Primeiro Beijo 💋

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  Relutante decidi esquecer o que aconteceu naquele dia, afinal fora apenas um olhar, nada além disso.
Eu tentei. Juro que tentei esquecer, mas não passou disso; de uma tentativa.
Fracassei rapidamente.

   Passado alguns dias, notei que o João continuava a me olhar. O que me levou a pensar que ele era um galinha, mas não era, só para esclarecer.
   E quando menos esperava a tal garota que ele ficava, veio puxar papo comigo. No começo pensei que ela tinha vindo armar barraco, mostrar que o João tinha dona, demarcar território ou algo do tipo.
  Só que me enganei.
  Ela até deu forças para eu investir nele, o que achei muito suspeito.
Como não tinha um pingo de confiança naquela garota, e não queria que ninguém soubesse de minha pequena curiosidade por ele, bati o pé, e usei todo meu talento para as artes cênicas, e disse que não estava afim de ninguém.
    Da boca para fora, eu falava que não existia interesse pelo João, mas não dava para negar para minha mente. Meus pensamentos tinham dono.
Minha cabeça foi inundada por uma onda de João.
                   
                     *** ***

    A confirmação total de meu interesse - não que precisasse de uma... aconteceu em um final de tarde.
   Eu estava saindo do bar, enfrente a escola. Tinha demorado uns dez minutos lá dentro, pois adorava bater um papo com a atendente, que era praticamente a simpatia em pessoa. Nesse meio tempo de conversa, a mesa do lado de fora do bar, que antes estava vazia, agora tinha sido ocupada por dois rapazes. Rapazes esses, que só reparei quem eram, quando me virei no intuito de olhar o local da origem de um assobio.

FIU FIU..

Sim... era o João.

Ele me olhava e sorria. Constrangida, desviei minha atenção indo de encontro a algumas colegas.
  Começamos a conversar. Queria muito prestar atenção no assunto, só que meus olhinhos teimosos não me obedeciam de jeito nenhum, e iam direto para João.
  
    No outro dia, no mesmo horário me encontrei com uma amiga. Diferente da tarde anterior que estava ensolarada, nesse dia o céu estava cheio de nuvens pesadas e escuras. Conversamos bastante, e deixei escapar algo sobre o assobio. Eu tinha decidido não contar para ninguém, só que não resisti e contei tudinho. Ela então me disse que em certas tardes o João ficava na escola, para fazer reforço escolar.
  E como nos desenhos animados, uma lâmpada, junto de uma ideia travessa, surgiu em nossas cabecinhas, que na época eram desprovidas de juízo. Eu iria vir uma tarde para a escola. Assim poderia conhecer melhor o garoto que andava me tirando o sono.
    Só havia um pequeno problema. Não podia chegar em minha mãe e simplesmente dizer:

- Mãe estou indo ali na escola pra ficar de olho em um gatinho e volto às cinco.

  Então fiz a burrada de mentir para ela pela primeira vez.
Sério, não façam isso em casa.
É clichê, mas é a pura verdade, Nos momentos difíceis quem sempre estará ao nosso lado são as mães. Pode ser difícil contar certas coisas, mas tenho certeza que sua mãe não vai querer te passar a perna , já certas amigas da sua idade eu não garanto 100 % de lealdade.
   Hoje em dia, procuro não mentir mais. Conto sempre sobre meus pretendes e os paqueras. As vezes rola uma vergoinha de falar certas coisas, é natural, mas no geral conto tudo. Somos Bffs .💕
   Voltando ao assunto principal, depois de dizer que tinha um trabalho em grupo para fazer, só faltava saber o dia certo que o João  ficava na escola. Minha amiga se encarregou disso.
   Não me lembro bem se foi em uma terça ou uma quinta. Provavelmente foi terça.
  Combinei com essa mesma amiga, e voltamos para a escola depois do almoço.
O dia estava simplesmente espetacular. Acho perfeito aqueles dias em que o sol está radiante e o céu de brigadeiro. Da vontade de sorri o tempo todo, deixa a gente prontamente de bom humor.

  Nos encontramos e começamos a esperar, mas nada de João. Comecei a ficar impaciente. Não sou muito fã de ficar esperando por nada.
  Duas horas da tarde, e nem sinal dele. Pensei em desistir e ir embora... mas eis que surge do nada um amigo próximo a ele. Minha amiga se prontificou e foi até ele para perguntar sobre o João.
Tínhamos duas notícias:
- A notícia boa? Ele viria sim naquela tarde.
- A má notícia?  É que demoraria um pouco mais.

  Decidimos então dar uma volta na praça. Não sei se comentei, mas minha cidade é um ovo, bem pequena mesmo. E não tinha nada pra fazer lá na praça também. Hoje em dia aqui é bem melhor, colocaram  wi-fi lá e lógico é muito melhor esperar estando conectada né? !
  Depois de um tempo jogando conversa fora, decidimos retornar para a escola.
  Ao chegarmos lá, meu coração disparou consideravelmente, e minhas mãos começaram a soar.

Ele tinha chegado.

  Eu não sabia se ficava feliz por ele estar ali, ou irritada comigo mesma. Onde eu estava com a cabeça de passar uma tarde toda na escola só para ver um menino?
Pior é que eu tinha certeza,  de que não teria coragem de chegar nele para puxar uma conversa. Mas já que estava ali, não tinha mais volta.
  Só que os problemas não pararam no meu medo de me aproximar de João, a garota que ele ficava estava por lá também.
Como ela era colega da minha amiga, grudou em nosso lado, e não saiu mais.

Resumindo aquela tarde: Passei praticamente o resto do dia, passando em frente ao João incontáveis vezes. E ele mexia em todas elas, fazendo gracinhas , elogiando e Despertando em mim um sentimento desconhecido.
  No final do dia eu e a garota estávamos nos dando bem. E juntas decidimos ir ao banheiro.
Na minha escola na entrada do meio, tem uma porta estreita e feita de vidro, diferente dos portões laterais. Quando fomos para passar o João estava lá ocupando todo o espaço. Comecei a ficar nervosa, pois de qualquer jeito estaríamos em uma proximidade muito perigosa. A ficante dele foi na frente toda marrenta, ele retirou o corpo dando passagem a ela, então tentei ser rápida e passar junto antes que ele bloquea-se a entrada novamente. Mas ele foi mais esperto, e entrou na minha frente outra vez.
Ficamos próximos um do outro.
E pela primeira vez consegui olhar em seus olhos. Tudo a minha volta parecia ter perdido o sentido. Era apenas eu, ele e nosso contato visual. Os olhos castanhos aceleraram mais ainda meus batimentos cardíacos, senti algo inexplicável. E juro, até hoje quando relembro a cena, algo diferente desperta em meu coração.

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