8 | Capitão Nascimento

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BOAS CACHORRAS
VOTAM E COMENTAM 😌

Acordei num pulo, o coração disparado, suando frio. Lembrei da noite anterior, do absurdo que fiz. Eu tinha ido até o quarto da Marina, aquela porra toda era real. Me masturbei ali, o cheiro da calcinha dela ainda impregnado nas minhas narinas. Pior, gozei dentro da peça íntima. Que nojo de mim mesmo. Um asqueroso, era isso que eu era.

Não satisfeito, ainda saí com uma segunda calcinha no bolso. Dentro do quarto, enfiei a peça em volta do meu pau e me masturbei de novo. Porra! Eu tinha passado de todos os limites.

“Rosane não pode ter visto isso”, pensei, o estômago embrulhando.

A cama estava vazia quando acordei, e o medo gelado subiu pelas minhas costas. Será que ela descobriu? Acabaria tudo ali, meu casamento, minha vida. Mas, por sorte, ela só apareceu bem depois de eu me levantar. Tive tempo de apagar os vestígios.

Fui ao quarto da Marina de novo. Ela ainda estava dormindo, a respiração pesada. Merda, merda, merda! Procurei a calcinha por toda parte, coração na boca. Quando finalmente achei na pia, escondida entre as roupas, quase desabei de alívio. Ela não deve ter percebido... ou estava bêbada demais pra lembrar.

Mas o peso da culpa continuava lá, esmagando o peito. Vacilo do caralho.

— Tá tudo bem aí? — A voz de Mathias me tirou do transe.

Virei a cabeça devagar, tentando manter a calma.

— Tudo certo — respondi, mas não estava nada certo.

Estava na viatura, indo para operação, mas com a cabeça longe, presa no quarto da Marina, no que fiz, no que me tornei.

— Deu certo ontem? — Mathias cutucou de novo, sem fazer ideia do furacão que passava na minha mente.

— Não... bebi um pouco além da conta e fiz merda... Ela ficou nervosa.

— Perdeu o jeito com as novinhas, hein, parceiro? — ele riu, dando um tapinha no meu ombro.

Tentei sorrir de volta, mas o nervosismo só crescia. Ele não sabia da metade. Se soubesse...

Quando o caveirão entrou na favela, a adrenalina finalmente tomou conta. Carros bloqueavam a passagem, estrategicamente colocados pra foder com a gente. O caveirão avançava, arrastando tudo. Gritos de moradores ecoavam ao redor, revoltados, como sempre.

Um cara começou a filmar, um desses que adora postar na internet e nos pintar como os vilões da história. Esquerdistas de merda. Eles nunca entendem. Ver o BOPE como inimigo é fácil, difícil é admitir que a própria comunidade protege os traficantes. As pessoas crescem ali sonhando em ser mulher de bandido. As mais feias se conformam em ser "amigas", aquelas que eles pegam quando não tem opção melhor.

“Isso é o Brasil”, pensei, o coração acelerado com o calor do combate iminente.

Paramos a viatura e descemos prontos para dar amor do nosso jeitinho. Os primeiros que cruzaram nosso caminho foram duas branquinhas, cara de universitária, mas mochilas cheias de papelotes de cocaína.

— Vocês gostam de pó, é? — Eu dei um tapa na mais próxima, a mão coçando de raiva. — Ou vendem?

— É pra uso pessoal, senhor — ela respondeu, a voz trêmula, tentando segurar a pose.

— Isso aqui? — Balancei os papelotes na cara dela. — Só pra vocês duas?

Ela respondeu um tom sarcástico:

— Não dá pra vir todo dia aqui comprar, né?

Coragem falar assim com policiais do BOPE. Perdi a paciência. O tapa veio tão rápido que nem percebi até vê-la no chão, a cara vermelha.

Conexão ObscenaOnde histórias criam vida. Descubra agora