O caderno

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Saímos em dispara corredor a frente. Seguimos reto passando pela secretária e pelo refeitório. Nossos pés ao se chocarem contra o chão faziam um barulho ensurdecedor, mas continuamos em frente. Em nenhum segundo Scott largou a minha mão e sempre ficava no meu ritmo, me olhando de vez enquanto. Viramos a esquerda correndo, e tivemos um pouco de dificuldade, pois o chão estava molhado. David ao virar a curva rápido demais acabou enroscando um pé no outro e caindo de barriga no chão indo de arrasto alguns centímetros, Ary começou a rir, assim como eu e Scott, ela lhe deu a mão e ele logo se recuperou e voltou a correr.

- Para, para, para - Falou David freando bruscamente com os pés e os braços abertos ficando como uma estátua. Ary para e fica ao lado de David olhando para a porta vermelha onde havia uma pequena janelinha ao meio da porta onde se viam as carteiras e os alunos. Scott e eu paramos também. Estávamos respirando com dificuldade, apesar do caminho não ter sido longo, a pressa nos fez ficar um pouco agitados. Meu coração batia forte e eu estava com um pouco de calor da pequena corrida.

- E agora? - Pergunta Ary se virando para mim.

- Ué, entramos - Digo.

- Nessa aula não é tão fácil, essa é a aula da cuspe cuspe. Não é tão simples.

- Cuspe Cuspe? - Pergunto confusa entreolhando Scott e Ary.

- Vamos dizer que nessa sala é melhor você vir com um guarda-chuva ao invés do caderno.

- Entendi. - Risos.

- Acho que ela não chegou. - Sussurra David olhando pela pequena janelinha com as duas mãos apoiadas na porta. Ele se vira e nos olha com um olhar assustado.

- Vamos então, e rápido. - Diz Scott.

- David vai na frente - Ary fala olhando para David.

- Porque eu? - Ele pergunta olhando por cima do ombro com cara de assustado.

- Porque você é o David, lembre-se dos velhos tempos. - Ela nos olha com um sorriso dando um tapinha nas costas de David.

Velhos tempos? pensei. Jurava que eles nem se falavam.

- Pode soltar agora - Eu digo a Scott olhando para ele com um olhar amigável. Eu não quero soltar a mão de Scott, mas não queria correr o risco de Selena nos ver e eu acabar sendo motivo de mais encrenca. Não conseguiria pensar em Ary no chão de novo por minha causa.

- Você quer mesmo? - Ele me pergunta apertando a minha mão levemente.

Somente acenei com a cabeça e ele deu um pequeno sorriso, um pouco forçado, mas um sorriso sincero.

David abre a porta levemente, e os olharem se concentram em nós. Em fila indiana entramos na sala e depois ficamos lado a lado. Eu olhava para o fundo da sala, tentando não encarar ninguém na sala.

- Foi mais fácil do que pensei - David pensa auto e nos olha.

- Fácil Sr. Walker? - Uma voz a nossas costas faz David dar um salto ao levar o susto. Ele se vira e cerra os olhos. Olho por cima do ombro, Scott e Ary fazem o mesmo. Uma mulher que deveria ser a professora, nos encarava com os olhos em chamas, mas mesmo assim calmos, os braços cruzados dela e sua postura mostravam seu aborrecimento.

Volto a olhar David e ele passa a mão na cabeça e dá um sorrisinho. A sala entrou em risos e eu continuei do lado de Scott, ele de repente pega na minha mão, mas não me olha. Volto a olhar a sala e ao fundo estava Selena, ela me olha com os olhos furiosos e me mostra o dedo do meio. Meu sangue ferveu, mas continuei firme e mandei um beijinho para ela. Ela se enfureceu e levantou da carteira pisando firme, uma de suas jamantas que estavam uma de cada lado a segurou pela mão e a encarou. Ela me olhou com mais raiva ainda, mas voltou ao seu lugar.

Uma Coisa Chamada AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora