CAPITÃO NASCIMENTO | VOCÊ VAI CUMPRIR?

Capítulo 3 - Que horas são?

Chegamos ao Batalhão e eu segui o percurso inteiro sem falar mais nada. Fiquei muito emocionada quando ele disse que devia tudo ao meu pai.. a saudade estremecia meu peito..

- Ah, você está aí, Capitã, tudo bem?

Neto me perguntava com o olhar preocupado.

- Oh, sim, foi um cisco que caiu no meu olho..

- E como foi sua primeira missão? Correu, tudo bem?

- Posso dizer que resolvemos de maneira eficiente e conseguimos resgatar a filha do Deputado.. Agora me diga, qual sua função aqui Aspirante?

- Eu cuido da oficina..

- E o que está fazendo aqui dentro?

Eu tinha que ser firme, ter amizades no trabalho não era minha praia.

- Eu vim falar com o coronel sobre umas peças e não obtive sucesso.. a senhora poderia me ajudar?

- As peças não são minha responsabilidade, melhor falar com o tenente responsável..

- Claro, obrigada..

Assenti com a cabeça e o mesmo me deixou sozinha em minha sala..

Passei o resto do dia lendo alguns boletins de ocorrência, Rio de Janeiro a cidade com mais criminalidade que eu conhecia, era boletim de todo jeito. Fui surpreendida com batidas na porta.

- Pode entrar!

Era ele, Capitão Nascimento.

- Boa tarde Capitão, em que posso ajudar?

Ele me olhava esquisito, certo, ele era esquisito.

- Os meninos vão sair pra beber.. a gente quer saber se vem também?

Era um convite entre colegas de trabalho? Tá aí que eu fui surpreendida.

- Oh.. muito legal da parte de vocês, mas eu não acho legal esse tipo de entrosamento..
Ele revirou os olhos com minha resposta.. acho que peguei pesado.

- Eu disse que era uma má ideia, e ainda colocaram eu pra vim aqui. Bando de filha da puta..
Ele falou baixo mas eu ouvi mesmo assim.. Fiquei pensativa e por fim falei:

- Desculpe, fui muito grossa. Eu vou com vocês..

- Tá, mas já te aviso. Não vai no Papinho do João.
Fiz uma careta e ele riu. Eu nunca ficaria com um colega de trabalho.

Saímos cada um em seu carro e paramos em um bar a seis quadras da li. Era bem discreto por fora, mas por dentro era um caos.

- Ow seu Jorge! Chega aí..

Pardal falou alto e ergueu a mão para chamar atenção do homem.

- Quanto tempo.. achei que tinham sido mortos..
Achei um absurdo mas percebi que só eui tive essa reação, todos caíram na gargalhada. Todos eu digo, Pardal, João, Matias, Neto e o Capitão. Estava me sentindo deslocada..

- E essa gatinha? Vai me dizer que trouxeram outra vez uma mulher do cabaré pra cá?

Arregalei os olhos e fiquei furiosa.

- Ei, ei, ei. Seu Jorge o que é isso? Essa é a nossa nova Capitã, a Lima. João segurou no ombro do homem.

A expressão do garçom mudou drasticamente e eu não ri para manter a postura de brava.

- Mil perdões, eu fui muito antiético com a senhora. É que bonita e delicada como a senhora nunca imaginaria..

Nascimento o interrompeu e o indicou que queria uma cerveja. Ele seguiu bar a dentro para realizar o pedido.