capítulo 35

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NARRADOR POV

Algumas horas se passaram desde o sequestro de S/n. A noite virou dia, fazendo a garota se perguntar a quanto tempo estava presa. Tudo parecia passar lentamente, como se um minuto se transformasse em horas.

S/n ainda continuava de cabeça baixa, lutando contra a vontade súbita de desmaiar. O ferimento profundo em sua coxa ainda vazava sangue, estando sem nenhum cuidado. Já estava dando indícios de que estava começando a infeccionar, assim como todas as outras feridas em seu corpo que ardiam em contato com o suor de sua pele. Piscava lenta e dolorosamente, como se estivesse quase caindo no sono, mas se recusava a isso. Sua boca, que estava horrivelmente inchada, estava seca, a fazendo desejar por uma gota de água que pudesse molhá-la. A saliva já não está mais suficiente e se transformou em um gosto terrível de sangue na qual ela desistiu de cuspir.

Finn não entrou mais em contato, e S/n se perguntava o que estava acontecendo lá fora e se eles tomaram o controle da situação. Ainda está esperando. Ainda está lutando. Confiava sua própria vida em seus amigos e sabia que iriam vir a qualquer momento.

A porta se abriu. Saltos batiam contra o chão e ecoavam por todos os lados, mas S/n não fez questão de levantar a cabeça para ver o que a aguardava. Na verdade, não tinha forças para isso.

-- hora do almoço. -- a voz de Millie chamou a sua atenção.

Almoço? Não tinha nem café da manhã. Era tão tarde assim?

Uma bandeja foi posta a sua frente, fazendo S/n quase vomitar com o cheiro. A comida parecia podre. Era uma sopa escura, que soltava pequenas bolhas nojentas. Havia farelos de alguma coisa dentro e uma colher ao lado do prato, como se S/n pudesse se soltar e começar a comer sozinha.

-- não me diga que não está com fome. Meio grosseiro desperdiçar comida. -- Millie falava em um tom irônico, debochando da situação em que a outra se encontrava -- vamos, coma.

-- não posso...-- ela sussurrou, sem forças -- estou presa.

-- ah, nossa. Desculpe, eu não havia notado. Que feio da minha parte. -- ela riu. Riu como se fosse a cena mais engraçada que já presenciou -- tudo bem. Solte-se e coma. Ou a comida vai esfriar.

S/n não pôde ver nada, apenas escutar com a cabeça abaixada toda a humilhação. Millie voltou para a porta de entrada e saiu, deixando a garota se perguntar o que havia dentro daquele prato.

Se perguntava se Sadie e Finn estavam bem. Se estavam realmente vindo. Se segurava na ideia de que a qualquer momento, os tiroteios começassem.

Do outro lado, Finn reuniu todo o grupo com o armamento que iriam utilizar. Todos fardados, usando coletes a prova de balas escudos de proteção. Sadie e Finn também haviam colocado coletes.

-- ESCUTEM TODOS! -- gritou Finn, chamando a atenção de cerca de cinquenta subordinados -- TEMOS UMA ÚNICA MISSÃO PARA HOJE. A NOSSA CHEFE FOI CAPITURADA E ESTÁ SENDO MANTIDA EM CATIVEIRO, SEM COMIDA, SEM ÁGUA. --

Sadie sente seu peito apertar ao imaginar todo o sofrimento que S/n estava passando. Respira fundo e tenta se manter no controle de sua própria mente, pois precisava estar totalmente sã para o que viria a seguir.

-- TEMOS QUE RESGATÁ-LA! -- continuou Finn -- EU NÃO SEI O QUE NOS AGUARDA MAIS A FRENTE, MAS DE ACORDO COM A DESCRIÇÃO QUE RECEBEMOS, ELES TEM UM PORTE GRANDE DE ARMAS, GASOLINA E PÓLVORA, ENTÃO UMA EXPLOSÃO DEVE SER EVITADA ATÉ QUE S/N ESTEJA FORA E SEGURA, ENTENDIDO? --

-- SIM, SENHOR! -- todos dizem de uma só vez, pegando Finn e Sadie de surpresa. Cameron sorria ao lado de Finn, orgulhoso pelo grupo.

