Capítulo 46

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Assim que chegaram no dormitório, eu ignorei completamente as Raposas para me dirigir até o dormitório dos monstros antes que eu entrasse no quarto de Andrew, já sabendo que Matt havia mudado suas roupas para lá. Tirar aquelas roupas pesadas e apertadas foi um alívio e colocar suas roupas leves foi sua salvação.

Andrew entrou no quarto segundos depois que eu tinha acabado de me vestir e indicou com o dedo para que eu seguisse. Subimos juntos para o telhado, sentamos na ponta que costumávamos e o Minyard colocou um cigarro nos lábios, me oferecendo outro e logo ficamos sentados ali em silêncio. Girei o cigarro em minha mão, observando o céu estrelado com uma atenção que eu nunca tinha dado antes e sorri levemente, deixando a fumaça sair de meus lábios antes de voltar totalmente a minha atenção ao Minyard.

A luz da lua batia no rosto de Andrew de uma forma encantadora e eu gravei aquela imagem em sua mente para mais tarde.

— Por que ele está vivo? — Andrew quebrou a imagem lentamente, e eu balancei minhas pernas no ar, fingindo não entender. O Minyard apagou o próprio cigarro antes de o jogar no chão. — Por que Riko está vivo? Você não é o novo Herdeiro Moriyama? Então, por que Riko ainda está vivo? O que está te impedindo?

Desviei o olhar, apaguei o cigarro e olhei para o céu, o vento balançando meu cabelo enquanto eu balançava minhas pernas no ar.

— Vingança. — Respondo simplesmente, voltando meu olhar para Andrew e me espreguiçando. — Só matar ele seria muita piedade, Minyard. Eu quero tirar tudo dele como ele tirou de mim, quero que ele sofra tanto quanto eu sofri, Andrew, quero que ele realmente implore de joelhos por piedade. Vou derrubar ele do trono dele diante de todos, destruir tudo que ele mais ama. — O loiro me encarou inexpressivo antes de segurar meu queixo com força para encarar totalmente meus olhos. Eu sorri levemente, mesmo que isso doesse os machucados na minha bochecha. — Ele está vivo, mas ele logo vai desejar estar morto, Andrew.

— E se a gente perder?

— Não vamos perder.

— Você está cada dia mais parecido com eles — comentou Andrew.

Eu supus que ele se referia aos colegas de equipe mais otimistas.

— Você vai ter que descobrir alguma coisa só sua para te manter em pé. Eu estou seguro, Kevin não precisa mais da sua proteção, Nicky vai acabar voltando para o Erik e Aaron tem a Katelyn. Qual vai ser o sentido de viver quando não for mais nosso cão de guarda?

— Aaron não tem a Katelyn.

— Ficar em negação não combina com você. Já falamos disso.

— Você falou. Eu não ouvi — retrucou Andrew.

— Escolhe a gente — pedi. Foi o suficiente para Andrew se calar, mesmo que só por um segundo, mas eu aproveitaria qualquer chance que tivesse. — Kevin vai retomar o lugar dele na seleção assim que se formar. Ele acha que, com tempo e prática, eu também consigo chegar lá. Vem com a gente. Vamos jogar todos juntos nas Olimpíadas um dia. Vamos ser implacáveis.

— Pensei que você não ficaria, que não era fixo. Agora você me pede para jogar com você nas Olimpíadas? — soltou meu queixo, se afastando lentamente de mim e eu apenas o observei, sem tentar me aproximar.

— E não foi você quem me pediu para ficar? Para deixar Kevin me tornar uma estrela? Estou fazendo o que você pediu, agora sou eu quem quer te propor algo, Minyard, um pedido como você me fez anteriormente. — Encarei seus olhos firmemente, meu olhar se prendendo nele antes que eu voltasse a falar. — Ache algo que valha a pena viver, não essas promessas estúpidas pelas quais você diz viver. Você não é o monstro que dizem, não é o vilão dessa história e não merece ser taxado como um e se sentir como um, você merece viver tanto quanto qualquer um. Então, pare de agir como se ter uma vida fosse um pecado que você cometeu, Andrew, e pare de arranjar desculpas para continuar vivendo.

Mentirosa Raposa - AndrielOnde histórias criam vida. Descubra agora