia tá aqui! - a repreendo.

- Desculpa. 

- Tia Gi disse palava feia! - Sofia diz e tampa a boca com suas mãos. 

- Calma Gizelly, eu tenho a melhor das intenções com a Manu. - o rapaz finalmente se defende. - Além disso, não mandamos no coração. - completa abraçando a menor de lado.

- Vai largar a vida de balada para ficar com a minha irmã? - Eusébio pergunta em um tom acusador.

- Com certeza.

- Vão ficar encurralando a gente até quando hein, vocês dois? - Manu interrompe o irmão. - Você não tem moral nenhuma para falar de balada Baby.

- Eu gosto do tio Júlio. - Sofia diz sem ninguém pedir a opinião dela. Ela já age como se fosse da família.

- Estão escutando? Sofia, com quatro anos, tem mais maturidade do que vocês dois. - Manoela diz firme e minha pequena sorri.

- Eu tô com fome! Quando é que vamos comer? - Senhor Bicalho diz mudando o assunto. 

- Vou arrumar a mesa. - Vitória se levanta e vai em direção a cozinha.

- Eu te ajudo! - me levanto também levando Sofia comigo.

Jantamos quase todos juntos, Gizelly não quis comer com a gente. Ela ainda estava chateada com a amiga e a irmã. Apesar disso, o clima até que não estava ruim. Sofia e Gabriel, filho de Eusébio, colaboravam muito para animar o  ambiente. Depois que terminamos, ajudei com a louça e após me despedir de todos, voltei para a casa de Gizelly com Sofia.

Ela não estava em casa, aproveitei e dei banho na minha filha, e depois de passarmos um tempinho juntas brincando, ela dormiu. Tentou ir para o quarto de Gizelly, mas não deixei. Fiquei observando-a dormir enquanto meu sono não chegava. Até que um tempo depois ouvi barulhos vindo da sala. Me levantei com um pouco de medo, mas sem acordar Sofia, fui conferir o que estava acontecendo. Quando cheguei lá, encontrei Gizelly no sofá. Respirei aliviada, dentre todos os males, esse é o menos perigoso.

- Sofia já dormiu? - ela pergunta ao me ver na sala.

- Sim. Ela vai dormir comigo hoje. - digo firme e ela respira fundo.

- Vou sentir falta de sentir pezinhos me chutando durante a noite.

- Tenho certeza que não. 

- Sabia que você tem uma mania irritante de dizer o que a pessoa sente ou não?

- Engraçado, você tem milhares de manias chatas, e eu não fico te jogando na cara. - rebato. 

- Você só me conhece há dois dias.

- E isso já foi o bastante para formar a minha opinião sobre você. 

- Ah, é? E qual a sua opinião sobre mim? - ela pergunta arqueando uma das sobrancelhas. 

- Você é uma mulher mimada, chata, mandona, e pensa que o mundo gira em torno do seu próprio umbigo. - digo e ela ri.

- É. Você não me conhece mesmo.

- Você que não se conhece. Vai me dizer que não se comportou como uma mulher mimada hoje em relação a sua irmã? 

- Você não sabe de nada. Aliás, só o Eusébio me entende. 

- É impossível conversar com você. Desisto.

- Olha só quem tá fugindo de novo! Fala de mim, mas não sabe enfrentar nenhuma situação de frente. 

- Às vezes a melhor opção é fugir. Mas nunca vai entender isso. Olha para você, não se pode negar que é bonita, bem sucedida, tem dinheiro desde que se entende por gente, tem tudo que quer. Mas saiba que para a  maioria, viver não é tão fácil como é para você. 

- Se eu sou bem sucedida, foi porque eu batalhei. Não foi tão fácil como você pensa. E ao invés de ficar reclamando ou me lamentando, eu fui atrás do que sonhava.

- Como eu disse, nem todo mundo tem essa opção. - digo e em meio a um silêncio repentino, nos encaramos. Eu não gostava do jeito como ela me olhava. Me sentia frágil, como se ela estivesse descobrindo todos os meus segredos. Isso me assustava demais.

- Do que você tanto foge? A pessoa quer dinheiro? Se for isso eu dou um jeito, eu...

- Gizelly, eu já disse, te agradeço demais por tudo que você e sua família fizeram e tem feito pela Sofia. Mas não se mete nessa história. É o melhor para todos vocês.

- Talvez a gente consiga te ajudar. O que você fez? Por que ele corre atrás de você e da menina? Você pode confiar em mim, Rafaella.

- Boa noite, Gizelly! - me dirijo ao quarto, com os pensamentos a mil, porém, sem olhar para trás. Deixando uma Gizelly confusa e frustrada na sala.

Meu Pequeno Problema Where stories live. Discover now