Primeiro Beijo 💋

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2008

Mais um ano começava.
Era um ano de transições em minha vida. Praticamente um recomeço, já que o último não tinha sido nada fácil para mim.
2007 está na lista de coisas que não valem a pena serem lembradas. Está no topo da lista, bem acima do primeiro cafajeste que me fez sofrer.
Eu estava indo para o segundo ciclo escolar, para ser mais específica, a antiga quinta série. Comecei a deixar para trás as bonecas e a fase infantil, iniciando a adolescência. Como era de se esperar eu não tinha experiência nenhuma com relacionamentos.
E para ser sincera não era acostumada à chamar atenção dos garotos.
Com dez para onze anos, curvas era algo inexistente em mim. Não que eu fosse magrinha, bem longe disso.
Só que nesse ano, muuuita coisa mudou!

Sempre fui uma das mais altas da turma. Tenho cabelos pretos e ondulados. A propósito deixa eu me apresentar: Prazer, sou a Luiza, mas pode me chamar de Luh se preferir. Sou uma garota romântica, sonhadora e totalmente do mundo da lua.
As minhas melhores amigas na época, eram um pouquinho mais velhas. Dois anos de diferença, eu acho. Viviam conversando sobre paqueras, garotos, namoros...
Eu não tinha nem um pingo de noção de como realmente era ser paquerada. Porque aquelas gracinhas de meninos mais novos, não contam.
Todo o meu vasto conhecimento sobre beijos e olhares apaixonados, adquiri com muitas horas enfrente a televisão ao longo dos dias.

Obrigada Globo pelos filmes clichês da Sessão da Tarde.

Ou seja, era um conhecimento superficial.

Como disse antes, era uma fase de transição e tudo aquilo que eu desconhecia, em breve faria parte da minha vida.
Naturalmente meu corpo foi se transformando pouco a pouco. Era estranho ver essas mudanças no espelho e mais estranho ainda, foi perceber que agora os garotos me olhavam de uma forma diferente, principalmente um garoto específico, que vou denominar como João. Bem, não vou colocar aqui seu nome verdadeiro como uma forma de preservar sua identidade. Não que eu ache que ele vá ler essa história, mas isso é a tal da Ética né? !

Continuando...Tudo estava diferente esse ano. Talvez fosse apenas o meu modo fantasioso de ver as coisas , mas o fato era que estava mais divertido. Não conhecia direito os alunos das turmas mais velhas, pois quando cursava a quarta série, o recreio eram quinze minutos antes do restante das turmas. Agora, no segundo ciclo, quando dava 9:30 eu me sentia, uma super, mega, hiper, ultra adolescente, no meio dos alunos mais velhos.
Enfim... Passei inúmeros recreios ouvindo histórias sobre beijos. O que me causava um nó na garganta e infinitas borboletas na barriga. Como era "BV" não tinha fatos a compartilhar e nem o que opinar. Preferia mil vezes andar pelos pátios e corredores, rindo de qualquer besteira.

Observação: Eu fazia de tudo, para fugir quando o assunto era beijo .

Em um intervalo comum como todos os outros, uma colega de classe me pediu para fazer um favor. E foi nesse dia que minha pequena história de amor começou, e foi nesse dia também, que pela primeira vez a ideia de beijar um garoto, não me parecia tão distante.
O tal favor, era para levar um bilhete até uma garota que estava sentada perto da biblioteca. Sempre fui prestativa e não hesitei em ajudar.
Para chegar até a essa tal garota - que hoje nem me lembro quem era - teria de passar no pátio onde os garotos mais velhos costumavam se reunir para jogar conversa fora. Inclusive meu primo.
Resumindo: Quase um clube do Bolinha.
E a Luluzinha aqui, teria de tomar coragem e passar por ali.

Era um dia nublado . Não fazia frio, nem calor . A temperatura estava muito agradável por sinal.
Eu não estava vestindo nada de especial. Apenas a blusa de uniforme com o slogan da escola com letras verdes, calça jeans, e uma blusa de frio fina, na cor cinza.
Decidi guardar a timidez no bolso. Timidez essa que só aparece de vez em quando, ou melhor, só aparece nos momentos inoportunos.

Respirei fundo e comecei a caminhar calmamente.

Sempre fui do tipo que faz tempestade em copo de água.
Era simples, eu só precisaria passar rápido e a tortura de um ato bobo, chegaria ao fim.
Só que minha cabecinha de vento, não me deixava pensar coisa com coisa, na época.
Lá fui eu, muito insegura e com as bochechas pegando fogo.
E para piorar a situação, notei que estava sendo alvo de comentários e de certos olhares. Me virei rapidamente, e percebi que era João. Um garoto fofo, loiro e de olhos cativantes, junto de um amigo.
Ele sorria em minha direção. Diferente de hoje em dia não gostei nem um pouco daquela exposição. Lancei um breve olhar reprovador e posso arriscar a dizer que levantei meu dedo do meio pra ele. Lancei um último olhar, um misto de admiração e vergonha, continuando meu trajeto.
A volta foi um desafio. Segurei a respiração e fui com a cara e a coragem.
Hoje em dia me sinto super segura ao passar perto dos garotos e lógico adoro as cantadas que recebo , mas naquela época pensava que aquilo era o fim do mundo, ou um bicho de sete cabeças. Meu psicólogico não estava preparado para tantas novidades em relação aos garotos, em tão pouco tempo.
Apesar de ter estranhado o que tinha ocorrido no intervalo, quando cheguei em casa fiquei pensando demais naquele garoto. Eu só sabia o nome dele, então a curiosidade pairou sobre mim.
No dia seguinte resolvi contar para minhas amigas o que tinha acontecido. Enfim, teria um assunto interessante para dividir com elas. Só que como diz aquele antigo ditado: " Alegria de pobre dura pouco". Minha alegria foi dilacerada. Após relatar detalhadamente os fatos, uma de minhas amigas, contou que João ficava com uma colega dela, mas não era nada sério.
Que maravilha, o único garoto que realmente me interessei, já tinha Alguém . O que me revoltou, foi que eu sempre colecionava paixonites por caras super mais velhos, que jamais olhariam para mim, e o João era algo real, possível... até eu saber de sua ficante.

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