51-Jogo de manipulação(?)

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O cenário era de uma tristeza profunda, onde o silêncio do cemitério ecoava como um eco da dor no coração inconsolável do pai. Sozinho, ajoelhado ao pé do túmulo da filha, Seo chorava a perda da pessoa mais preciosa de sua vida. Viúvo e sem parentes próximos, ele se sentia desamparado, como se uma parte de sua alma tivesse sido arrancada.

Lembranças da infância de Noara inundavam sua mente enquanto ele acariciava a foto em preto e branco, colocada com carinho sobre as coroas de flores. Ela sempre sonhara em ser bailarina, amava música alta e dançava pela casa com uma energia contagiante. Apesar de às vezes reclamar do barulho, Seo adorava ver a filha dançar, pois ela tinha a mesma beleza e leveza de sua mãe, que infelizmente partira cedo demais devido a um câncer.

— Deus, por que as levou de mim? — Seo questionava, lágrimas escorrendo por seu rosto enquanto soluços sacudiam seu corpo. — O que fiz de errado para merecer tamanho sofrimento?

As perguntas ecoavam no vazio do cemitério, sem resposta, apenas o som do vento sussurrando entre as lápides e o farfalhar das folhas das árvores. Seo sentia-se perdido em um mar de tristeza e angústia, sem consolo para a dor que o consumia quando uma mão grande e pesada repousou em seu ombro.

— Minhas sinceras condolências, senhor — O alfa expressou sua simpatia, observando o homem se erguer rapidamente e virar para encará-lo.

— Obrigado, mas quem é o senhor? — O senhor perguntou com uma expressão confusa, enquanto o outro se apresentava como representante do hospital SNUH, estendendo a mão em cumprimento. Logo, entregou um buquê de rosas brancas, que o senhor aceitou de bom grado. — Obrigado, mas o doutor Park já esteve aqui. Deixou uma coroa de flores e algumas rosas para minha Noara. — explicou.

— Então cheguei atrasado, me perdoe. — respondeu com cortesia.

— Tudo bem, eu agradeço. Rosas brancas eram as favoritas dela. — O senhor disse, lembrando-se carinhosamente da preferência da filha.

— Sinto informar que a diretoria do hospital informou que o doutor Park será afastado em breve. Ao que parece, devido a problemas pessoais que afetam sua capacidade de realizar cirurgias delicadas como a da filha do senhor.

— Você está insinuando que existe a possibilidade de ter ocorrido um erro médico durante a cirurgia da minha filha? — O senhor perguntou, sua voz carregada de angústia e incredulidade. — Me explica isso direito, por favor.

— Tudo que eu sei é que o hospital fará uma investigação. Ela não é a primeira paciente que perdeu a vida desde que o doutor Park assumiu a equipe de cirurgia ortopédica da ala de ortopedia no hospital. — O alfa encarou seriamente os olhos tristes do pai, fingindo compreender a profundidade de sua dor e ofereceu um abraço reconfortante, buscando transmitir apoio em meio à turbulência emocional do homem. — Eu sinto muito, senhor.

O sorriso vitorioso de Jun-Woo escondia sua verdadeira intenção, enquanto ele abraçava o homem com força, como se estivesse confortando-o em sua dor. No entanto, por trás da fachada de compaixão, havia uma manipulação calculada, uma armadilha tecida com habilidade para alcançar seus objetivos.

Enquanto Seo se entregava ao abraço, sem perceber a verdadeira natureza das intenções de Jun-Woo, ele se via envolvido em uma teia de mentiras e enganos. Cada gesto, cada palavra de conforto, eram cuidadosamente planejados para servir aos propósitos ocultos do alfa.

E assim, enquanto Seo buscava consolo em um momento de desespero, ele não percebia que estava sendo manipulado por alguém que via sua dor como uma oportunidade para avançar em seus próprios interesses. O abraço, que deveria ser um símbolo de compaixão e solidariedade, tornou-se, na verdade, uma peça em um jogo de manipulação cruel e calculista.

Amor por acaso- Jikook Where stories live. Discover now