ᶜᵒⁿˢⁱᵍᵒ ᵉˢᶜᵘᵗᵃʳ ˢᵘᵃˢ ᵐᵉⁿᵗⁱʳᵃˢ | 𝙺𝚊𝚣𝚞𝚝𝚘𝚛𝚊 𝚡 𝙼𝚊𝚕𝚎 𝚁𝚎𝚊𝚍𝚎𝚛

Shichi - Isso dói

A vida escolar se tornou algo que eu queria evitar a todo custo, principalmente depois de confessar meus sentimentos para Kazutora. As aulas eram insuportáveis e minha energia parecia acabar assim que eu pisava nos corredores. E o meu pai decidiu de repente que tinha alguma autoridade como pai, e não me deixava faltar às aulas.

Ainda aconteceu aquela conversa constrangedora com meu irmão, quando eu voltei da visita que fiz para o Kazutora. Eu queria morrer, mas acabei contando tudo e respondendo as perguntas de Kuroo, afinal além de irmão ele também ocupa um papel de pai na minha vida. Não escondo nada dele.

Flashback

Depois de sair da visita, Ryusei me acompanhou até em casa, no caminho de volta acabamos conversando sobre assuntos diversos, e eu acabei me comprometendo a ajudá-lo nos estudos, pois tinha uma prova chegando, e ele não podia mais dar vacilo ou seria expulso. E sua mãe o mataria.

Eu queria perguntar para Ryusei o motivo de Kazutora ser preso, mas me contive ao lembrar da promessa de Kazutora. Ele iria me contar tudo assim que saísse.

Quando eu estava atrás daquele vidro, eu não conseguia ouvir seus pensamentos, para que eu consiga ouvir o pensamento de outra pessoa, é preciso que seja contato visual direto, sem nenhuma lente, vidro ou óculos entre os olhos. Não conseguia escutar oque Kazutora estava pensando, mas mesmo assim, conseguia saber que ele havia mentido ao dizer aquilo.

Assim que chegamos em casa, eu convidei Ryusei para entrar e tomar água antes de ir embora, mas ele agradeceu e negou o convite, dizendo que precisa ir rápido em algum lugar. E assim ele foi embora, e eu destranquei o portão, antes de entrar vi Kenzo (meu pai) chegando em casa com algumas sacolas, mas não era comum ele ir ao mercado. Ele nem mesmo gostava de sair de casa.

Eu iria apenas entrar e ignorar completamente o que vi, mas ele me chamou. Eu fechei os olhos e respirei fundo antes de me virar em sua direção e andar até ele.

— Você precisa de ajuda? - Perguntei em um tom baixo, sem olhar para ele.

Eu sinceramente agradeceria se ele negasse, mas infelizmente não foi oque aconteceu.

— Sim, por favor. - Com a resposta dele, eu peguei de sua mão algumas das sacolas.

Comecei a andar até o portão novamente, sendo seguido por Kenzo, que vinha logo atrás de mim. Eu conseguia sentir seu olhar nas minhas costas.

— Como está indo à escola? - Meu pai perguntou de repente.

Em olhar para ele, ou seja, sem olhar para trás, eu o respondi com o mesmo tom de voz que costumo usar com ele.

— Normal, tenho uma prova chegando. E vou ajudar um amigo a estudar também. - Apesar de não gostar nada do Kenzo, ele ainda era meu pai de sangue, e por tanto eu o responderia com respeito.

Escutei ele soltar um som surpreso, abri o portão novamente e nós dois entramos, apenas soltei o portão e ele trancou sozinho após bater a tranca.

— Fico feliz que já fez amizades, e tenho certeza de que você irá bem na prova. - Ele declarou otimista, mas era de fato verdade.

Não é querendo me gabar, mas eu sou inteligente pra' caramba', e sempre tiro as melhores notas nas provas, de qualquer matéria, exceto educação física. Eu com certeza não sei nada sobre saúde humana ou exercício físico e esporte, sempre chuto nessas provas.

— Obrigado. - Respondi simplista, sem nenhuma emoção de um verdadeiro agradecimento na voz.

Assim que entramos finalmente em casa, fomos até a cozinha e coloquei as sacolas que eu carregava, em cima no balcão de mármore.