Ondas e Pódios - Julia Soares.

Cap 21: Aniversário.

Agosto, 2027.
Domingo.
...

POV S/N Peña.

Sentada ao redor de uma mesa redonda na pizzaria com a família de Júlia, eu observava o ambiente descontraído enquanto todos aguardavam a tão desejada pizza de queijo que Júlia estava louca para comer. Eu estava entre ela e Muniz, o noivo da Giovana, que eu fui descobrir que era noivo porque me dei muito bem com ele desde nossa primeira conversa no aeroporto.

De repente, a conversa mudou. Os pais de Júlia começaram a me bombardear com perguntas, e eu me senti em um interrogatório disfarçado de jantar em família. Parecia até cena de filme, onde o namorado da filha é colocado sob pressão para contar tudo sobre sua vida.

- Então, S/N... - começou a mãe de Júlia, com um sorriso, mas um olhar curioso. - Você pode nos contar um pouco sobre sua família e onde vive?

Respirei fundo, mantendo a calma.

- Eu nasci e cresci em uma fazenda no interior de São Paulo. - disse, sorrindo ao lembrar da minha infância. - Mas, aos 18 anos, decidi me mudar para a capital. Entrei na Força Aérea Brasileira e comecei a faculdade de Direito.

- Interessante. - disse o pai de Júlia, assentindo enquanto me observava com atenção. - E como você se tornou nadadora? Parece uma carreira bastante exigente.

- Eu sempre gostei de nadar. Comecei aos 11 anos e participei de várias competições ao longo dos anos, mas foi quando entrei na aeronáutica que levei a natação realmente a sério. Eles têm um programa que valoriza muito os atletas, e meu capitão me prometeu que, se eu me dedicasse, ele me levaria até as Olimpíadas de Los Angeles.

O olhar de Júlia brilhava de admiração ao ouvir isso, e seus pais continuaram com mais perguntas.

- Como você consegue conciliar o curso de Direito com os treinamentos? - perguntou a mãe dela, curiosa.

- É bem difícil, para ser sincera. Eu estudo à distância com o apoio da aeronáutica, e mesmo assim, não é fácil. Mas estou no meu penúltimo ano e consigo me virar bem. Embora, sinceramente, eu não pretenda seguir a carreira de Direito depois de me formar.

Os pais de Júlia pareciam impressionados, mas as perguntas não paravam por aí.

- Eu fiquei sabendo que você vai se tornar Tenente, isso é muito rápido. Como aconteceu? - perguntou o pai, inclinando-se um pouco para frente, interessado.

- Sempre fui muito dedicada em tudo o que faço. Cumpro todas as missões que me são dadas com excelência, e isso facilitou que eu tivesse boas amizades com grandes nomes dentro do quartel. Isso, junto com a minha determinação, me ajudou a subir de patamar mais rápido do que o normal.

- E quanto a pilotar aviões? - perguntou ele, mais uma vez. - É algo que você quer seguir como profissão?

Assenti, sabendo que aquela era uma das minhas maiores paixões.

- Sim, mas não sou uma pilota 100% ainda. Piloto os aviões da aeronáutica quando necessário, mas meu sonho é me tornar uma pilota total, com especialização e tudo mais.

A pergunta seguinte foi sobre meus pais, e eu senti o clima da mesa ficar um pouco mais tenso.

- E seus pais? Por que eles não foram para o Peru? - a mãe de Júlia perguntou delicadamente.

Respirei fundo antes de responder.

- Minha mãe é advogada e se casou com um homem árabe, mudando-se para Dubai. Quanto ao meu pai biológico, eu não tenho contato com ele desde que meus pais se separaram. Minha mãe ainda passa bastante tempo na fazenda, que agora é minha responsabilidade.