Capítulo 3 [revisado]

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- Giselle! Vamos, por favor, por favor, por favor! - Ela disse novamente, repetindo seu pedido, e pulando na minha frente.

Sim, essa era a Mariana pedindo (melhor dizendo, implorando) para descer pelo menos até o meio da escada para escutar a conversa da minha mãe.

- Não Mariana, nós não vamos descer. Você não escutou o que minha mãe disse? Ela nos pediu para que ficássemos aqui. - Respondi me levantando da cama e indo ao banheiro pentear o cabelo, já que eu não tinha nada melhor para fazer no momento. Quer dizer, até tinha, mas eu não iria até o meio da escada com a Mariana, isso não seria legal para a minha mãe. Bisbilhotar minha própria mãe não estava nos meus planos hoje.

- Ah, qual é Giselle! Ela nem sua mãe é! Não de verdade. - A Mari exclamou, parecendo jogar sua última carta em mim. Talvez essa fosse a última tentativa dela. E eu esperava que fosse a última tentativa dela, eu já não aguentava ela pedindo para descer.

Parei o que estava fazendo assim que ela terminou de falar. A Mari sabe muito bem que eu não gosto que ela fale que a Lauren não é minha mãe verdadeira, e ela realmente não é minha mãe, mas foi ela quem me criou. E me criou muito bem, obrigada.

- Olha Mariana... - Eu disse me virando para ela e tentando manter a calma, tentando me controlar, para não correr e dar uns bons tapas nela. Ou até dar uma voadora nela, isso não seria uma ideia tão ruim. - Eu sei que ela não é minha mãe verdadeira, mas... Mas me responda apenas uma coisa: Quem foi que me criou? Quem foi que cuidou de mim a minha vida inteira?

- Eu sei que foi ela, mas... - Ela começou a falar, mas eu a interrompi na hora. Eu realmente não dei tempo para ela terminar de falar. Era minha vez de falar e ela apenas ouvir, assim como muitas vezes ela fez isso comigo.

- Foi a Lauren que cuidou de mim esse tempo todo! Ela que cuidou de mim quando minha mãe me abandonou e decidiu viajar para a França! Ela que cuidou de mim depois que minha mãe morreu naquele acidente no avião! Ela! Só ela! E você não é ninguém, ninguém mesmo, para julgar ela! Você pode até ser a minha amiga, minha melhor amiga, mas você não tem o direito de julgar ela dessa maneira! Então, para de falar que ela não é minha mãe ok, porque mãe não é aquela de sangue, é aquela que cria a gente! - Eu desabafei tudo, gritando com a Mariana e pronto, eu desabei. Comecei a chorar e percebi que a Mari também chorava.

Mas ela me surpreendeu.

Ela veio me abraçar, me apertando forte em seus braços, e falou parecendo estar cheia de culpa:

- Desculpa Gi, eu sei que ela não é sua mãe verdadeira, mas que foi ela quem te criou. Desculpa mesmo, eu não queria que você ficasse assim.

Nossa! A Mariana pedindo desculpas? Isso é uma pequena novidade. Se bem que... Ela sempre pede desculpas quando sabe que está mesmo errada, e dessa vez ela realmente estava errada.

- Tudo bem amiga, dessa vez não tem problema, mas por favor, por favor mesmo, nunca mais fala alguma coisa assim. - Pedi para ela, me soltando delicadamente do seu abraço e a encarando fixamente .

Ela olhou para baixo, desviando o olhar, e disse em um tom igualmente baixo:

- Você sabe que eu sou assim, cheia de defeitos e brincadeiras de mal gosto, acho que todo mundo tem uma parte assim, mas eu vou tentar nunca mais falar coisas assim, vou tentar não te magoar mais. Eu juro.

- Okay Mari, eu te perdoo. Mas agora vamos parar de ficar assim, porque isso está ficando meloso demais, parecendo até uma novela. - Falei para descontrair um pouco e nós rimos. Nossa, eu amo muito rir! Quem não ama? E uma curiosidade sobre a risada: Rir faz bem para a saúde!

Ainda ríamos um pouco quando escuto um barulho não tão alto vindo de lá de baixo.

- Você ouviu isso Mari? - Perguntei parando de rir e ficando com uma expressão meio séria. Limpei as lágrimas e me concentrei em minha audição.

- O quê? Não, eu não ouvi nada. - Ela disse confusa e me encarando como se eu estivesse escutando coisas inexistentes.

Ouvi o barulho de novo, só que dessa vez mais forte e mais alto, e tenho certeza de que a Mariana escutou dessa vez.

- Agora eu também ouvi. O que será que foi? - Disse ela também ficando com uma expressão séria.

- Não sei. - Respondi, um pouco confusa. O que poderia causar um barulho assim?

- Vamos lá ver o que é. - Falou ela já dando pulinhos de ansiedade. Eu sabia que desde cedo ela queria descer para ver o que estava acontecendo.

- Não Mari, nós não podemos ir ver, minha mãe nos pediu isso. - Eu respondi e me sentei na cama, pensando. O que é certo de se fazer? Obedecer a minha mãe, e não descer lá de maneira alguma, ou ir ver o que está causando esse alto barulho, matando enfim essa nossa curiosidade?

Escutamos o barulho mais uma vez e dessa vez foi seguido de um grito que eu conhecia muito bem. Era o grito da Lauren. Minha tia. Minha mãe. Minha única família viva.

- Vamos lá ver. - Dissemos eu e Mari em uníssono. Eu me levantei da cama e a Marina veio atrás de mim. Quando eu cheguei perto da porta, eu hesitei, esperando para ver se eu escutava algum barulho a mais.

De Repente... Princesa? [Hiatus]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora