Cap 44: Bem-vinda de Volta!

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Julho, 2028.
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Pov S/N Peña.

A segunda finalmente chegou, e com ela, a chance de provar para Chloe que eu estava pronta para voltar às competições e conquistar aquela vaga nas Olimpíadas. Assim que entrei no ginásio, fui recebida por uma surpresa: balões em verde e amarelo enfeitavam a área perto da piscina e uma faixa com "Bem-vinda de volta!" escrita em letras grandes estava pendurada na parede.

Eu fiquei completamente surpresa e meu coração deu um pulo de alegria. Corri para abraçar todos, sentindo uma enorme gratidão. Era bom demais estar de volta ao que eu amava fazer.

- É bom te ver de volta, S/A! - Mafê veio correndo e me abraçou com força, me tirando do chão. Ela pode ser menor que eu, mas tem uma força que não é brincadeira não.

- Fico muito feliz de estar de volta! - respondi, me afastando um pouco e olhando para todos com um sorriso que eu não conseguia conter. - Como foram os treinos?

João começou a explicar como estavam os treinos nas últimas semanas. Ele contou que, por eu estar voltando agora, o meu treino de hoje seria mais leve. Não que eu gostasse de treinos leves, mas sabia que não tinha outra escolha. No meio da conversa, notei a chegada de um fisioterapeuta que eu não conhecia. Claro que Chloe não estava brincando quando disse que ia me acompanhar de perto.

Começamos com o aquecimento de sempre. Aquele alongamento básico, uma corridinha em volta da piscina, rotação de ombros, e eu senti um leve incômodo, mas nada que me fizesse parar. Depois de uns dez minutos, era hora de cair na água. Os primeiros minutos foram focados na técnica: nado crawl devagar, concentrando na movimentação correta dos braços e pernas, respiração sincronizada... Eu seguia as instruções, mas a vontade de acelerar era quase incontrolável. Me segurava, pois sabia que precisava respeitar o processo. Um erro e todo o progresso poderia ir por água abaixo, literalmente.

Aos poucos, os treinos foram ficando mais intensos. No começo, eu só queria me jogar na água e nadar com tudo, mas o fisioterapeuta me pedia para segurar um pouco. Era frustrante ver a equipe nadando a todo vapor enquanto eu tinha que ir devagar, como se estivesse voltando a aprender a nadar. Mas no fundo, eu sabia que era necessário. O descanso do fim de semana tinha me ajudado, e mesmo com umas puxadas esquisitas no ombro de vez em quando, eu conseguia esconder a dor com o rosto dentro d’água. Ninguém ia ver minhas caretas, e eu não ia dar chance pra Chloe pensar duas vezes em me deixar voltar.

Os dias passaram num piscar de olhos, e cada treino era um novo teste. A cada manhã, eu acordava com o objetivo de ser um pouco melhor que no dia anterior. Meu foco era absoluto. Eu queria estar no meu melhor para as Olimpíadas, queria aquela medalha mais do que qualquer coisa. Para isso, eu estabeleci pequenas metas diárias: aumentar a velocidade, melhorar a técnica, reduzir o tempo de uma prova curta, qualquer coisa que me fizesse sentir que estava progredindo.

No início, as braçadas ainda eram cuidadosas, mas conforme os dias passavam, fui colocando mais força nelas. A cada treino, eu sentia que estava voltando a ser a mesma de antes, e talvez até mais forte. João até brincou um dia, dizendo que eu parecia um tubarão voltando de uma temporada de inverno.

Nos treinos mais avançados, quando finalmente pude aumentar a velocidade, era como se um peso saísse dos meus ombros, mesmo com o incômodo leve que ainda surgia vez ou outra. Os tempos começaram a baixar, e logo eu estava competindo com o restante do grupo, quase como se nunca tivesse me afastado. O fisioterapeuta ficava de olho em cada movimento, e eu tinha que me controlar para não dar bandeira quando uma dor mais forte aparecia. Era difícil, mas eu fazia tudo para manter a compostura. Eu tinha um objetivo claro: provar para todos, e para mim mesma, que eu estava pronta.

Ondas e Pódios - Julia Soares.Onde histórias criam vida. Descubra agora