Jun Wu - A Terceira Face do Príncipe • Livro 3

Chapter 531 Uma breve meditação sobre a morte

Capítulo 531 Uma breve meditação sobre a morte

Era exatamente como no cemitério, imersos no lago turvo.

Um momento que Jun Wu chegou a duvidar que fosse real, porque ele não queria criar falsas ilusões, seu medo em enganar a si mesmo era terrível, um temor pior que o próprio medo.

Dessa vez, ele não estava sozinho.

Tanto Heng Qian quanto Wu Chang miraram-se na reação atônita de Jun Wu ao sentir os dedos de Huan Shui se aconchegarem aos seus, como um filhote que se deita ao lado de uma lareira acesa na noite fria, o fogo crepitante tal qual um verdadeiro alívio.

Jun Wu tinha os olhos negros de obsidiana cravados no semblante doente do jovem demônio, os lábios de Huan Shui se moveram, mas sua voz era demasiado baixa.

E mesmo quando seus olhos abriram com considerável esforço, o globo ocular estava perdido, sem saber em que focar, as íris cintilando numa luz fraca.

Talvez, em sua infinita consternação, Jun Wu estivesse apertando demais a mão de Huan Shui, muito poder espiritual era passado para seu marido, mas seu coração pulsava tão rápido que era difícil controlar.

Assim que percebeu que Huan Shui estava dizendo algo, embora não soubesse se estava falando com sua pessoa, Jun Wu chegou seu rosto bem perto dos lábios que recitavam algo como uma prece inaudível.

— O que... — Jun Wu também sussurrou para ele. — O que está dizendo, A-Shui?... A-Shui...

Dentre os infindáveis murmúrios, o Daozhang se deu conta que seu marido dizia algo no idioma morto de Wu Yong e entre pequenas incongruências fragmentadas daquele dialeto... Conseguiu capturar com sua audição apenas uma ou duas palavras.

Estranhas e assombrosas, que esgotaram rapidamente a força dos dedos que antes buscavam os seus.

A mão de Huan Shui se soltou da sua e caiu sobre o corpo semi nu estendido na cama, os lábios tornando-se quietos e foi Wu Chang que fez com que o jovem demônio fechasse os olhos, a expressão do Sacerdote não era nada boa.

— Ele acordou por um momento?... — Heng Qian inquiriu, sua agitação interior ainda maior.

— Não... É péssimo, Huan Shui está novamente febril, devia estar alucinando... Posso preparar um remédio, mas nesse meio tempo vamos colocá-lo num banho frio.

Em outra situação, certamente Jun Wu acataria o pedido do banho frio de imediato, sem questionar.

No entanto, o Daozhang ainda estava preso ao toque em seus dedos, as palavras e a voz de Huan Shui.

— Não diga que A-Shui está apenas febril! — Jun Wu gritou repentino, após mira-se quase demoradamente no semblante moribundo da pessoa que amava. — Pode não parecer, mas ele teve um momento de lucidez... Sei que teve!

— Daozhang Jun... — Wu Chang estava nitidamente desconfortável. — Huan Shui não estava sequer enxergando, viu os olhos dele. Ele segurou em sua mão por mero reflexo... Não havia consciência em seus atos.

— O que estamos fazendo afinal?!... O que estamos esperando? — Jun Wu se exasperou, acariciando a testa, a cabeça de seu marido. — Quando o retirei do lago, agora ao segurar sua mão... Ele está morrendo lentamente! E tudo que eu posso fazer é preparar um banho frio?! Sacerdote Wu...

O Daozhang abandonou a beira da cama onde estava sentado e encarou o sacerdote de preto ainda com mais ênfase, uma seriedade dolorosa.

— Se há algo que eu possa fazer para que A-Shui viva, apenas diga! De outro modo, como eu posso ficar parado enquanto a pessoa que eu amo definha diante dos olhos? Em que Huan Yijun pode ser útil nessa altura? Não venha me dizer que um pai precisa se despedir de seu filho!