Bônus

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Enrico

O cheiro amargo misturado com álcool impregna o carro. Abro as janelas na tentativa de deixar o ar correr, bufo impaciente, olhando a mulher deitada, toda sem jeito, no banco.

— Não acredito que Fellipp fez isso — resmungo, ainda inconformado.

— Reclamar não ajuda em nada — Pietro resmunga no banco da frente. Impaciente, ele também não queria estar nesta situação.

— Para onde vamos levá-la? Não acredito que ela saiba o próprio endereço estando nesta situação.

— Vou ligar para Fellipp e ver se consigo o endereço — Pietro anuncia, e ouço resmungos de Cicila. Ela parecia estar acordando.

— Moço... — ela diz com dificuldade. — Pa...ra o carro — pede, e Pietro olha para trás. — Preciso... fazer... xixi — fecho meus olhos, me perguntando se a situação poderia piorar.

— Para o carro — mando ao soldado, e assim ele faz, parando em um beco meio escuro. Saio ajudando-a a caminhar até o outro lado do carro. Pietro sai soltando uma bufada.

— Ele não atende e já tentei, Lorenzo.

— Devem estar transando — zomba, sentindo inveja, porque era o que eu queria estar fazendo — Vamos deixar ela fazer aqui mesmo, questiono.

— Sim,  ela não vai conseguir segurar.

— Moço, cadê a privada? — Cicila pergunta de uma maneira engraçada e eu sorrio.

— Desculpe, princesa, vai ter que fazer no chão mesmo, sem privada.

— Segura minha mão ? — ela pede, mal conseguindo ficar em pé. Ergo o olhar para Pietro, que sorri de forma debochada.

— Vai, segura a mão dela — zomba e bufo, segurando a mão de Cicila. Ela se agacha e Pietro imediatamente se vira, assim como eu, que desvio o olhar.

— Não olhe, filho da puta — rosno ao soldado que espiava pelo retrovisor, e Pietro se coloca à frente do objeto, impedindo-o de olhar.

— Não se atreva a espiar ou eu te mato — Pietro ameaça com a voz tranquila, que dá medo nos soldados.
— terminou ? — questiono quando ela se levanta.

— sim.

— ótimo, me diz onde você mora.

— você é um Uber muito cuidadoso, tem múltiplas funções e…— Cicila diz claramente alterada pelo álcool. A mulher sequer me reconhece.

— não sou Uber, mas irei te levar em segurança. Vamos — Cicila passa a mão na roupa, meio desajeitada.

— pode me deixar no bar... eu não...

— como assim, em um bar? Mal se aguenta em pé! — Pietro se aproxima, ouvindo minha pergunta, e seguro Cicila, que cambaleia.

— olha, moço, eu preciso beber, me divertir — a loira suspira e troco um olhar com Pietro, sabendo que algo estava errado. Cicila parecia um tanto frustrada; contudo, há algumas horas ela estava animada, dançando com as amigas. O que estaria acontecendo de errado?

— entre no carro — mando, contudo a ajudo, já que ela não consegue andar sem tropeçar. — o que vamos fazer? Para onde vamos levá-la?

— não sei, vamos deixá-la em um hotel — Pietro sugere ao entrar no carro.

— Um hotel? — questiono a mim mesmo, não sabendo se essa seria uma boa ideia.

— Se não acha uma boa ideia, a leve para seu apartamento — ouço o resmungo de Pietro e ordeno ao soldado que vá ao meu apartamento.

Uma esposa para o mafioso: Livro 2 Série Máfia N'drangheta Onde histórias criam vida. Descubra agora