O início

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Vamos voltar pra o início!

Ninguém sabe como tudo começou. Quando nós passamos a existir... O que sabemos, no entanto, é que éramos poucos e vivíamos sendo estudados. O mundo dos humanos não era mais o mesmo. Agora eles tinham algo a se temer entre eles.

Não sabíamos se as histórias sobre termos sido transformados pela divina lua eram reais. Ou se quem acreditava que fomos transformados biologicamente em um laboratório estava mais perto da verdade.

Eu preferia pensar que a primeira hipótese era real. Me dava uma sensação de que éramos especiais de alguma forma. Que seríamos cuidados. Porque, por favor, quem seria louco o suficiente de misturar duas raças em um laboratório e soltar suas cobaias por aí, sabendo que poderia ser um perigo para amada humanidade. E porquê lobos? Não entendia.

O que sabia era que Os Primeiros teriam que se unir para sobreviver. A partir disso, é fácil pensar. Se juntaram, foram para as florestas mais afastadas da civilização, lutaram pelo seu espaço no reino animal. Sim. Agora, certos animais fugiam quando sentiam nosso cheiro. Éramos de fatos perigosos para eles, já que amávamos caçar.

Depois disso, criaram suas famílias. Crianças que eram como eles. Humanos e lobos. Mas cada vez mais parecidos com lobos. Pelo menos em natureza, em sentidos, em emoções. Parecia um retrocesso na biologia humana. Não eram eles que se gabavam de serem racionais entre os animais?

Depois de muito tempo e luta, chegamos ao ápice da nossa existência. Éramos muitos. Muitos ao ponto de o Governo humano ser obrigado a fazer acordos com nossos líderes. Nossos Alfas. Havia muitos alfas para dar conta de todas as alcateias. Tínhamos problemas internos, é claro. Mas a sobrevivência e o respeito entre os semelhantes nos mantinham em uma certa harmonia.

Até que aconteceu.

Os humanos estavam ficando assustados com tantos "lobisomens" a solta por aí. Fecharam muitas portas para nós. Passamos de poder trabalhar em certos postos humanos, para ter que caçar para sobreviver. Os animais sempre foram nossa maior fonte de alimentação. Mas até nisso os humanos mandavam. Eram eles quem produziam, quem vendiam para nós. A escassez matou muita gente. Então perdemos força diante do Governo. Ficamos reclusos para atender a um último tratado: de que nossas espécies não se misturariam.

Éramos agora separados por lei. Uma lei que não podia e não pode ser quebrada, afinal, é o que nos mantém vivos.

Agora, com tudo mais difícil para nós, nos sentimos presos. Presos a um certo limite de território. Presos a alfas que não ligam para nós.

Certo. Nem todos. Meu pai não era assim. Ele não era o melhor pai do mundo, pelo contrário, não gostava do fato de sua esposa só poder dar a eles mulheres. Ou que a única cria que sobreviveu a gestação e ao parto tenha nascido ômega. Mas como líder ele era um dos melhores. Um dos que ainda se importava se sua alcateia estava comendo e dormindo bem. Se estavam em segurança.

Era contraditório para mim pensar que o cuidado que não tinha para com os de dentro de casa era destinado às famílias que moravam perto a nós. Mas os Alfas têm realmente um laço com sua alcateia. Eu não entenderia. Minha mãe parecia entender melhor, eu acho. Nunca os vi brigando de verdade. Eram discussões baixas e civilizadas. Como se tivessem falando sobre o clima, não sobre problemas da alcateia ou "problemas" na minha criação.

Ele dizia que eu era mimada demais. Que queria atenção de mais de todo mundo. Mas ele errou. Eu só queria a dele. Eu o amava e pensar que ele podia não me amar me machucava. Mesmo assim eu o tratava com o maior respeito que uma filha e membro da alcateia poderia ter com seu Alfa. Ele e minha mãe eram minha vida. Vivia para dar orgulho a eles.

Por isso que sempre estava envolvida com os assuntos sociais da alcateia. Não éramos muitos, mas éramos felizes e estávamos seguros. Seguros dos humanos, seguros de toda a artimanha do Conselho. 

O conselho dos Alfas. Eles foram escolhidos quando ataques começaram a aparecer. Era o Governo humano. De novo nos atacando. Não sabia o motivo, mas havia rumores de que lobos quebravam a lei e iam até as cidades. Não sabia o que faziam lá. Mas não colocaria a mão no fogo por ninguém além da minha alcateia.

Tudo o que eu poderia pedir, era que a paz que reinava nela fosse para as outras alcateias. Eles tinham problemas internos demais de acordo com o que eu escutava atrás da porta do escritório do meu pai. Eu sabia que ele sabia que eu estava lá. Alfas sentem a aproximação, o cheiro e a presença muito antes do que o resto de nós. Ele só ignorava. Não é como se eu fosse fazer alguma coisa...


Contextualização da história! Ainda tem mais, mas virá no próximo capítulo. É onde esse (o segundo capítulo) se conecta com o primeiro. E a partir daí as coisas se desenvolvem.

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⏰ Last updated: May 25 ⏰

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