Capítulo 64

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A Verdade Sobre Deyse

  Nunca passou pela cabeça da Dra Deyse, falar sobre seu amor por Baris para a esposa dele. O que Elis estava pedindo a ela, causava um certo mal-estar. No dia em que Baris e Elis entraram no consultório dela, Dra Deyse sentiu um impacto muito grande. Ela até se imaginou no lugar de Elis se tivesse lutado pelo amor de Baris na época. Agora tudo era passado, não tinha como voltar atrás.
- Por favor me diga, a mãe dele teve algo haver? - Elis implora para saber a verdade.
- Sra Tereza sempre se envolve em tudo. - Antes de continuar Dra Deyse suspira. - Eu logo desconfiei, quando você falou do teste de DNA. - Dra Deyse forçou um sorriso e continuou. - Eu fiquei muito surpresa em vê-lo casado com uma mulher negra. - Antes de continuar, Dra Deyse pressionou os lábios. - Como ela deixou, isso acontecer? - A pergunta da Dra Deyse, fez Elis reviver as sabotagens que Sra Tereza fez ela passar.
- Foi difícil, ela nos causou muitos problemas, mas conseguimos. - Elis deu de ombro e continuou. - Mas me conte, por favor. - Elis pede em tom de súplica.
- Na época, minha mãe estava em estado terminal de câncer. - Dra Deyse respira fundo para controlar suas emoções. - Meu padrasto era um canalha, eu estava tentando fazer faculdade de medicina. - Dra Deyse deu um sorriso forçado e continuou. - Eu gostava muito de estudar, passei no primeiro vestibular que fiz. - Dra Deyse ajustou os óculos no rosto. - No primeiro dia na faculdade, eu estava procurando minha sala, foi no corredor da faculdade que conheci Baris, ele me ajudou a encontrar a sala, que por sinal era a mesma que a dele. - Dra Deyse aperta as mãos um pouco nervosa. - Eu tinha dezessete anos e ele dezoito anos, ele era um garoto muito intenso... - Dra Deyse não terminou a frase, pois foi interrompida por Elis.
- Ele não mudou, é um homem muito intenso. - Elis fala forçando um sorriso.
- Na faculdade, ele era o centro das atenções, falando o português com o sotaque que encantava as garotas no campus. - Dra Deyse sorri com as lembranças. - Logo ele fez amizade com três alunos, os quatro não se separavam... - Elis a interrompeu de novo.
- Lucas, Patrícia e Verônica, eu os conheço. - Elis fala e pressiona os lábios.
- Isso mesmo, essa Verônica se achava dona dele. - Ao mencionar Verônica, Dra Deyse faz uma expressão de desgosto. - Quando ele se aproximou de mim, fiquei um pouco surpresa, por conta do preconceito racial e na faculdade tinha muito. - Dra Deyse cruza as mãos sobre a mesa e continua. - Verônica sempre tentava me afastar, mas ele fazia questão de me incluir em tudo. - Dra Deyse ao falar sorri com a lembrança. - Em um final de semana, ele levou eu e alguns colegas da faculdade para tomar banho de piscina na casa dele. - A expressão da Dra Deyse se fechou ao continuar. - Eu percebi o olhar reprovador da mãe dele em me, assim que cheguei. - Dra Deyse deu de ombro e continuou. - Eu fiquei muito deslocada, pois Verônica ficava o tempo todo grudada nele. - Antes de continuar, Dra Deyse estralou os dedos.
- Em um momento, ele me chamou para entrar na piscina e me pegou pela mão. - Dra Deyse se esforça para reprimir seu sorriso. - Quando entramos, eu falei que não sabia nadar, ele disse que me ensinaria a boiar primeiro, mas em vez de me colocar em posição de boiar, ele me abraçou, me prensou contra a parede da piscina e me beijou. -Dra Deyse desvia o olhar de Elis. - Foi nosso primeiro beijo, desculpe está lhe dizendo isso, você é a esposa dele. - O constrangimento é nítido no semblante da médica. - Enfim, namoramos por três meses. - Dra Deyse concluiu tentando encerrar o assunto.
- Tudo bem, por que você saiu da vida dele? Ele me contou que você sumiu sem deixar rastro. - Elis insiste em saber mais sobre a médica e o marido.
- Isso aconteceu, quando minha mãe morreu, meu padrasto estava me pressionando para deixar a faculdade para trabalhar e ajudar nas despesas da casa. - A médica respira fundo tentando conter as lágrimas que ameaça cair. - Foi aí que Sra Tereza apareceu em minha casa, eu até hoje não sei como ela achou meu endereço. - Dra Deyse seca uma lágrima que cai involuntariamente. - Ela me ofereceu moradia, dinheiro e uma vaga em uma faculdade em outra cidade para ficar longe de Baris. - Dra Deyse continua com a voz embargada. - Naquele momento, eu estava com meu futuro ameaçado por causa do meu padrasto, aceitar a oferta dela e deixar Baris para o bem do meu futuro, na época era a melhor opção. - Dra Deyse baixa os olhos fugindo da expressão de pena de Elis. - Então eu aceitei, se eu não aceitasse teria perdido a oportunidade de me formar na profissão que eu queria muito. Foi muito difícil, sofri muito, estava muito apaixonada por ele, mas meu futuro estava em jogo. - Dra Deyse funga e continua. - Eu já não tinha meu pai e minha mãe tinha acabado de morrer. Enfim, eu não tinha ninguém para me apoiar. - A doutora finaliza sua história, deixando Elis comovida. - Apesar de tudo que passei, eu hoje tenho minha profissão que sempre sonhei. - Dra Deyse entrelaça as mãos sobre a mesa e olha nos olhos de Elis.
- Eu sinto muito por tudo que você passou. - Elis diz com uma sensação de tristeza em ouvir toda a história da médica.
  Os dias se passaram, Elis não teve coragem de voltar para casa, ela ainda estava magoada com tudo o que passou. Visto que sempre que ela e Baris estavam juntos, tudo dava errado, ela preferiu viver sua vida só com sua filha. Baris já tinha pedido para ela voltar para casa várias vezes, mas Elis queria ficar o mais longe possível da sogra. Principalmente depois de saber de tudo o que a médica passou e o que a mãe dele faze com ela. Com o tempo, a verdadeira Dilara conseguiu se acostumar com Elis.
  Em um certo dia, de repente, Dilara teve uma gripe muito forte. Elis a levou para a emergência, o médico que examinou Dilara, depôs de ver os exames, informou que a gripe evoluiu para broncopneumonia. Elis ficou em pânico, Dilara ainda era muito novinha para passar por isso, então ela ligou para Baris.
- Alô, Baris? - Elis falou assim que Baris atendeu.
- Lis o que aconteceu, você e a Dilara estão bem? - Baris perguntou e fez sinal para que o paciente que ele estava atendendo esperasse um pouco.
- Não, estamos na emergência, ela está muito gripada... - Elis não conseguiu completar a frase.
- Onde vocês estão? - Baris perguntou sem deixar Elis terminar de falar.
  Elis informou a Baris o endereço do Hospital. Baris chegou, conversou com o médico de plantão, ele acompanhou todos os procedimentos necessários. Dilara ficou dois dias internada, Mara, Kelly e Baris se revezavam, para Elis poder ir em casa dormir algumas horas. Dois dias depois, Dilara recebeu alta, Baris queria levar as duas de volta para casa, mas Elis não aceitou. Elis queria permanecer em seu apartamento, depois de tudo o que aconteceu, ela tinha receio de voltar a viver com Baris.

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Entre o Amor e o PreconceitoWhere stories live. Discover now