capítulo 8

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Uma manhã agitada pegou Yu Bin desprevenido, tendo que deixar o café da manhã de lado para acompanhar Yuchen para algum lugar.

Até agora o mais novo não lhe dissera para onde estavam indo, e seu estômago estava extremamente insatisfeito com isso. Passando a frente de Yuchen, Yu Bin o segurou pelos ombros fazendo ambos pararem em seus passos, quase caindo.

— Tá legal, será que pode me dizer pra onde estamos indo?

— Não. Mas não vai ter comida lá. — respondeu sem muito humor e tomou a frente de novo. Com um resmungo, Yu Bin continuou seguindo-o.

Já tinha reparado que eles não haviam pegado o carro, então o local provavelmente era perto. Isso se confirmou quando Bin viu as casas começarem a desaparecer e eles entrarem em um bairro quase fantasma.

Não havia mais de duas ou três residências naquela rua, e ela era bem longa. As casas velhas e apodrecendo. 'como um humano poderia viver ali?'

Essa pergunta também foi respondida quando sentiu a aura maligna exalando das casas. Não havia uma alma viva naquele lugar, eram todos fantasmas. Um deles acenou para Yu Bin com um sorriso, e o demônio apenas acenou de volta.

Eles haviam entrado na rua do cemitério, que ficava bem em seu bairro. Na verdade, era pra lá que eles estavam indo. Yuchen foi o primeiro a entrar e começar a procurar alguma coisa.

— o que estamos fazendo aqui, Cao? — perguntou seriamente, já se esquecendo da fome que sentia.

— Procurando uma lápide.

— De quem?

— Xiao Zhan.

O choque foi tão intenso que manteve o rapaz paralisado durante alguns segundos, até que ele descongelarse e partisse para cima de Yuchen. Agarrou a gola do mais alto apertando cada vez mais.

— não se brinca com isso.

— Não é brincadeira. É mais do que sério, Bin.

Como se a força do outro demônio não fosse nada, Yuchen se libertou de seu aperto e o empurrou levemente para o lado, voltando a procurar.

— Se você ou os outros prestassem mais atenção nas coisas eu não pareceria um louco.

— você é louco.

— Xiao Zhan está morto. E essa é a prova. — finalmente apontou para uma lápide que estava coberta de folhas secas.

Yu Bin se aproximou lentamente, quase com medo do que poderia descobrir. Limpou gentilmente as folhas, e se fosse humano, teria morrido imediatamente.

Na lápide já um pouco gasta devido ao tempo, estava escrito em letras detalhadas;

Xiao Zhan

1991 - 2019

Um anjo que voltou para casa.

Vendo seu espant, Yuchen se levantou e o ajudou a fazer o mesmo. Passando a mão lentamente na frente de seus olhos, para fazê-lo retornar a si.

— Isso é impossível! — Gritou empurrando o mais alto, com sua garganta ardendo em mal estar.

— Nada é impossível, você sabe disso!

— Merda, Yuchen, você quer morrer?

Regras são sempre regras. Independente de onde são, sobre o que tratam e pra quem se aplicam. Demônios são almas depravadas, recolhidas e acolhidas pelo inferno. Mas uma alma ainda pode se dissipar completamente. E ao contrário do que se acredita no mundo humano, ainda há muitas maneiras de se acontecer.

— Yu Bin, se controla. — abaixou sua voz, se aproximando devagar do amigo magoado. — coisas estranhas demais vêm acontecendo depois que Yibo o encontrou. Pense; Nenhum anjo nos achava havia séculos, por que derrepente um é amigo dos nossos vizinhos? Por que os arcanjos desceram? Por que a Zi Yi foi chamada pelo Papai tão depressa?

Ao ouvir a última frase, o demônio baixou a guarda por um instante. — A Zi Yi está lá embaixo?

Yuchen apontou para o céu, onde nuvens cinzas carregadas de chuva pesada, ou até mesmo neve se amontoavam em cima de suas cabeças.

— Reunião do conselho? Isso só deveria acontecer uma vez a cada século!

— É disso que eu estou falando!

Soltando um xingamento baixinho, Yu Bin começou a fazer o caminho de volta. Yu Chen se apressou para segui-lo. Os fantasmas das casas abandonadas ainda os observavam as estreitas, cochichando entre si.

Ao se aproximarem do portão da casa, eles puderam ver o 'suposto' Xiao Zhan parado em frente sua própria residência, conversando com um homem desconhecido. Ele era alto, magro e esbelto. Cabelos brilhosos e em um corte parecido ao do moreno. Usava roupas simples, nenhuma jóia ou relógio, isso era bem descontrastante se comparado ao anjo que estacionou uma Lamborghini na calçada da última vez.

Se aproximando ainda mais, repararam que Zhan interrompeu a conversa propositalmente, os cumprimentando um pouco sem graça.

— YuBin, Yu Chen. — Meneou a cabeça duas vezes em direção a cada um.

— E aí, Zhan. Seu amigo? — Perguntou Yu Bin apontando para o rapaz.

— Ah, sim. YuBin, Cao, este é... Song Jyiang. Um amigo meu da antiga rua em que eu morava. Song, estes são YuBin e Cao Yuchen, os meus vizinhos.

— Você morava em qual bairro antes de vir pra cá, Zhan? — perguntou descaradamente, antes de ser discretamente acertado por um peteleco de Yuchen nas costas.

Naquele momento, YuBin sentia um misto de emoções; irritação, fome, mágoa e decepção. Todas disfarçadas em um sorriso tranquilo que direcionou diretamente ao moreno.

Cumprimentou Song Jyiang e logo se retirou, fazendo o outro seguir seus passos. Xiao e o outro permaneceram sua conversa na calçada após sua saída.

— Bin, você está bem? Eu não devia ter levado você ao cemitério.

— Eu estou bem, Cao. Eu só tenho que fazer uma coisa. — Subiu as escadas rapidamente sem dar mais explicações ao amigo preocupado.

Pegou em seu quarto uma caixa de bombons que estava guardada no armário e desceu novamente até a cozinha, pegando um pote de confeitos e polvilhando um pouco por cima. Sussurrou a palavra; protegum, e saiu pela porta.

Interrompendo outra vez a conversa dos dois homens, Yu Bin entrou na frente de Jyiang e entregou a caixa diretamente a Xiao Zhan.

— Bin? — perguntou surpreso.

— É só um agrado por... Nada em especial. Mas não divida! É apenas para você, ok?

Sem entender absolutamente nada, até por que já estava se acostumando a essa convivência estranha com os sete, Xiao Zhan assentiu e em seguida deu um sorriso iluminado, esfregando a mão nos cabelos do mais baixo.

— Obrigado, Bin.

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Explicaçãozinha soft:

Demônios ( na minha fic pelo menos) são formados através de almas fortemente amarguradas e depravadas com sua vida. Elas já pertenceram a corpos humanos, e enquanto vivas buscavam vingança e assassinato daqueles que o fizeram mal.

O que acontece depois que se tornam demônios, é que essa angústia e amargura se dispersam naquilo que mais caracteriza uma pessoa; suas emoções e sentimentos.

Demônios sentem todo tipo de emoção.
Eles podem ser minimizados e maximizados de acordo com o 'nível' de depravação dessa alma.

Então não estranhem se em algum momento eu mencionar eles tristes, irritados, magoados, felizes, e até chorando.

Demônios, de alguma forma, ainda são humanos.



O Protegido do Inferno Where stories live. Discover now