cap 52

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KADEN COLLINS.

O grito de Ivy ecoou pela casa, reverberando pelas paredes de tijolos como um trovão. A voz dela estava carregada de raiva e frustração, cada palavra um chicote que rasgava o ar entre nós.

— Por que você simplesmente não vai, Kaden? — ela vociferou, olhos faiscando. — Mason precisa conhecer você! Ele nem se lembra das historias que eu contei de você direito, sabia?

— Eu sei! — respondi, minha própria voz não menos irritada. — Eu sei, Ivy. Não precisa me lembrar. Mas o Apollo... você sabe como ele é. Ele não vai me perdoar tão facilmente por ter sumido esses anos todos.

Ivy cruzou os braços, seu olhar perfurando o meu. — Isso é uma desculpa esfarrapada e você sabe disso. Você está com medo. Medo de encarar as consequências dos seus próprios atos.

— E você está me empurrando direto para o olho do furacão! — rebati, minhas mãos cerradas em punhos ao lado do corpo. — Como se fosse fácil. Como se tudo pudesse ser resolvido com um simples "oi, estou de volta".

Ela riu, mas não havia humor naquele som. — Você sempre foi bom em fugir, não é, Kaden? Fugir dos problemas, das responsabilidades. Da última vez, fugiu de todos nós por quatro anos!

— Eu tinha meus motivos, Ivy. Você sabe disso! — gritei de volta, sentindo a raiva ferver sob minha pele. — E agora você quer que eu simplesmente apareça e aja como se nada tivesse acontecido? Como se o Apollo não fosse explodir de raiva ao me ver?

Ivy deu um passo à frente, a expressão dura. — Você deve isso a Mason, Kaden. Ele precisa de você. E sim, o Apollo vai estar lá. Ele vai estar com raiva, mas você tem que enfrentar isso. Você não pode continuar fugindo.

Fiquei em silêncio por um momento, tentando controlar a tempestade de emoções dentro de mim. — E se ele nunca me perdoar? — perguntei, mais calmo, mas com um nó na garganta.

Ela suspirou, a raiva em seus olhos suavizando um pouco. — Talvez ele nunca perdoe. Mas você tem que tentar, Kaden. Não pelo Apollo, mas pelo Mason. Pelo menino que tem vontade em conhecer o tio Kaden.

— Ah, claro. — Minha voz gotejava sarcasmo. — Porque entrar em uma zona de guerra emocional é exatamente o que eu preciso agora. Perfeito para o meu equilíbrio mental.

Ivy arqueou uma sobrancelha, sua voz igualmente sarcástica. — Porque você é um exemplo brilhante de estabilidade emocional, não é?

— Pelo menos eu não sou a rainha do drama, sempre tentando controlar todo mundo ao redor! — respondi, minhas palavras afiadas como facas.

— Melhor ser a rainha do drama do que o covarde que abandona todos à primeira dificuldade! — ela disparou de volta, sua voz era como um chicote.

Ficamos ali, nos encarando, ambos respirando pesado. Finalmente, Ivy balançou a cabeça, exasperada. — Faça o que quiser, Kaden. Mas lembre-se, o Mason precisa de você. Mesmo que você não ache que merece.

Enquanto ela se afastava, eu fiquei ali, sozinho com minha raiva e medo, sabendo que, de alguma forma, teria que enfrentar meus demônios. E talvez, só talvez, encontrar um caminho de volta para aqueles que um dia chamei de família.

Enquanto Ivy se afastava, minha cabeça se enchia de pensamentos conflituosos, cada um mais tumultuado que o outro. As palavras dela ecoavam como um martelar constante, cravando-se na minha mente. "Você está com medo." Ela estava certa, mas não conseguia admitir isso. Nem para mim mesmo.

Eu me sentia impotente, esmagado pela culpa e pelo medo. Quatro anos. Quatro anos que eu tinha desaparecido, me afastando de tudo e de todos. A raiva que sentia de mim mesmo era avassaladora, mas a enterrava sob camadas de frieza e indiferença. Ignorar a dor se tornara meu mecanismo de sobrevivência. Mas agora, enfrentando a dura realidade, isso não parecia ser o suficiente.

the labyrinth of IllusionWhere stories live. Discover now