capítulo 6

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sidney entrou no quarto do amigo, constatando que apesar de já passar das dez horas da manhã, ainda dormia.

não precisava ser expert em medicina para saber que a noite de diego não havia sido nada fácil, pelo horário que acordava, mesmo doente. ocupou a cadeira giratória presente atrás da mesa do amigo composta pelo computador.

começou a pensar no desprezo que tinha recebido desde que perdeu a família. a negação dos avós em recebê-lo por já criarem um primo seu, fruto de uma relação extraconjugal da filha que preferiram em lugar de sua mãe.

diego e pietro reacenderam suas esperanças de ter uma família. do jeito torto de ser, pietro era uma espécie de irmão mais velho. não poderia ser considerado pai nas circunstâncias em que vivia.

admitia ter certa dependência de filho pelo amigo, tendo dificuldade para amadurecer, achando não precisar se preparar para uma perca pois ambos eram quase da mesma idade. diego sempre estaria ali por ele. para quê ter tanta pressa para ser independente?.

sua criança interior ansiava tanto por uma figura paterna, que os anos foram passando e se perdeu ao saciar o desejo inconsciente.

— você está aí há muito tempo? — diego tirou o amigo do transe.

— aham. — respondeu cid.

— o que que foi?.

— nada! — tentou mentir.

— cid, eu te conheço! — diego insistiu.
sidney virou a cadeira para o amigo, decidindo ser sincero.

— eu falei tanto do seu pai, acabei de me dar conta que sou igual a ele. eu tô te dando o mesmo trabalho que ele te dava.

— vamos lá, antes de eu te achar uma anta por estar pensando isso, quero entender o que te fez pensar. — diego se sentou na cama trocando olhares com ele.

— eu não sou forte como você diego. e ao invés de eu te ajudar, deu estar firme por você, eu tô aqui, tentando aceitar que posso perder meu amigo. eu te dou trabalho como o seu pai, porque você fez de tudo por mim, e eu não faço nada por você, só fico sentado e observo. eu sou uma criança chorando que não quer perder o papaizinho, porque eu não sei como vai ficar minha vida se você for embora daqui.

— sabe qual é o seu problema cid? você duvida muito da sua própria capacidade. se acontecer alguma coisa comigo você vai viver, vai continuar sendo esse cara maluco, meio fora da casinha mas eu tenho certeza que vai ficar bem, sua vida não depende de mim porque tem muitas coisas em que você é bom e eu não entendo nada. por exemplo, você é enfermeiro, se alguém colocar uma pessoa doente na minha frente eu não vou saber o que fazer. o que você tem por mim não é dependência emocional, e meu pai tinha, porque quando eu queria confrontar ele fazia drama. você confunde a maturidade com seriedade, e mesmo que eu não seja tão brincalhão quanto você, a sua essência é ser alegre mesmo, até porque se não fosse por isso você e eu não teríamos uma relação boa. e não é errado você ficar preocupado comigo, o que é errado é você esconder, tentando ser forte quando não tá bem. eu não quero ver ninguém triste por minha causa, então quando você não tiver bem conversa comigo, aí eu mudo de assunto, encontro algum motivo para te estressar e tu fica irritado rapidinho. — os dois sorriram.
— tá bom, me desculpa pelo chilique! agora me fala, passou mal ontem à noite?.

— efeitos colaterais dos remédios, mas não cheguei a passar mal não. olha, eu vou te contar uma coisa você tem que me prometer que não vai fazer gracinha.

— não prometo nada você sabe que eu levo as minhas promessas muito a sério. — cid brincou.

— a mayara vai vir aqui hoje à tarde. — diego deu a notícia ao amigo.

Primeiro amor.Donde viven las historias. Descúbrelo ahora