Scott

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( capítulo narrado pelo Scott )

Se me perguntassem aonde eu estaria agora, eu sinceramente não saberia dizer. Eu estaria por ai, em busca de pistas, de um paradeiro, de alguma coisa que me levasse até o meu pai.

A poucas semanas, recebi um telefonema do meu tio, o delegado de Boston. Parece que meu pai foi visto em câmeras de uma estação de ônibus. Ele me ligou imediatamente, e eu sem pensar duas vezes, pegaria o carro e iria atrás dele. Mas, ela apareceu. E essa busca acabou ficando como segunda prioridade.

Meu pai é esperto, vem fugindo aos anos, não seria tão fácil pega-lo, mas, eu prometi a minha mãe que ela teria justiça, que dessa vez ele teria o que merece, e ele terá.

Um pouco antes de eu completar meus dez anos de idade, meu pai chegou em casa bêbado. Esbarrou a porta da frente com toda a força, fazendo a casa tremer. Eu estava em meu quarto dormindo, mas fui acordado pelo barulho da porta.

Me levantei da cama jogando as cobertas no chão, grudando o ouvido na porta, tentando escutar o que se passava lá em baixo. Era normal meu pai chegar bêbado, mas aquela noite, ele fez novamente umas das piores coisas que já pode fazer na vida. Bater em minha mãe.

Eu pude ouvir o grito dela, e depois o som da garrafa sendo estilhaçada no chão. Meu pai gritando, e quebrando tudo. Minha mãe gritava "por favor pare". Mas ele não parava.

Então eu abri a porta devagar, andei pelo corredor em silencio, e desci as escadas, dando de cara com meu pai.

Aquele dia fica como flashes na minha cabeça, que de vez enquanto eles vem em sonhos, e eu acordo sempre com a cabeça explodindo.

Lembro-me dele abrindo a gaveta da cômoda que havia na sala, pouco antes da entrada da cozinha, me olhando com aquela cara de psicopata, pegando a arma calibre 38 do fundo da gaveta.

Lembro do arrepio que percorreu minha espinha. Nos olhos da minha mãe, o medo tomando conta, e dos meus também.

Ele levantou a arma e apontou para mim, e então eu congelei, dei um passo para trás, tropeçando no degrau da escada, caindo de bunda no chão, olhando fixamente para aquela arma apontada para a minha cabeça.

- Suba garoto! – Ele gritou. Enquanto eu tentava me levantar.

- Não faça isso Marcos – Pediu minha mãe, implorando de joelhos para ele. Os cabelos castanho-escuros dela estavam tampando todo o seu rosto, tornando impossível ver o seu rosto, mas sendo possível ver suas lagrimas caírem no chão.

O medo me tomou conta, mas tinha uma coisa mais forte que o medo que me dominava: a coragem e a vontade de salvar a vida da minha mãe. Eu não deixaria ela ali sozinha, eu sabia como terminaria.

- Cale a boca Zoe – Ele dá um berro e meus ouvidos zunem. Ele aponta agora a arma para a cabeça da minha mãe. Indo em sua direção, pegando seus cabelos e puxando com força, fazendo-a levantar a cabeça na direção dele.

Ela ainda de joelhos, clamava para que ele parasse, mas não parou. Então, sem pensar duas vezes, mesmo sabendo que meu pai era mais forte que eu, e que a vida da minha mãe estava em jogo, eu levantei o mais rápido que pude, e corria até ele. O empurrei o mais rápido que pude, e seu corpo se chocou conta a parede da cozinha, fazendo a cabeça dele bater com toda a força contra ela.

A arma cai da sua mão, assim como o seu corpo. Minha mãe rapidamente me pega pela mão e saímos correndo pela cozinha. Meus pés deslizam um pouco pelo acoalho da cozinha, mas continuamos correndo.

Corremos em direção a porta dos fundos. Que estava fechada. Minha mãe força a maçaneta, mas a porta não se move. Ela estava trancada.

Minha mãe grita da raiva, e corre até a gavetas de talheres, pegando uma faca de cabo branca, a maior que tínhamos, mas não era grande coisa.

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