LITTLE HAWK ー Clint Barton

008

"Algumas coisas simplesmente não podem ser divididas, não importa o quanto você tente."

Walker Bennet.

Quando consegui me concentrar na realidade vi um par de olhos azuis me encarando, bem de perto. Não sentia mais nenhuma parte do meu corpo a não ser a minha mão que ele continuava segurando, agora apertando, mas não me machucava.

— Você ainda sente o mesmo por mim, Walker? — Clint tomou minha atenção de volta quando me fez uma pergunta sugestiva, não pude deixar de notar seu tom de voz baixo e sua voz rouca que era absolutamente atraente.

— Eu...eu...— Senti minha garganta fechar e não consegui responder, nunca me senti tão intimidado quanto agora.

Ele levantou minha mão, cobriu um pouco o seu rosto mas eu ainda conseguia ver os seus olhos brilhando.

— Não precisa ter medo de me contar a verdade, nada do que acontecer nessa sala vai sair daqui. — Ele me intimidou mais uma vez com sua voz rouca.

— Eu não sei. — Menti, eu obviamente sinto o mesmo por ele, porra, sou louco por ele, mas não consigo simplesmente dizer isso.

Vi seu rosto ficar mais sério e seu cenho ficar franzido, eu acho que ele não gostou da resposta.

Levantei o olhar pra encará-lo de novo e todo meu corpo tremeu instantaneamente, seu olhar estava intimidador e sério, os olhos que antes brilhavam e refletiam agora estavam num tom de azul escuro que me intrigava.

Ele apertou minha mão uma última vez antes de solta-lá e me deixar livre de novo, eu o olhei confuso.

— Me diz a verdade. — Ele se inclinou mais pra frente. — Eu tenho o dia todo, posso esperar.

Respirei fundo na última tentativa de recuperar minha dignidade, revirei os olhos e ajeitei minha postura, deixando nossos rostos próximos de novo.

— Eu sou apaixonado por você sim, otário. — Senti toda a coragem do meu corpo me controlar agora, vi ele dar uma risada irônica como resposta.

Ele ficou com um sorriso irritante no rosto, parecia convencido e isso me fez revirar os olhos de novo.

— Eu sabia, você é péssimo em esconder as coisas. — Clint me respondeu, ouvi sua voz ficar um pouco menos intimidadora agora que estava acompanhada de uma risada convencida.

Eu neguei com a cabeça enquanto ria desacreditado, me levantei da cadeira e ameacei sair da sala, congelei um pouco quando ouvi sua risada desaparecer, não precisei olhar pro seu rosto pra saber que estava me encarando.

— 'Tá indo embora porque? — Consegui ver ele se levantando também, com os braços cruzados andou até o meu lado.

— A gente já conversou sobre o que precisava, agora eu tenho que trabalhar e você também. — Respondi ele com um pouco de ignorância, queria me sentir menos dominado ali.

— Calma pirralho, eu não terminei ainda não. — Ele veio se aproximando de mim lentamente, observei seus passos sem mexer um músculo.

Cruzei meus braços pra me igualar a ele apesar da diferença mínima de altura, pensei que estava conseguindo devolver a intimidação mas percebi que falhei quando ele voltou com aquele olhar de cachorro pidão que me fez perder toda a postura que eu tentava apresentar.

— Não me chama de pirralho. — Deixei sair as únicas palavras que conseguia falar antes de me entregar e me mostrar mais frágil.

— Quer que eu chame como? — Clint respondeu, me interrompendo um pouco. — Meu amor? Vida? Ou você não gosta desses apelidos?