capítulo 6

19 4 0
                                    

Três dias e duas noites, Fora o tempo que Wang Yibo passou sem ao menos ver a sombra de Xiao Zhan.

O moreno não estava em casa ou no trabalho, quando Yibo chegava, ele tinha acabado de sair ou nem sequer esteve lá.

Foi assim até a noite de hoje. Yibo estava sentado em seu quarto, rabiscando algumas palavras em seu caderno pessoal, quando viu um carro preto parar do outro lado da calçada, duas ou três casas acima na rua.

Dois garotos, não mais do que 20 ou 21 anos, desceram do veículo nunca parando de olhar para os lados. Pareciam com medo de que alguém os visse ali. O, aparentemente, mais novo, atravessou a rua em uma corrida curta, enquanto o outro bancava o macaco e escalava pelo muro até o telhado de uma casa de um só andar.

O Wang largara a caneta e cruzara os braços, apenas observando a cena como um espectador insatisfeito com o enredo da peça. Não demorou muito para que as luzes da rua se acendessem completamente, com um show de luzes. Numa casa próxima, alguém ligara uma música alta, anunciando uma provável festa ali.

E como se para confirmar, uma fila de carros começava a entrar na rua e parar diante dessa casa. Com todo o tumulto, os jovens foram obrigados a entrar novamente no carro e partir.

Nesse momento, Xiao Zhan caminhava a passos mais apressados que o normal, com o mesmo receio de ser visto dos garotos, como se estivesse fugindo de algo ou alguém, mas ao mesmo tempo não quisesse demonstrar.

Yibo não perderia essa chance, já descendo as escadas, e mal fechando a porta ao sair.

— Zhan-ge!

O moreno desviou os olhos dos carros luxuosos das pessoas que iam direto para a festa na casa vizinha, mas se arrependeu na hora que descobriu quem o chamava.

— ah... Yibo?

— Fui ao restaurante ontem, me disseram que era seu dia de folga?

— Ah, sim. Tenho folga uma vez no mês.

— Imendou com a licença por causa da ferida?

— Licença?

— Por causa do machucado no seu abdômen.

Na verdade, seu patrão não sabia do ocorrido, então, quando saiu da casa de Yibo no dia seguinte, agradeceu por ser segunda-feira e voltou ao trabalho no dia seguinte.

— Sim. Meu chefe Imendou. — mentiu.

Xiao Zhan não parecia com humor tão bom assim para bater papo, então sem a menor cortesia voltou a andar até sua própria casa. Porém, o castanho apenas o acompanhou novamente, caminhando ao seu lado, entre o moreno e a rua asfaltada.

— Não me deu notícias sobre sua recuperação. Xuan Lu me disse que acabaram por não ir ao médico, mas que você estava bem.

— E estou.

Antes que alcançasse o buraco da fechadura com sua chave, seu pulso foi tomado pela mão do mais alto. Dessa vez, não se recusou a lhe lançar um olhar de pura irritação.

— Eu comuniquei pessoalmente ao seu chefe sobre seu ferimento. Liguei para ele na terça a tarde por que sabia que você não trabalha as segundas. E ele é um babaca.

Zhan tentou se livrar do aperto em seu braço, mas sua relutância só fez com que Yibo segurasse o outro pulso, o prendendo contra a parede da casa.

— Você já estava de pé atrás do balcão naquele momento e ele me garantiu que você não iria sair por que estava sem pessoal naquela noite. Então, você não teve licença alguma, Xiao Zhan.

O hálito quente do demônio ardia contra seu rosto, e Xiao sabia que ele não iria soltá-lo até ter alguma explicação.

— Eu não sou de vidro. Eu estava me sentindo bem e permaneci bem a noite inteira, por que eu deixaria meu chefe na mão para que ele descontasse do meu salário?

— Eu cobriria o que ele descontasse.

— Eu mal te conheço, Yibo! — Seus rostos estavam tão próximos, e Wang não se conteve ao vislumbrar de relance os lábios do moreno outra vez, lambendo os próprios por impulso. — Fala sério, eu conheci um cara estranho e, aparentemente, maníaco no meu trabalho uma vez e, olha que coincidência, ele é meu vizinho!

" Ele me apresenta aos irmãos, muitos irmãos e eu não tenho ideia do que ele quer. Eu sou grato a ele por me ajudar com a porra de um problema que cabe a mim resolver. Mas eu não lhe devo satisfação alguma!"

Xiao Zhan se aproveitou de um momento de descuido e empurrou o Wang para longe. Yibo cambaleou para trás, vendo a raiva estampada na expressão do outro. Mas havia outra coisa marcada no olhar dele que não permitiria que o castanho se afastasse. Uma súplica por socorro, uma dor que ele não queria mais suportar.

— Sinto muito. Mas eu não acredito que seja só isso.

— não me importo com o que você acredita.

— Só preciso que saiba, que você querendo ou não eu vou te ajudar. Eu vou descobrir o que ou quem tá te machucando, Xiao Zhan. E quando eu descobrir, eu não vou mais me esconder.

Com isso, o Wang se afastou do moreno, voltando a sua própria casa. Com os músculos trêmulos, Xiao Zhan conseguiu finalmente entrar em casa e trancar a porta novamente.

Socou a parede uma vez. Depois outra e suas pernas desabaram, levando seu corpo ao chão. Agradeceu mentalmente por Xuan Lu não estar em casa para vê-lo em estado tão frágil nesse momento. Não conteve as lágrimas que rolavam incessantemente por suas bochechas.

O Protegido do Inferno Onde histórias criam vida. Descubra agora