-- O PLANO É O SEGUINTE...--

Do outro lado, S/n voltou a ser torturada novamente. Gritava, sentindo seu pulmão rasgar a cada unha a ser arrancada de seus dedos. Os gritos preenchiam a sala, fazendo Millie que assistia a tudo sorrir vitoriosa.

-- POR FAVOR...-- ela implorou. Tudo doía tanto que sentia que estava prestes a morrer.

Mas não era o suficiente. Millie queria que ela implorasse pela morte. Queria ouvir as palavras sair de seus lábios e apreciar o som. S/n nem sequer conseguia ouvir seus próprios gritos, pois os socos em seus ouvidos a deixaram momentaneamente surda.

-- ME MATA LOGO! -- ela chorou.

S/n finalmente chorou e esperou por mais uma unha a ser arrancada. O homem parou o seu trabalho e olhou para Millie, esperando sua próxima ordem.

-- que triste. Uma mulher tão linda assim querendo morrer? -- debochou e cruzou as pernas -- acho que está cedo, não é?

Ela negou com a cabeça, e fez um gesto para que o homem continuasse. Ele larga o alicate na mesa dos matérias que usava e pega uma garrafa de álcool, tirando a tampa e despejando tudo sobre o corpo frágil de S/n.

Ela nem sabia que ainda tinha forças para gritar, mas ainda gritava. Sua garganta já havia rasgado por dentro há muito tempo se praticamente estava sem voz. O álcool escorria e pingava no chão, misturando com todo o sangue. Entrava de encontro as feridas e queimava a pele, fazendo um líquido amarelado e viscoso sair de suas feridas. Nunca sentiu tanta dor em sua vida. Minha sentiu nada parecido, mas agora sabe tudo o que suas vítimas passaram em suas mãos. Mas eles mereciam. Mesmo com toda a dor, não se arrependia do que havia feito. A dor que sentia era insuportável. Faria qualquer um implorar pela morte.

-- vamos mata-la? -- a voz grossa do homem se sobressaiu atravéz dos gritos.

-- agora não. Tire as calças dela. -- ela apontou.

O homem franziu as sobrancelhas.

-- para quê? --

-- eu sei que você está morto de vontade. Faça isso. -- ela disse.

S/n soluçou e chorou mais ainda. Não acreditava que iria vivenciar toda aquela era de sofrimento dilacerante novamente. Aquele sofrimento que matou lentamente a sua alma por dentro. Fechou os olhos com força, negando rapidamente com a cabeça e pedindo para acordar do pesadelo.

-- tudo menos isso...-- sussurrou, soluçando -- por favor...

O homem sorriu largo com a possibilidade de fazer isso. Ele largou a garrafa seca no chão e soltou o cinto, o tirando. Abriu o botão da calça e abaixou o zíper. Estava pronto. Millie apenas assistia tudo sem um pingo de emoção por dentro. Não sentia nada. Observou quando ele se aproximou da garota no chão e da força que ela fazia para que ele se afastasse dela.

-- faça isso rápido, tem centenas de caras lá fora que querem participar também. Tem que ter para todos. -- ela disse.

O homem assentiu. S/n parou de lutar e apenas aceitou. Estava fraca demais para conseguir lutar com um homem que era o dobro do seu tamanho. Ele sorriu ao notar e se ajoelhou a sua frente, pronto para desabotoar o botão da calça a mulher.

Foi interrompido com gritos e tiros do lado de fora, e olhou assustado para Millie, que parecia tão confusa quanto. Ela apontou para a porta com o queixo.

-- vá olhar. -- ele se levantou e abotou sua calça novamente, obecendo a ordem da mulher -- bem na melhor parte, não é?

Ela se levantou, sorrindo. Millie pegou as chaves das correntes que seguravam S/n e girou entre os dedos.

-- é uma pena você não poder sair daí, não é? O dia está lindo lá fora. -- zombou.

-- É UMA INVASÃO! -- foi ouvido do andar de cima.

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Eu te amo, S/n. E por mais que eu esteja dando a vida a você, você não merece todo esse mal. Meu bebê, você é alguém bom cujo a vida se resume a dor.

O LADO QUE VOCÊ NÃO CONHECE (SADIE SINK)Onde histórias criam vida. Descubra agora