Capítulo 22

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—Por que esse parto demorou tanto, doutor? — Pergunta Lianna ao entrar desesperadamente na sala.

—Tivemos que fazer uma cesárea por falta de dilatação na garota, senhorita Lianna. — Explica o doutor.

Por sorte Lianna não percebeu que Steven também está na sala. Quando eles levarem minha filha terei que fingir uma mãe desesperada, para que ela não perceba nada.

Ela se aproxima de Steven e observa cautelosamente a criança.

—Qual o nome? — Ela pergunta encantada.

—Sofia. — Digo encarando-a com ódio.

—Ótimo. Levem a criança para maternidade. A mãe, levem para a Divisão dos Cobaias e vejam se ela vai prestar ainda. — Ordena Lianna, fazendo gestos com as mãos indicando os lugares que seremos levados.

—A criança precisará de leite materno... — começa o médico, mas é interrompido grosseiramente por ela.

—Eu sei disso. A mãe poderá amamentar a criança até que ela esteja saudável. — Ela me encara ao dizer isso.

Sinto um alívio, pois poderei ficar com minha filha. Chegou a hora de eu pensar na cena que farei de mãe desesperada para que Lianna não descubra nosso plano de fuga.

—Por favor, Lianna. Deixe-me ficar com minha filha! — Grito e começo chorar.

—Cale a boca garota. Assim vai assustar a criança. — Ela alerta.

Todos vão saindo da sala e Lianna segue atrás de Steven que segura nossa filha. Marlow cuidará de mim e Jeremy cuidará de minha bebê também.

***

A Divisão dos Cobaias não é tão tenebrosa como o imaginado, aqui até que é confortável. Tudo branco como sempre, esse local que estou é bem parecido com o local que cuidei de Brian quando estava machucado. Portas de vidro e salas para todos os lados. Aqui não há divisão de meninos e meninas, pois estamos todos juntos.

Marlow se aproxima de mim.

—Como está se sentindo?

—Estranha. Várias partes do meu corpo doem. Principalmente a região que levei os pontos... —Digo para ele.

Estou deitada em uma cama, bem confortável por sinal. Mal consigo me mover, qualquer movimento que faço sinto dores fortes.

—Isso é normal. Você sentirá um pouco de dor nos próximos dias. — Avisa ele.

A noite se aproxima, não há janelas aqui, só sei que está anoitecendo por conta de um relógio grande que há na parede. Mal vejo a hora de ver minha filha novamente.

Amanhece rapidamente e ouço a porta se abrir. Steven se aproxima de mim com Sofia no colo. Ela está enrolada em um pano branco e está usando um macacão rosa, está linda.

—Hora de mamar! — Fala Steven olhando para ela e depois para mim.

Com uma mão ele me ajuda a sentar um pouco na cama. Fico confortável e ele me dá ela. Pego-a com o maior cuidado que consigo.

—Olá, minha florzinha. — Digo olhando-a.

—Dormiu bem, amor? — Steven pergunta preocupado.

Ele está usando roupa de médico ainda e acho-o lindo do mesmo jeito.

—Sim. Apenas tive algumas dores. Nada demais. E você? — Pergunto.

Steven assente com a cabeça.

Sofia me olha de uma maneira que me deixa encantada. Estou usando uma camisola branca bem larga. Seguro ela próximo ao meu seio e quando percebo ela já está mamando, o que é maravilhoso.

—Amor, será amanhã de manhã. Virei buscar você. Trarei Sofia comigo e então fugiremos pelos fundos. — Explica ele. —Temos uns dez minutos para sair do prédio, dentro de dez minutos o sr. Harris e os outros colocarão gasolina em tudo. Quando todos estiverem para fora no prédio, menos Lianna, ele colocará fogo em tudo.

—Como Lianna ficará presa aqui? — Pergunto curiosa.

—Isso é trabalho meu. Ao sair da sala dela eu trancarei a porta e aquela desgraçada queimará. — Diz ele e seu olhar me mostra um alívio.

Sofia termina de mamar e acaba dormindo, dou-lhe um beijo suave na testa e a entrego para Steven, que voltará para a maternidade com ela. Ele me dá um beijo e nos veremos só amanhã.

—Tudo dará certo, meu amor. Eu amo você. — Sussurra ele em meu ouvido.

—Também amo você. — Digo e ele se retira da sala.

***

Meu coração não aguenta mais de ansiedade, hoje é o dia da fuga. Logo Steven virá aqui com Sofia para que finalmente possamos sair desse lugar horrendo, mal vejo a hora que eles cheguem. Espero que dê tudo certo.

Uma memória vem em minha lembrança, minha mãe e meu pai, quando eu conseguir fugir daqui eu poderei vê-los novamente, poderei abraçá-los e nunca mais soltá-los. Quando fugirmos começaremos uma nova vida, uma vida diferente de todas que eu pude imaginar para mim e para minha família. Estou pronta para construir uma vida nova e ela começa com a fuga de hoje.


SofiaWhere stories live. Discover now