Capítulo 2 [revisado]

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- Então, o que está acontecendo aqui? - Escutei a pergunta novamente e eu e Mari nos viramos ao mesmo tempo, resultando em acabarmos batendo a cabeça uma contra a da outra, já que estávamos próximas, por causa da nossa pequena guerra com a pipoca.

- Ai! - Reclamamos em uníssono e nos encaramos.

Minha mãe, que tinha nos assustado com a pergunta, nos olhava fixamente, mas não com um olhar de reprovação, e sim com divertimento nos olhos.

- E aí, ninguém vai falar nada agora? Ficaram mudas de repente? - Minha mãe perguntou divertida, sorrindo de lado.

Bem, minha mãe não era o tipo de mãe "normal", na realidade ela nem era minha mãe de verdade. Ela era minha tia, irmã mais nova da minha verdadeira mãe, e cuidou de mim já que minha mãe morreu em um acidente de avião. Mas mesmo assim eu tratava ela como minha mãe e chamava ela de mãe.

- Ah, não é nada não, tia. - Mariana respondeu sorrindo forçadamente. Ah, a Mari e essa sua mania de achar que todo mundo é tio e tia, mesmo que ela já conheça a minha mãe faz muito tempo. - Eu e a Gi só estávamos conversando um pouco... - Ela completou a fala e continuou sorrindo forçado.

Uma única palavra para definir minha amiga nesse momento: Cínica.

- Hm... Estavam conversando normalmente e aí do nada a pipoca saiu voando para cima de vocês? - Minha mãe perguntou irônica e nos olhou desconfiada, mas sempre com aquele olhar divertido, o que era uma das qualidades dela. Não saber disfarçar o olhar era bom.

- Mais ou menos isso, tia. Tudo bem normal. - Diz a Mari tentando segurar a risada, mas visivelmente falhando nessa sua missão.

- É mãe, nós estávamos aqui conversando normalmente quando a pipoca ganhou vida e deu uma voadora na gente. Bem isso. Nada demais aconteceu. - Eu falei como se fosse a coisa mais normal do mundo uma pipoca ganhar vida e te dar uma voadora no meio da sala. Depois que eu disse isso a Mariana começou a gargalhar muito e eu também.

Minha mãe nos olhava com um olhar que eu não sabia explicar ou decifrar, mas o que eu reparei bastante foi que um dos baldinhos de pipoca estava perto dela e que ela pegou um grande punhado, que ela separou nas duas mãos (já que ela não é nenhum tipo de deusa para ter mais mãos para isso) e tudo isso bem lentamente, como se quisesse que nós não reparássemos no que ela estava fazendo.

A Mari parou de rir de repente e olhou para a mamãe. Do nada a Mari pulou o sofá e saiu correndo, parecendo o Flash. Eu não tinha entendido nada até que eu olhei na direção da minha mãe, que olhava pra mim com um olhar que dizia claramente "eu vou aprontar alguma coisa". Tentei sair correndo de toda maneira, mas, como uma bela desastrada que eu sou, caí de cara no tapete da sala. Por sorte o tapete era grosso e felpudo, o que me ajudou para não machucar tanto.

Reparei que alguém parou do meu lado, então eu olhei para cima, e era a minha mãe, que parecia estar  preocupada comigo.

- Você está bem querida? - Ela perguntou ainda me encarando com um olhar preocupado.

- Estou mãe, só foi um pequeno "capote". - Digo e começo a rir, ainda olhando pra mamãe. Era engraçado o fato de ela estar preocupada mesmo eu tendo caído em cima de um tapete felpudo como o nosso.

E então o olhar dela mudou bem rápido, voltando a ser aquele divertido que estava antes.

- Que bom que você está bem, porque agora você vai ser enterrada por pipoca! - Ela disse meio gritando, parecendo uma daquelas crianças que vão ao parque de diversão pela primeira vez.

Vish... Parece que a mamãe está muito animada hoje. Penso enquanto mamãe continua jogando pipoca em mim, como se ela estivesse fazendo uma chuva de pipoca. E é nesse momento, que ela esta jogando pipoca em mim, que eu me pergunto: Onde está minha queridíssima amiga, Mariana Abigail Moura? E a resposta veio mais rápido do que quando ela saiu correndo como o Flash, quando ela chegou com um novo pote cheio de pipoca.

Meu Deus, me ajuda... Eu estou muito ferrada.

Então a Mari também começa a jogar pipocas em mim enquanto grita:

- Prepare-se para ser completamente pipocada!

Pipocada? Essa palavra existe, Mari? Tem certeza?

E nós estávamos rindo muito com tudo isso, mas infelizmente fomos interrompidas por algumas batidas na porta.

- Eu atendo. - Eu disse, ainda tentando recuperar o fôlego perdido durante a minha pequena crise de risos.

- NÃO! - A minha mãe gritou e eu a encarei assustada - Não, hoje você não atende a porta, querida. Vá para o quarto, por favor, e leve a Mari junto. - Ela diz, completando a frase e falando normalmente, "consertando" seu tom de voz.

- Mas mãe... - Eu tento contrariá-la, mas sei que ela não vai mudar de ideia. Eu a conheço muito bem para afirmar isso.

- Vá para o seu quarto e leve a Mariana também. Agora, Giselle. - Ela disse e se virou para a porta, indo para perto dela.

Fui para o meu quarto em silêncio, enquanto tentava puxar a Mari, que queria a todo o custo ficar para ouvir a tal "conversa importante" que fez com que nós saíssemos da sala.

De Repente... Princesa? [Hiatus]Where stories live. Discover now