42 | Abigail, A Chorona.

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      HÁ FORMAS CRUÉIS de matar um homem

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HÁ FORMAS CRUÉIS de matar um homem. Uma delas é o impedir que ame. A segunda é que não nasça amor nele. Muitos andam por aí desarmados, sem saber que o amor cura e mata, protege e destrói. Já tive amigos que eram infelizes e não sabiam o motivo; eu já fui infeliz.

Tem gente que não ama o suficiente, parece vir de berço, uma doença crônica que existe um tratamento, mas jamais uma cura. Os desamparados sempre voltam para o mesmo abismo, como um poço sem fim que só decai.

A terceira forma é que o deixem ver que sua família se tornou um alvo por culpa sua, e que o passado é o que condena seu futuro.

"A cura da morte", era esse o título do jornal que Natália me entregou nessa manhã. "A volta do cientista que nunca foi."

Nossas fotos estavam na capa. Eu suspiro, levemente irritado por estar tão exposto.

— É... Julian conseguiu o que queria. Nem quero adivinhar quanto ele vai ganhar por isso. – Eu jogo o jornal para Natália, que tenta o pegar no ar antes que ele caia na banheira cheia d'água que ela toma banho.

Ela sorri com uma breve careta quando o jornal escapa da sua mão se afunda na espuma.

— Você o deixou publicar. – Acusa ela.

— Achei que ninguém ligava para artigos científicos. – Justifico, ao ergue meus ombros. Natália inclina a cabeça, sorrindo. – Achei que nós éramos coisa do passado.

Natália pesca o jornal debaixo da água da banheira e o joga no chão, molhando o piso xadrez com o papel molhado.

— Acontece que não tem nenhum artigo científico ali. – Ela volta a afundar na banheira. – É só fofoca dos ricos que descobriram a cura da morte. Quem não surtaria por isso?

— Te chamam de Anti Cristo. Anti Cristo!

Ela franze o nariz.

— Eu já sabia desse apelido... É bem antigo.

Eu passo a mão no rosto e cruzo os braços. Natália consegue tratar tudo isso com uma normalidade absurda. Os xingamentos, as acusações e teorias que rolavam... Na televisão, estavam de plantão para saber se haveria outro pronunciamento. Aqueles que eram ambiciosos criavam sua própria teoria ao não ter uma resposta. Era o assunto do momento.

O mundo estava acabando pela Peste Negra, mas todos queriam discutir sobre Natália ser um robô ou um alienígena.

— Com o que você está preocupado?

— Acha que é tão fácil assim? Assumir publicamente que, porra, descobrimos uma possível cura de morte e imortalidade? Não é simples... A gente não devia ter feito isso. Esse... – Eu suspiro e olho para cima. – Fazer isso foi um erro, um erro enorme. Vamos nos executar em praça pública, Natália.

IRON HEART | 🔞Onde histórias criam vida. Descubra agora