depois do acidente (spin-off). segunda parte.

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hayla almeida nascimento

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hayla almeida nascimento

Respiro profundamente com ajuda da máscara de oxigênio, eu e Leonardo estávamos indo para Boston, depois de alguns dias de internação e as nossas novas identidades prontas, iríamos partir para uma nova vida longe do Rio de Janeiro até que resolvessem todo o crime.

Ter que deixar Heaven estava doendo como um inferno, doía muito mais do que todas as cirurgias que passei, mais que os tiros ou qualquer outra coisa, minha filha dependia de mim, era apenas um bebê e eu estava a deixando e isso sim era uma merda.

Desde que aconteceu tudo isso eu havia falado para Roberto quem eu suspeitava que fosse e tinha quase toda certeza absoluta, mas, apenas a minha palavra não valia de nada, afinal, eu estava morta. E mortos não falam.

Leonardo aperta minha mão, me colocando na realidade novamente, olho para ele e sorrio.

— Não foi nosso dia de ir pro inferno — Lio diz brincalhão, eu rio e nego com a cabeça.
— Nem vai ser tao cedo — Aperto sua mão — Tenho que ver Heaven crescer e parir esse neném que ainda está aqui.
— Eu vou ser tio de novo — O aperto em minha mão vai para minha barriga que não havia volume algum ainda — Será que vem outro mini Nascimento?

Engulo a seco e dou de ombros. Eu não havia contado toda a verdade para ele, não tinha mostrado o teste de DNA que havia encontrado, mas, isso ficaria pra depois, todo o trauma ainda estava muito recente para outro tão cedo.

5 meses depois do acidente

A minha barriga crescia conforme os meses se passavam, Leonardo e eu estávamos tinha exatamente cinco meses e três dias em Boston, era difícil se acostumar com o frio que fazia, ainda era difícil de respirar e a fisioterapia não estava ajudando muito, minha barriga ficava pesada de carregar, então, eu passava a maior parte do tempo sentada ou deitada.

Lio e eu fazíamos acompanhamento psicológico pesado por conta do trauma e a cada sessão era algo que nossa mente desbloqueava e então a casa ficava em um clima horrível, muito choro e depressão (literalmente), começamos tomar ansiolíticos e antidepressivos, fomos diagnosticados com estresse pós-traumático.

Eu tinha acabado de sair de uma sessão de terapia, estava tentando chegar no carro novamente, a minha barriga estava muito maior que a da primeira gestação e bom, eu jurava que dessa vez vinha um menino. A cada passo que eu dava, minha respiração piorava, meus pulmões (ou o que sobrou deles) doíam e eu me arrependia amargamente de não ter aceitado a carona de Leo.

Chego no carro depois de bons minutos andando e logo mando uma mensagem para Roberto, dizendo que quando ele pudesse, que me ligasse para eu contar as novidades e também ver minha filha que a cada dia estava maior e incrivelmente linda.

Passo a mão na barriga sentindo o bebê mexer de forma brusca, respiro fundo, era difícil ter um ser humano crescendo cada dia mais e seu corpo parece não estar preparado para tudo aquilo, mas, era um milagre aquele neném ter sobrevivido ao que passamos.

Sinto meu celular vibrar, Roberto estava me ligando, alegremente, atendo e meu sorriso aumenta quando o vejo na tela.

— Oi meu amor!
— Pitchula — Ele sorria, porém falava baixo.
— Tudo bem?
— Aham, estou no quartel ainda, foi tudo bem?
— Foi sim — Respondo sorrindo fraco — A parte mais difícil é andar até o carro de novo, a barriga não para de crescer e pesar, o pulmão que me restou não foi feito pra respirar por dois.
— Queria estar aí pra te ajudar... Estamos perto de achar uma pista que nos leve até o culpado.
— Embora você já saiba quem é.
Hayla, já conversamos sobre isso, eu não tenho provas suficientes pra apontar Rosane ou até mesmo Fábio, a arma sumiu, Fábio até agora tem um álibi forte... Só...
— Eu não quero fazer teu trabalho não, Roberto, só queria poder viver em paz ao lado do meu marido e da minha filha — Digo com a voz embargada — Mas, eu te liguei só pra dizer que está tudo bem, ok? Nos falamos depois.
— Pitch...

Encerro a ligação e bato com força no volante várias e várias vezes, enquanto eu estava toda fodida, longe de quem eu amava, vivendo fugida, os principais suspeitos não eram "suspeitos" o suficiente, a vida era uma merda mesmo.

Roberto ainda tenta ligar algumas vezes, mas, foco em apenas dirigir em direção ao apartamento que eu estava morando, aquela situação era uma merda, estar vivendo daquela maneira era uma merda.

Rosane iria pagar, eu faria questão de voltar dos mortos pra foder completamente com a vida dela e vê-la ser presa junto com Fábio.

Mais um mês se passa...

Olho para o monitor ansiosa para ver meu bebê, eu havia esperado tanto por aquela consulta, finalmente poder começar a me distrair com o enxoval, parar de pensar a mesma merda sempre e principalmente, saber que estava tudo bem.

Leonardo estava comigo naquela consulta, ele segurava minha mão enquanto olhava também curioso para o monitor.

— Aqui está o bebê — A médica diz — E é uma menina, uma forte menina.
— É uma menina? — Pergunto só pra ver se não estava confundindo as coisas, a médica sorri e assente — Minha menininha... E ela está bem? Não tem nenhum problema?
— Não há nenhum sinal de problema, ela está perfeitamente bem e aqui... — O som do coração da minha bebê ecoa na sala e por um momento eu fecho meus olhos e sorrio.

Não havia trauma, não havia tristeza, não havia nada enquanto aquele som maravilhoso ecoava, era outra menina, Heaven e Rafael teriam uma irmã, Roberto teria outra filha, eu teria outra filha, Leo teria outra afilhada.

Não tinha espaço pra tristeza naquele momento.

obsession | capitão nascimento Onde histórias criam vida. Descubra agora