Acordei com batidas na porta. Não lembro de ter dormido, mas pude deduzir que foi depois das duas da manhã. Estava cansada e de ressaca.
Com as pernas levemente bambas, me levantei e fui até a porta. Olhei para onde havia dormido: sofá. Ao lado, a garrafa de bebida jazia caída no chão, deixando um pequeno rastro de uísque ali. Ao redor, bitucas de cigarros e cinzas que deixei O saciar minha necessidade do álcool e buscar outra. Merda... Precisava de um cinzeiro. Do maço de cigarro, sobrou cinco.
Abri a porta. Por que diabos estava aberta? Me perguntei mentalmente. Isaac havia me dito ontem que ela só ficaria aberta quando eu fizesse trabalhos ou quando fosse a vontade do tal "chefe". Neguei com a cabeça. Depois perguntaria a Isaac.
Atrás da porta: Isaac. Ele trazia consigo uma marmita e uma garrafinha de coca. Ele vestia calça e camiseta. Seus cabelos estavam levemente bagunçados e na sua boca havia um cigarro.
— Bom dia.
— Não tão bom — murmurei, sonolenta.
— Foda — ele soprou a fumaça pelo canto da boca. — posso entrar?
E eu tenho escolha?... Assenti e me afastei, dando passagem para ele. Isaac caminhou até a mesinha entre o sofá e a poltrona e lá colocou a marmita e a coca. Depois, recuou alguns passos e tragou o cigarro. Fechei a porta e fui até ele.
— Por que a porta estava aberta? — esfreguei os olhos.
— Porque eu entrei aqui a noite.
Pisquei e franzi a testa, confusa.
— Por que...
— Podemos falar disso depois.
Abri a boca para retrucar sua afirmação, porém, ele se adiantou:
— Vamos falar disso depois. Trouxe comida e você não vai querer comer depois dessa conversa. Então, come agora.
— Eu tenho medo de você — disse simples.
— Eu sei. Deve ter.
— Tá bom, agora tá ficando estranho. Por que caralhos você entrou aqui ontem? — disse ríspida.
Isaac me afrontou com o olhar. Em um gesto simples, ele empurrou a marmita para perto de mim, indicando o que eu devia fazer: comer.
Revirei os olhos e peguei a marmita. Abri e pude sentir o doce aroma de um almoço de prato cheio: curry de legumes. Suspirei e fechei os olhos. Comer aquilo não seria um sacrifício. Me sentei no sofá e peguei o garfo, enfiando no interior da vasilha. Antes de pegar a primeira garfada me virei para ele.
— Tem carne?
Ele negou com a cabeça.
— Sei tudo sobre você, inclusive, que é vegetariana.
Assenti agradecida. Embora estivesse no inferno, aqui tinha comida vegetariana. Devagar, comecei a comer. A comida estava maravilhosa. Talvez fosse a fome exagerada.
Isaac se sentou na poltrona. Olhei para ele enquanto mastigava. Depois que minha boca estava livre, perguntei:
— Isso era para ser o almoço?
Ele assentiu com a cabeça.
— Você dormiu bastante e eu deduzi que não iria buscar comida... — ele tragou — nos primeiros dias, quase nenhuma garota vai buscar. Elas costumam ter medo, sei lá. E, embora você aparenta ser uma garota corajosa — olhou para mim — eu não duvido que fique sem comer por birra. Então, eu trouxe.
Ergui as sobrancelhas antes de baixar o olhar até a comida.
— Uau, obrigada.
— Nada.
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𝐿𝒶 𝑅𝑜𝓈𝒶
RomanceMorgan Bianchi, uma linda garota, tem seu futuro arruinado quando uma enorme dívida de seu falecido pai é descoberta da pior maneira. Ela terá que arcar com as consequências dos atos mais nojentos e imundos de seu pai, tendo que passar por céus e in...