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[Jeon Jungkook]

Depois de chorarmos, ficou um silêncio extremamente constrangedor. Mas, de alguma forma, no fundo era reconfortante. Ainda nos encaixavamos perfeitamente um no abraço do outro, e essa realização era completamente assustadora, por algum motivo.

De forma desengonçada, desatamos o abraço em que estávamos. Os olhares se perdiam em todos os lugares, exceto os meus nos dele, e os dele nos meus. Um sentimento em comum pairava no ar... esquisito e pegajoso, escorregando pelas nossas faces. Seria culpa? Seria saudade? Não sei. Sei que me sentia completamente desajustado pelas emoções que corriam pela minha pele:

- Bem...- Taehyung pigarreou. - Vou ver como estão as crianças...

Sua voz estava baixa, tão baixa que quase não consegui escutar. E ele ainda evitava meus olhos como se fosse a praga. Apenas concordei com a cabeça, ao passo em que observava ele se distanciar lentamente.

E então, parou. Olhou para trás, desta vez diretamente em meus olhos. E tenho a sensação de que ele estava lutando o impulso de falar algo. Foram apenas segundos, todavia pareciam uma eternidade.

Mas se calou. Virou as costas para mim novamente e continuou a andar.

E ficou assim, o dito pelo não dito.

Coloquei a mão no peito, em uma tentativa falha de me acalmar. Parecia que o mundo estava sem oxigênio. Parecia que eu iria morrer.

Passos se aproximavam de mim, e eu não conseguia me mover, apenas vegetar na mesma posição infernal em que Taehyung me deixou.

Algo puxa a barra da minha calça, e com muito esforço, consigo mexer minha cabeça pata identificar o que estava acontecendo. Min Hyuk me olhava com curiosidade, os olhos cravados nos meus, e a cada dia que se passava ele parecia uma miniatura do homem que um dia chamei de meu. E isso doía.

Como doía.

- Você viu o meu pai?- Perguntou. Dava para ver em suas pequenas feições que ele estava levemente assustado, talvez com medo de outra explosão minha, talvez com medo de estar sem o pai dele.

E as palavras de Taehyung tomaram peso na minha consciência, como se fossem imensos cadeados pesando a minha culpa. Essa criança tinha apenas cinco anos, ela mal é porcamente entendia o porquê de eu a tratar tão mal - e mesmo com tudo isso, ainda tentava conseguir o meu carinho.

E mesmo reconhecendo isso, ficava completamente difícil sentir qualquer tipo de emoção positiva sobre ele. Ele era o retrato da ruína do nosso casamento.

Ele era o retrato em carne em osso das minhas falhas.

Engoli em seco.

Mesmo sendo uma resposta simples, parecia que minha garganta tinha sido queimada com chumbo quente. As palavras, por mais simplórias que fossem, pareciam apodrecer nas minhas cordas vocais. Cada minuto ficava mais difícil de respirar.

- Tá dodói? - Min Hyuk questionou, diante a minha falta de resposta. Grande possibilidade de meu rosto estar me traindo e mostrando todos os sentimentos que transbordam.

Ele não esperou minha resposta. Saiu correndo pelo corredor, os passinhos ecoando pelo espaço.

E eu fiquei sozinho novamente. Para encarar todos os meus fantasmas.

Para encarar todos esses anos, em uma enxurrada de sensações que pareciam querer me afogar.

[Kim Taehyung]

Não via meu filho faziam uns dez minutos. Estava começando a ficar nervoso, mas tentava me acalmar pensando que ele poderia apenas estar com seus avós, ou explorando a casa. De qualquer forma, ele estava em um lugar seguro, não tinha problemas?

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⏰ Last updated: Sep 05 ⏰

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