XXXIII. A Sensação do Triunfo

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Kieran já estava bem acostumado a viajar entre todos os tipos de reinos e até continentes, espalhar a sua fama pelos povos mais exóticos e performar os seus roubos nas situações mais extremas, mas entre todos os reinos em que tinha pisado, não conseguia lembrar de um só que lhe deixasse com uma sensação de alerta tão acentuada. E era uma sensação muito estranha e intensa, especialmente porque ele já tinha cruzado Táhir, ao norte de Arcallis, mais de uma vez em suas viagens de ida e volta de Brymoor, e daquelas vezes anteriores, não tinha passado por aquilo.

Para um ladrão, muito acostumado a ter olhos nas costas e perceber as aproximações de outros malandros de rua ou de guardas altamente treinados, andar pelas ruas de Táhir era como estar sendo observado por todos os cidadãos. Era como se toda a população daquele grande reino do norte fosse composta só de soldados, todos estavam lhe medindo, acompanhando e julgando cada um de seus passos, e dada a dificuldade de atravessar a fronteira daquela vez, ele supôs que fosse pelo simples fato de que ele tinha vindo de fora do reino.

Kieran já estava acostumado a encontrar informantes em bares e tavernas nas periferias das cidades mais movimentadas, entre bardos, outros ladrões e mercenários. Mas diferente da extensa troca de informações descaradas, ele só encontrou um lugar onde até os ladrões e malfeitores conversavam aos sussurros, o que só dificultava a sua intenção inicial de conseguir informações rápidas e retornar para Arcallis o quanto antes. E pelo andar da carruagem, tinha que ser o quanto antes mesmo, porque parecia cada vez mais difícil entrar e sair daquele reino.

Mais de uma semana tinha se passado até Kieran conseguir circular o suficiente dentro do reino para se inteirar com os criminosos, e informantes e finalmente ter uma resposta concreta do que estava buscando em Táhir.

― Lorde Bereket é o mais famoso colecionador do reino. Não dá pra ter certeza do tamanho da coleção dele, mas se é uma joia do sul que você procura, é provável que esteja com ele, ladrão.

Kieran ouviu a informação do homem esquelético e de olheiras fundas que estava sentado na mesa mais escondida no fundo da taverna menos movimentada de Táhir.

― Só isso? Provável que esteja com ele? Onde fica a coleção desse tal lorde então?

― Na casa dele, óbvio. ― o homem rodou os olhos pequenos por trás das olheiras marcadas.

― Eu vou mesmo ter que perguntar o óbvio? Onde é a maldita casa?

― Você me pagou pra saber quem pode estar com a joia, não onde ela está.

O ladrão rodou os olhos. Já tinha demorado dias só pra conseguir pelo menos conversar com alguém que entendia de Táhir, se perdesse a chance, ia ter que começar tudo de novo e, com o clima de tensão naquele reino estranho, bem provável que não conseguisse descobrir numa conversa casual na rua onde era a maldita casa.

Com um suspiro resignado, Kieran enfiou a mão na segunda camada interna da jaqueta e tirou uma pequena sacola de couro com pedras preciosas que tinha trazido de Arcallis, jogando-a na mesa na direção do informante. O homem estendeu a mão e puxou a sacola para baixo da mesa, sobre as pernas, abrindo e olhando o conteúdo com um sorriso entretido.

― Parece que seu trabalho é fácil nesse reino do sul, hm? Acho que esse tal Anjo da Morte não é mais tão mortal como todo mundo faz parecer. ― disse o homem.

― Onde fica? ― Kieran ignorou o comentário sobre Idris. Ele queria terminar sua breve aventura em Táhir o quanto antes. Aquele reino estava começando a lhe dar náusea.

― Se gosta tanto de pedras preciosas, ladrão, eu recomendaria que aproveite pra roubar o quanto quiser no sul. Logo, logo, não vai ser fácil assim roubar qualquer coisa naquele reino.

Chegaste ao fim dos capítulos publicados.

⏰ Última atualização: May 12 ⏰

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O Ladrão dos 13 Corações [Parte II]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora