CAPÍTULO XXV: Ondas de Memórias

17 7 16
                                    

❝ Nas águas turbulentas da vida, dançamos ao ritmo das enchentes emocionais, onde cada onda carrega memórias e sentimentos que moldam nosso destino

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Nas águas turbulentas da vida, dançamos ao ritmo das enchentes emocionais, onde cada onda carrega memórias e sentimentos que moldam nosso destino.

Sentia o meu coração bater tão acelerado que parecia prestes a saltar do peito, enquanto me preparava para o encontro com o Daniel. Perguntava-me se era realmente uma boa ideia ir, ou se deveria inventar uma desculpa para o evitar. Era sábado à noite e, desta vez, não ficaria em casa a ver os filmes de Star Wars, soltando gritos eufóricos por causa do Kylo Ren. Esta noite seria diferente: fui convidada para jantar num restaurante.

O Ocean Blues ficava à beira-mar e era conhecido pelo ambiente acolhedor, com uma mistura de elegância discreta e encanto rústico. Nunca tinha ido lá porque não se enquadrava no meu estilo de vida, mas via frequentemente pessoas influentes a frequentarem o espaço, e admito que o lugar era realmente bonito, com a sua fachada em vidro que permitia uma vista incrível do oceano.

A ansiedade consumia-me, mas ao mesmo tempo sentia-me entusiasmada com a ideia de passar mais tempo com o Daniel. Escolhi um vestido roxo que realçava o tom da minha pele, combinando-o com botas pretas de salto e um casaco de couro macio, para me proteger do frio que sabia ser forte à noite, naquela zona costeira. O vento ali era cortante, e o barulho das ondas que rebentavam contra as rochas trazia uma espécie de tranquilidade. Peguei na minha bolsa e, hesitante, coloquei o colar que ele me oferecera. Não sou muito de usar acessórios, mas naquela noite queria estar perfeita. Ou melhor, queria estar perfeita para ele. Um pensamento perigoso... Não deveria fazer isso apenas por ele, mas não conseguia evitar.

Passei os minutos seguintes em frente ao espelho, analisando cada detalhe. O meu cabelo caía em ondas suaves pelos ombros, e pela primeira vez em muito tempo, sentia-me bonita. Decidi que não era apenas para ele, mas para mim também. Hoje, eu queria sentir-me confiante.
Esperei nervosamente até que o Daniel chegasse para me buscar. O som da buzina do carro despertou-me dos meus pensamentos.

O seu sorriso caloroso dissipou parte da minha ansiedade, e senti-me mais confiante ao seu lado. O cheiro do perfume dele, leve mas envolvente, parecia abraçar-me quando entrei no carro. No caminho, o silêncio entre nós era confortável, apenas preenchido pela melodia suave de "Change", da LAUREL, que tocava no rádio. Por vezes, ele olhava para mim, e aqueles breves momentos de contacto visual faziam-me sentir que palavras não eram necessárias.
Quando chegámos ao destino, algo me pareceu estranho. O Daniel tinha reservado o restaurante só para nós dois.

Fiquei surpresa com o gesto, mas também aliviada. Sempre tive vergonha de comer à frente de outras pessoas, e isso tornava a situação mais fácil para mim. Será que ele sabia disso ou apenas quis tornar o momento mais íntimo? Não sei ao certo, mas de alguma forma ele sabia como me deixar confortável, sem invadir o meu espaço. A luz do restaurante brilhava como uma estrela isolada na escuridão da noite, refletida pelas ondas suaves do mar.

Ao entrarmos, fui recebida por um cenário encantador, com mesas elegantemente dispostas, cobertas por toalhas brancas e velas que lançavam um brilho suave. O ambiente era calmo, quase mágico, com o som distante das ondas a quebrar a monotonia do silêncio. O Daniel conduziu-me até à nossa mesa, estrategicamente posicionada junto à janela, oferecendo-nos uma vista panorâmica do mar. Assim que nos sentámos, ele segurou a minha mão com uma ternura que fez um arrepio percorrer-me a espinha. O toque dele era firme, mas ao mesmo tempo suave, como se dissesse sem palavras que eu podia confiar nele.

— Inês, estou feliz por teres aceitado o meu convite. — disse ele, com os seus olhos a brilhar de sinceridade.

— Também estou, Daniel. Este lugar é mesmo bonito. — Respondi com um sorriso, tentando esconder o nervosismo que me corroía por dentro.

Enquanto o garçom trazia os pratos, os nossos olhares encontravam-se sob a luz suave das velas. Havia algo entre nós, uma conexão palpável, que não se explicava com palavras. Cada movimento dele parecia cuidadosamente calculado para me deixar à vontade, como se conhecesse todos os meus receios, todos os meus pensamentos.

— Estás linda esta noite. — disse ele, com um sorriso genuíno. — Queria que esta noite fosse especial para ti, espero que estejas a gostar.

— De verdade? — Respondi, demorando um pouco a encontrar as palavras certas. Bebi um pouco do meu sumo para ganhar tempo. — Não sei bem o que dizer, mas obrigada pelo teu esforço.

O jantar correu tranquilamente. Cada momento parecia mágico. O Daniel era atento, e ouviu-me com uma atenção quase rara, como se cada palavra que eu dissesse fosse uma peça de um puzzle que ele tentava montar. Era gentil, e a sua companhia era como um refúgio, afastando a minha ansiedade e deixando apenas uma paz silenciosa. Falámos de tudo e de nada, partilhando risos e olhares cúmplices, que diziam mais do que mil palavras. A cada momento que passava, sentia-me a afundar mais naquela noite, como se fosse um sonho do qual eu não quisesse acordar.

— Acho que nunca fiquei tão contente por te ter conhecido nas circunstâncias em que nos cruzámos. — disse ele, de repente, com uma honestidade que me desarmou. — Nunca conheci ninguém como tu, Inês. És especial... única.
As suas palavras fizeram-me sentir algo que não esperava. Senti borboletas no estômago e uma espécie de calor a subir-me pela garganta.

— Eu também sinto o mesmo. — Respondi com sinceridade, mesmo que uma pequena parte de mim ainda estivesse receosa.

À medida que a noite avançava, uma sensação de paz e felicidade envolveu-me. Ao lado do Daniel, sentia-me como se o mundo à nossa volta tivesse desaparecido, como se existíssemos apenas nós dois, naquele momento perfeito. Quando o jantar chegou ao fim e o garçom trouxe a conta, percebi que algo tinha mudado dentro de mim. A ansiedade que sentia no início da noite transformara-se numa plenitude que me era desconhecida.

E ali, sob a luz suave das velas e com o som distante das ondas a bater nas rochas, percebi que estava a começar a sentir algo mais pelo Daniel. Algo mais forte. A cada segundo que passávamos juntos, o sentimento crescia.

Insidioso Encanto - Triologia Encanto Sombrio, Vol. 1Onde histórias criam vida. Descubra agora