Desventuras Parte 2

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Levanto-me pela manhã, tomo um banho, penteio meus cabelos lisos e ruivos, prendendo os em um coque, visto um vestido preto social, que usava nas aulas da faculdade, onde havia audiências fictícias. Fecho a porta da casa e peço um taxi, que me leva até o banco, onde me encontraria com o advogado. O encontro e o mesmo aperta minha mão, sorrindo de forma educada, não era um sorriso de alegria e nem tão pouco tristeza, era como o famoso sorriso de "dentes amarelos".

Gilberto: Olá Agatha, precisamos conversar com o gerente do banco, houve algumas complicações com as contas de seus pais.

Agatha: Como assim?

Gilberto: Venha comigo, por favor. - Sigo o mesmo até um elevador, onde subimos ao quinto andar e encontramos uma mulher com um sorriso amarelo, assim como o de Gilberto.

Gerente: Sinto muito por sua perda, senhorita Sullivan.

Agatha: Obrigada. - Confesso que já não suportava mais ouvir pêsames e sinto muito, tão pouco verdadeiros, era como se fosse algo padronizado e padrão nunca foi algo que apreciei.

Gerente: Venham comigo, poderemos conversar melhor em minha sala.
- Caminhamos até o fim do corredor, acompanhando a linda e fina senhora. Entramos em uma sala com paredes de vidro, mesas cinzas e prateleiras cheias de livros, para decoração, presumo eu.

Gilberto: Nos diga qual foi o problema, o meu cliente sempre cuidou muito bem de suas finanças.

Gerente: Não diria que o senhor está certo, já que a conta se encontra negativa.

Agatha: O que? Como assim? Meus pais são ricos, quer dizer...sempre vivemos uma boa vida.

Gilberto: Sim, ela está certa...nem mesmo eu estou entendendo toda essa situação. Nos explique mais.

Gerente: O senhor Robson Sullivan, retirou uma quantia de quinhentos mil reais de sua conta conjunta com a senhora Melissa Sullivan, no dia anterior a sua viagem.

Agatha: Por que ele retiraria toda essa quantia? Não devíamos nada.

Gerente: Vimos que Robson, precisou pagar uma grande dívida de jogo. Seus pais voltavam de um cassino, quando sofreram o acidente. - Minha cabeça começa a rodar, uma parte me dizia "Respira", outra gritava "Que caramba vamos fazer agora?!"

Agatha: Eu...eu nunca soube que meus pais apostavam, eles parecia tão...

Gilberto: Não se sinta mal, também estou sabendo agora, senhorita Agatha. - Fala sarcasticamente.

Gerente: Infelizmente, tem mais...

Agatha: É o que?! - Grito do nada, sem ter poder sobre minhas próprias reações.

Gilberto: Agatha, sente-se, por favor.
- Me sento novamente na cadeira, a mulher ainda me olhava assustada.

Agatha: Desculpe, continue, por favor.

Gerente: Há um tempo, a empresa de seu pai não tem conseguido pagar as contas e o senhor Robson colocou a casa como hipoteca.

Gilberto: Ele não conseguiu pagar o empréstimo?

Gerente: Infelizmente não.

Agatha: Quanto era o empréstimo, talvez eu possa tentar paga-lo.

Gerente: Bom...é trezentos mil.

Gilberto: Parece que não terei meus honorários pagos. - O Advogado diz e simplesmente me levanto, seguindo para longe dali.

Caminho até a funerária, eu havia chorado tanto, que nem mesmo fui capaz de derramar uma lágrima no velório de meus pais, que por caso só havia eu. Meus pais não pareciam ter muitos amigos e bom, parece que eu também não tinha. Enquanto observo os dois na sala, onde eram velados, uma senhora bem menor do que eu, não que eu fosse alta...já que tenho um e sessenta e nove, é incrível que quando me sinto triste, coisas como altura passam em minha cabeça.

QUANDO É A PESSOA CERTA!  Disponível DreameOnde histórias criam vida. Descubra agora