03 - Primeira noite de trabalho

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Me sentia suja.

Isaac mentiu para mim. Ele me dopou. Eu achei que podia confiar nele... Devia estar louca. Ele é um puto assim como quem comanda esse lugar. Isso era óbvio... Mesmo óbvio, me deixei enganar.

Papai nunca aceitaria isso... Pai. Sequer posso chamá-lo assim; ele não é menos do que Niran: um monstro que me deixou para morrer aqui, em um puteiro, como uma puta. Nada mais, nada menos do que um objeto de prazer. Uma puta.

Estou deitada na cama, olhando o teto enquanto deixo o tempo passar. As poucas palavras que trocamos ecoam na minha mente:

— Use o vestido preto que te demos — Isaac havia dito, na porta do quarto.

Olhei para ele com a testa franzida.

— Por quê?

— Não ouviu o que disse? Seu trabalho começa hoje. As sete.

Ontem ele tinha me avisado, porém, com tanta coisa para pensar, acabei me esquecendo. Apenas me lembrei quando ele mencionou ao trazer o almoço que recusei comer. Não aceitaria nada que viesse daqui. Não depois do que houve.

Minha boca estava seca. Não bebi nada hoje. Sentia uma necessidade absurda de me embebedar ou drogar. Precisava sair daqui.

Vi o relógio... 18:46.

Olhei para a janela. Já estava de noite, mas não foi isso meu foco.

Não. Se eu tentasse fugir, me quebrariam em dois, como Isaac havia mencionado. Se bem que eu não deveria confiar nas palavras de Isaac... Talvez, eles prendam as prostitutas assim, com psicologia reversa.

De qualquer maneira, não quero arriscar. Não ainda.

Suspirei e me levantei. Precisava me arrumar. Segui em direção ao banheiro. Tomei banho. Puta merda... Puta merda... Puta merda. Eu iria me prostituir. Eu iria transar com um cara que eu não conheço, por dinheiro, contra a minha vontade. Suspirei pesado. Minha virgindade...

Me limpei e saí do banheiro. Me sequei e apanhei o vestido e a lingerie. Maldito seja... Isaac, Niran... O dono desse puteiro... Maldito seja todos. Espero que queimem na merda do inferno. Está satisfeito, pai? Olhei para qualquer canto, inútilmente, esperando que o homem ruivo aparecesse para contemplar meu sofrimento. Está satisfeito? Eu perguntaria. Veja só. Sua filha, se prostituindo para conseguir o dinheiro que você, que o inútil do pai dela, sequer conseguiu pagar antes de se matar. Está satisfeito, desgraçado?

Suspirei baixinho. Espero que esteja satisfeito, filho da puta.

Vesti a lingerie vermelha sob o vestido curto e colado, como o esperado, bem revelador. Mal cobria minhas coxas e, se o homem se esforçasse, conseguiria ver minha lingerie sem sequer tirar minha roupa. Meu peitos também ficavam bem chamativos sob o tecido, a cintura bem marcada. No espelho do banheiro, conseguia ver uma puta, descrita e caracterizada. Apenas faltou a bolsinha e uma esquina.

Voltei para a cama. Vi o relógio novamente. Sete em ponto.

Senti o frio subir pelas minhas pernas, adentrando meus ossos. Puta merda.

Então, a porta se abriu. Me levantei rapidamente sem nenhum motivo específico, quase como se estivesse sendo pega no flagra ao fazer algo errado. Isaac, novamente. Outra roupa, outro cabelo, mesmo rosto. O mesmo filho da puta de antes, dessa vez, acompanhado.

— Morgan — disse, abrindo espaço para que o fulano, digno de minha buceta, entrasse. Um homem calvo, cabelos negros, olhos claros, um bigode fosco, com um pouco mais de gordura do que o padrão masculino, na casa dos 40 anos. Ele usava óculos redondos.

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