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Lisa não admitiria nem para Jisoo, nem para si mesma, mas estava ansiosa em se encontrar novamente com Jennie Kim. Nas vinte e quatro horas desde o primeiro encontro pensara nela quase que o tempo todo. Sentia-se atraída por algo mais que sua beleza. Havia naquela mulher alguma coisa que a fascinava.

Deixou que a mente vagueasse por todas as palavras que haviam trocado durante a breve entrevista no dia anterior. A leitura de seu livro, Amor Perigoso, lhe proporcionara uma janela para a psique de Jennie. Na viagem de volta a Stinson, ela se descobriu a desfrutar as perspectivas do encontro iminente, a imaginar como ela reagiria, agora que a autoridade decidira que era uma suspeita numa investigação de homicídio.

A moça rica mimada brincando com fogo não era um tipo desconhecido das detetives de homicídios. Mas, em geral, quando a situação começava a
esquentar, as moças ricas corriam para a proteção de suas famílias.

Mas Lisa sabia, por intuição, que Jennie Kim não jogaria assim, pelo menos por enquanto. Estava ansiosa em verificar até que ponto ela podia ser pressionada... e como pressionaria em reação.

Jennie não pareceu surpresa ao vê-las. Na verdade, por uma fração de segundo, a expressão em seu rosto deixou transparecer um toque de prazer, como se estivesse emocionada por elas voltarem a bater em sua porta.

Vestia-se de maneira informal, um short e uma blusa de malha, com o logotipo de Cal-Berkeley no peito, em letras desbotadas. Não usava maquiagem e a pele parecia irradiar um viço intenso. Os olhos estavam brilhando. Não passara a noite lamentando pelo namorado perdido. Lisa foi
direto ao ponto:

-Sra. Jennie Kim, gostaríamos que nos acompanhasse à delegacia para responder a algumas perguntas.

Ela fitou-o em silêncio por um longo momento, um sorriso tênue contraindo os lábios.

-Estão me prendendo?

-Se é assim que prefere jogar.

-Só por curiosidade, será o ato completo, os direitos de Miranda, algemas, um telefonema?

-Exatamente como nos filmes, madame - prometeu Jisoo.

-Isso será necessário? - indagou Lisa.

Jennie Kim ainda hesitou por um instante, como se estivesse prestes a pagar para ver o blefe delas. Depois, no entanto, pareceu mudar de ideia.

-Não, creio que não será necessário.

-Então vamos embora - disse Lisa. - É um longo caminho de volta a San Francisco.

-Hum... posso vestir uma roupa mais apropriada? Só levaria um minuto.

Jisoo e Lisa acenaram com a cabeça.

-Ótimo. - Ela falou sem sorrir. Escancarou a porta e chamou-os:

- Entrem e sentem-se.

Depois, ela desapareceu num quarto ao lado da sala de estar. A casa na praia era um santuário da arte moderna, decorada com criações futuristas em ferro batido preto e cromados reluzentes.

Os móveis e quadros eram bonitos, mas o que atraiu a atenção deles foi o que estava na mesinha de café. Era uma pilha de recortes de jornais
amarelados, matérias antigas dos dois grandes diários de San Francisco, o Chronicle e o Examiner, com títulos que Lalisa conhecia muito bem.

DETETIVE FOI INOCENTADA NA MORTE DOS TURISTAS, bradava a manchete do Examiner. GRANDE JÚRI DIZ QUE MORTES FORAM ACIDENTAIS, anunciava o Chronicle. Havia recortes também dos dois jornais da contracultura mais conhecidos, o East Bay Express e The Guardian. Eram artigos longos que declaravam que Lisa era inocente, mas apenas porque fora a vítima de um sistema antiquado de costumes, que
tornava ilegal a venda e posse de tóxicos.

Atração Fatal | JENLISA G!POnde histórias criam vida. Descubra agora