(IM)PURE BLOOD | Levi Ackerman

[04] A sentença.

Ilha de Paradis, ano 850.

Na semana que se seguiu, Stella evitou qualquer conversa com Yelena. A reação de Levi ainda estava fresca em sua mente, e a ideia de agir pelas costas dele a incomodava. O clima entre eles, embora não mais tenso, era visivelmente ameno. Nenhum dos dois ousava tocar no assunto, talvez por receio de desencadear outra briga.

Havia algo que incomodava Stella profundamente: a sensação de que a relação entre ela e Levi estava por um fio. As coisas pareciam se manter em pé apenas pelos momentos íntimos que compartilhavam entre quatro paredes, mas era cada vez mais evidente que aquilo não era suficiente. As personalidades de ambos, fortes e teimosas, frequentemente entravam em conflito, e quando não brigavam por questões como as de Yelena, sempre encontravam outros motivos, menores, mas igualmente desgastantes. Stella se sentia exausta, como se estivesse carregando um peso que, a cada dia, se tornava mais difícil de suportar.

Enquanto isso, os novos "hóspedes" de Marley começavam a se habituar à vida na ilha, embora continuassem sob vigilância constante da Tropa de Exploração. A desconfiança mútua ainda pairava no ar, mas aos poucos, algumas barreiras começavam a ruir. Niccolo, por exemplo, demonstrava sinais claros de superação do preconceito contra os eldianos. Seu afeto por Sasha Braus era evidente, algo que não passava despercebido por ninguém, especialmente por Connie Springer, que vivia morrendo de ciúmes ao ver sua amiga tão encantada pelos pratos que Niccolo preparava.

Finalmente, o porto de Paradis se encheu de agitação com a chegada da nação de Hizuru. A população ficou entusiasmada com a ideia de aliados em um momento tão crítico. Quando Kiyomi Azumabito, a líder de Hizuru, desembarcou, ela se mostrou extremamente acolhedora com os eldianos, o que trouxe um sopro de esperança ao povo de Paradis. Kiyomi caminhou pelo porto, cumprimentando as lideranças locais com um sorriso caloroso, transmitindo uma sensação de segurança e otimismo que muitos ali não sentiam há tempos.

Na sala do congresso de Paradis, as portas de madeira maciça se abriram com um rangido leve, revelando a figura graciosa de Kiyomi Azumabito, acompanhada por dois de seus assessores. Ela vestia um kimono elegante de seda azul profundo, adornado com bordados dourados que representavam a simbologia ancestral de sua nação. Seu cabelo estava impecavelmente preso em um coque tradicional, e seus olhos brilhavam com uma astúcia que parecia sondar cada canto da sala.

Stella Thompson, que até então permanecia de pé ao lado de Hange e Levi, se endireitou ainda mais quando Kiyomi entrou. As paredes da sala eram decoradas com mapas estratégicos, bandeiras de Paradis, e documentos que detalhavam as complexas relações políticas e militares.

Kiyomi caminhou até Stella com passos firmes e calculados. No entanto, em vez de manter a formalidade, como todos esperavam, a líder de Hizuru fez algo que pegou a todos de surpresa: ela abriu os braços e abraçou Stella com força, como se fosse uma velha amiga reencontrando-se após muito tempo. Stella congelou por um instante, incerta sobre como reagir, mas logo relaxou e retribuiu o gesto.

- Stella Thompson..- Disse Kiyomi, recuando apenas o suficiente para olhar nos olhos da jovem, sem soltar seus ombros. - É uma honra finalmente conhecê-la. Quero agradecer profundamente por ter nos contatado. Sua mensagem nos chegou em um momento crucial, e estamos aqui para ajudar.

Stella, ainda surpresa com a recepção calorosa, forçou um sorriso sincero.

- Eu... eu não esperava esse tipo de recepção, Senhora Azumabito. Agradeço por ter vindo até aqui.

Kiyomi soltou uma risada suave com a reação da jovem.

- Por favor, me chame de Kiyomi. E não há necessidade de formalidades entre nós. Se estamos aqui hoje, é porque você tomou a iniciativa. Você viu o que muitos não viram, e essa visão pode salvar tanto o seu povo quanto o meu.